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CULTURA

Iphan tomba templo de Jarê mais antigo do Brasil na Chapada Diamantina

Terreiro foi fundado em 1949 por Pedro Florêncio Bastos (Pedro de Laura)

Isabela Cardoso

Por Isabela Cardoso

27/11/2025 - 6:31 h
Terreiro Palácio de Ogum e Caboclo Sete-Serra
Terreiro Palácio de Ogum e Caboclo Sete-Serra -

Em um passo significativo para o reconhecimento da diversidade religiosa afro-brasileira, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou o tombamento federal do Terreiro Palácio de Ogum e Caboclo Sete-Serra, localizado em Lençóis, na Chapada Diamantina.

Considerado o templo de Jarê mais antigo ainda em funcionamento no Brasil, o tombamento, aprovado na 111ª reunião do Conselho no dia 26 de novembro, garante proteção permanente contra destruição e demolição, consolidando o local como um testemunho vivo da resistência e da criatividade das populações negras.

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“Trata-se de um bem cultural de excepcional valor histórico, simbólico e espiritual, cuja materialidade e ambiência expressam a permanência e a vitalidade de uma tradição afro-brasileira singular,” destacou Desiree Ramos Tozi, relatora do processo.

O presidente do Iphan, Leandro Grass, enfatizou a importância do ato como um "reparo histórico" e uma prioridade da gestão, ressaltando a complexidade e a riqueza da cultura de matriz africana na Bahia.

Jarê: o candomblé dos caboclos

O Jarê é uma prática religiosa singular nascida na Chapada Diamantina (Andaraí e Lençóis). Teve origem com mulheres nagôs, africanas escravizadas, que mesclaram seus rituais privados, realizados em iorubá (ou "falando cortado"), com o culto público e aberto aos caboclos (espíritos ligados aos indígenas), realizado em português. Com o tempo, as duas liturgias se uniram no mesmo espaço, dando origem ao Jarê como é conhecido hoje.

Fundado em 1949 por Pedro Florêncio Bastos (Pedro de Laura), o Terreiro é uma exceção à regra: tradicionalmente, um templo de Jarê é fechado após a morte de seu líder. No entanto, a pedido de Pedro de Laura, a casa foi mantida ativa pelos seus adeptos.

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Por isso, é frequentemente chamado de "casa de Pedro de Laura" ou "casa do Capivara", em referência ao rio próximo.

Natureza, espiritualidade e patrimônio

A relevância do Palácio de Ogum não se restringe à sua antiguidade. O processo de tombamento, iniciado em 2007 pelos próprios membros do terreiro, valorizou a forma como a arquitetura dialoga com o meio ambiente.

O terreno de cerca de 3.782 m² abriga o conjunto edificado, incluindo o pagodô (casa principal de cerimônias) e o espaço consagrado aos exus (caramanchão).

O local é cercado por vegetação nativa e árvores sagradas, como a gameleira, além de conter pedras e cursos d'água que integram o universo simbólico do Jarê.

Segundo o superintendente do Iphan na Bahia, Hermano Guanais, o tombamento traz um novo olhar para a Chapada Diamantina: "Valorizando muito mais do que paisagem e arquitetura, as práticas culturais que estão espraiadas naquele território".

Com a proteção federal, qualquer restauração ou modificação no terreiro só poderá ocorrer mediante autorização prévia do Iphan.

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