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CLÁSSICO!

Gratuito! Musical Hair ganha leitura baiana e ocupa palcos de Salvador

Montagem soteropolitana resgata o texto original de 1966 e cruza ideologia hippie, Tropicália e questões urgentes do Brasil atual

Eugênio Afonso

Por Eugênio Afonso

19/12/2025 - 16:12 h
Musical Hair ganhou uma nova versão soteropolitana
Musical Hair ganhou uma nova versão soteropolitana -

Clássico dos clássicos do movimento hippie – o fenômeno contracultural dos anos 1960 –, o musical Hair ganhou uma versão soteropolitana.

Com direção de Edvard Passos, o espetáculo, que está em cartaz no Teatro Martim Gonçalves até domingo, 21, sempre às 16h e 19h, com entrada gratuita (os ingressos começam a ser distribuídos uma hora antes), reúne um elenco formado por artistas, ainda estudantes, da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

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Em cena, uma tribo de jovens hippies cabeludos de Nova York vive a rebelião cultural dos anos 1960, e luta contra a guerra do Vietnã – já que um deles é convocado a se alistar –, defendendo amor livre, paz e liberdade. Eles tentam equilibrar suas vidas, indo de encontro ao conservadorismo dos pais e da sociedade estadunidense da época.

Desta vez, a equipe baiana optou por encenar um texto, considerado raro, escrito em 1966, ou seja, anterior às modificações que levaram Hair ao grande sucesso off-Broadway (1967) e posteriormente à Broadway (1968).

Edvard informa que este é um musical raiz. “Cru e ainda mais selvagem. Em geral, as pessoas conhecem uma versão atenuada de Hair. Na versão de 1966, a violência também está presente no interior da tribo, em especial a violência contra a mulher, que é a mais urgente pauta que discutimos no Brasil de hoje”.

Ele garante que o público vai se deparar com um Hair tropicalista que mistura as influências internacionais com as nossas. “Com transposições ousadas de referências históricas norte-americanas para a realidade baiana”.

É uma leitura quase inédita e muito mais próxima da primeira escrita da obra, com personagens e trajetórias diferentes daquelas popularizadas pelo filme e pelas inúmeras montagens tradicionais.

“O texto também tem mais espaço para o aprofundamento das personagens, que se apresentam mais complexas e humanas, adoráveis e falhas. Conhecer o Hair de 1966 nos ajudou muito a entender a genética das personagens, nos deu aprofundamento e consistência”, explica o diretor.

Haja baianidade

Tudo foi adaptado para a realidade baiana: dramaturgia, trilha sonora, construção dos personagens, trabalho corporal e todo o conceito cênico. A ideia é dialogar com o território, a cultura e os costumes locais.

“Era um trabalho necessário para manter o público conectado com a história, porque as referências específicas à cultura norte-americana, no texto original, eram muitíssimas e dificílimas de contextualizar”, explica Passos.

Então, há referências à Tropicália, Caetano, Gil, Bethânia, Novos Baianos, Raul Seixas, Glauber Rocha, blocos afro, Gerônimo Santana. “E haja Maria Quitéria, Maria Felipa, Dois de Julho, Malês, e mais do que isso já é spoiler”, diverte-se Edvard.

Com participação especial do diretor da Escola de Teatro, Cláudio Cajaíba, como ator convidado, a montagem promove uma mobilização interdisciplinar, reunindo as escolas de Teatro, Música, Dança e Arquitetura da Ufba. São 16 jovens artistas, na casa dos vinte e poucos anos, envolvidos no processo.

Cajaíba vive o Pai, um personagem arquetípico que representa, junto à Mãe, a geração anterior e antagonista ao movimento hippie. Ele conta que voltar aos palcos o revigora. “Há exatamente 30 anos eu estava fazendo minha estreia na Escola de Teatro, com essa idade que possui agora a maioria das pessoas do elenco”.

“Faço o contraponto, especialmente na cena que me apresento como diretor de uma escola conservadora. Há muita alegria em estar misturado a tanta energia de produtividade, tanto talento. Fui recebido com muito entusiasmo pela turma e espero devolver tudo isso em cena a quem vier conferir”, alinhava Cláudio.

Justiça e igualdade

Na pele de Sheila Franklin, uma universitária ativista, a estudante mineira de teatro Maribá Mendins, 28, conta que sua personagem tem relações tóxicas com alguns homens da tribo.

“O que evidencia a realidade muitas vezes ocultada quando falamos e pensamos no movimento hippie, principalmente em relação às mulheres: a violência, a falta de segurança, de respeito e o medo. Sheila traz as complexidades de ser uma mulher que luta pela liberdade em um mundo que naturaliza a morte”, detalha Mendins.

Para ela, a escolha do espetáculo perpassa por vozes e vontades coletivas da turma. “Por ser nossa formatura e também última disciplina, vimos a oportunidade de aprender um gênero que nossa grade curricular não oferece. Vimos também a oportunidade de falar sobre a luta dos hippies pela liberdade do corpo, da mente, das escolhas, pela paz, amor e direito à vida em um mundo onde ser enviado para a guerra é algo natural”.

Já para o sergipano Cícero Locijá, 23, intérprete do líder Jorge Berger, o propósito do musical é fomentar a ideia de uma sociedade mais livre. “Uma sociedade que pregue amor, paz, revolução, justiça, igualdade”.

“Berger representa o auge da liberdade, sabe? Eu acho que ele busca tanto essa liberdade que às vezes acaba pecando na responsabilidade. Mesmo na paz, ele comete um crime digno de quem está indo para a guerra. Então, é um personagem bem controverso, na verdade. Ele é meio que um vilão”, conclui Locijá.

Complementado a equipe, tem Meran Vargens na preparação de elenco, Ricardo Fagundes como preparador corporal, direção musical de Luciano Salvador Bahia, Marilza Oliveira na coreografia e Thiago Romero no figurino, além de tantos outros profissionais do teatro baiano.

Serviços

➡️ Musical Hair

▪️Data: 19, 20 e 21 de dezembro

▪️Horário: 16h e 19h

▪️Local: Teatro Martim Gonçalves (Escola de Teatro da Ufba, Canela)

▪️Entrada gratuita

▪️Classificação: 18 anos

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