SETOR FLORESTAL
Empresa de celulose da Bahia capta 5,3 vezes mais carbono do que emite
Atualmente, a RPPN da Veracel tem 6 mil hectares de floresta de Mata Atlântica preservada
Por Carla Melo*

O setor florestal, focado na diversidade e em alternativas nas práticas de retenção de dióxido de carbono emitidos por suas próprias atividades, tem apostado cada vez mais na eficiência dessas práticas para zerar a emissão de carbono, que se torna a nova corrida do ouro climática.
Atualmente, a Veracel tem se destacado na captura de captura com a manutenção da área de conservação de 100.000 hectares de espécies de árvores nativas e de 100.000 hectares de restauração ambiental através da Maior Reserva Particular de Preservação da Mata Atlântica do Nordeste brasileiro (RPPN), localizado em Porto Seguro, sul da Bahia.
A fábrica de produção de fibras de celulose da Veracel e de uma cadeia produtiva caracterizada pela energia renovável e a reutilização de resíduos, é responsável pela emissão de 300.000 toneladas de carbono. Isso se torna destaque diante do que é capturado pelas reservas mantidas pela própria empresa.
“A Veracel tem 200.000 hectares de área. Ela emite somente 20% do que ela sequestra de CO2 da atmosfera - é em torno de 1.600.000 toneladas de carbono sequestrado da floresta, tanto pelo eucalipto quanto pelas áreas de restauração ou pelas próprias florestas que já estão estabelecidas, e emite aproximadamente 300.000 toneladas, ou seja, 1.600.000 de sequestro, 300.000 toneladas emitidas. No final, o nosso balanço é positivo”, disse Virgínia Camargos, gerente de meio ambiente da Veracel Celulose.
Fortalecimento do mercado de carbono
Visto como uma oportunidade até mesmo para empresas não regularizadas, o mercado de carbono tem atraído cada vez mais o setor florestal, com maior propósito de redução de custos. De acordo com pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 44% dos empresários industriais enxergam o novo marco legal do mercado regulado de carbono, previsto na Lei 15.042/2024, como uma oportunidade de negócio e inovação.
É através da venda de crédito de carbono que as empresas também podem compensar as emissões em outros locais. Essas discussões se intensificam com a aproximação da Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP 30), em que o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de 59% até 67%, em 2035, e a atingir a neutralidade climática em 2050.
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“Existem duas linhas: a primeira é você fazer restauração e essa restauração você sequestrando o CO2 da atmosfera, e mede esse incremento da floresta, sendo metade biomassa, a outra é carbono, e aí você consegue ter essa quantificação do que que você está removendo de carbono da atmosfera, ou então através do desmatamento evitado, que é o que a gente fala do REDD+”, explica Virgínia.
O REDD+ é uma forma de recompensa a países em desenvolvimento por seus resultados de Redução de Emissões de gases de efeito estufa provenientes do Desmatamento e da Degradação florestal, considerando o papel da conservação de estoques de carbono florestal, manejo sustentável de florestas e aumento de estoques de carbono florestal. Para a bióloga, entretanto, acaba sendo limitada à Amazônia.
“Infelizmente, o REDD+ ainda não acontece na Floresta Atlântica, em função da fragmentação dos ambientes, que ele precisa ser áreas muito maiores, e a Floresta Atlântica hoje, ela tem vários fragmentos menores”, continua ela.
RPPN da Veracel
Localizada nos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, no sul da Bahia, a Estação Veracel tem mais de 6 mil hectares de floresta de Mata Atlântica preservada, reconhecida pela UNESCO como Sítio do Patrimônio Mundial Natural.
Dentro da reserva, a Veracel é responsável pela manutenção e monitoramento de aves, mamíferos e espécies nativas. Os 6 mil hectares também conta com a preservação de 115 nascentes.
*Repórter viajou ao Sul da Bahia a convite da ABAF
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