LUTO
Morre Deolindo Checcucci, referência do teatro baiano, aos 76 anos
Artista teve trajetória marcada por montagens autorais, atuação como educador e impacto na formação teatral na Bahia
Por Beatriz Santos

O teatro baiano perdeu um de seus nomes mais influentes. O diretor, dramaturgo e professor Deolindo Checcucci, 76, faleceu nessa segunda-feira, 4, segundo informações divulgadas por Gabriel Checcucci em publicação no Instagram.
“Nosso amado, Deolindo Checcucci, deixará saudades. Deo partiu na madrugada desta segunda-feira, 04/08/25. Foi tudo muito inesperado e estamos aguardando mais detalhes sobre seu falecimento", disse.
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"Neste momento, ainda não temos todas as informações do velório. Assim que houver definição sobre data, horário e local, divulgaremos por aqui. Agradecemos todo carinho, atenção e compreensão de todos”, completou Gabriel.
A causa da morte não foi informada até o momento.
Pioneirismo e influência na cena teatral baiana
Deolindo Checcucci iniciou sua trajetória artística em 1968, ao concluir o Curso de Formação do Ator na Escola de Teatro da UFBA, e logo passou a dirigir espetáculos na cidade de Feira de Santana. Ainda naquela década, começou a lecionar na universidade, com foco inicial em Teatro e Expressão Corporal.
Ao longo das décadas seguintes, dirigiu textos de autores como Eugène Ionesco, Maria Clara Machado, Fernando Pessoa, Haydil Linhares e Cleise Mendes, além de firmar-se como autor e encenador de textos próprios.
Seu trabalho é marcado por uma preocupação constante com a contemporaneidade, com produções que discutem o urbano, o social e as tensões entre o indivíduo e o coletivo.
Destacam-se montagens como Bocas do Inferno (1979), inspirado em Gregório de Mattos, Na Selva da Cidade (1996), de Bertolt Brecht, e O Voo da Asa Branca (2000), peça sobre Luiz Gonzaga que alcançou sucesso de público em todo o país.
Educação, crítica e ativismo cultural
Além dos palcos, Deolindo teve forte atuação como professor e gestor acadêmico na Escola de Teatro da UFBA, onde influenciou gerações de estudantes de Direção Teatral. Atuou como chefe de departamento, coordenador de colegiado e diretor da escola entre as décadas de 1980 e 2000.
Dirigiu espetáculos para o público infantojuvenil e foi responsável por introduzir inovações cênicas no teatro soteropolitano, como o uso de estruturas verticais e planos de ação diferenciados, resultado de estudos realizados nos Estados Unidos.
O artista deixa uma contribuição profunda à cultura baiana, tanto por suas obras quanto pela formação de novos profissionais das artes cênicas.
Nota de pesar da FGM
A Fundação Gregório de Mattos (FGM), por meio de suas redes sociais, também lamentou profundamente a perda de Checcucci. “Diretor, mestre e artista comprometido com a cultura, Deolindo deixa um legado marcante na história das artes cênicas da Bahia”, declarou a instituição.
Fernando Guerreiro, presidente da FGM, destacou: “Grande nome de nosso teatro, figura fundamental na construção de uma linguagem baiana nos palcos, Deolindo Checcucci partiu. Diretor de montagens históricas como Boca do Inferno, foi também um mestre dedicado e um ser humano atencioso e extremamente generoso. Vamos celebrar sua vida e obra.”
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