ECONOMIA
Estudo aponta que pobres pagam três vezes mais impostos do que super-ricos
Estudo de ONG aponta que a estrutura tributária do país penaliza, em sua maioria, pessoas negras
Por Gabriela Araújo e Redação

A taxação dos super-ricos ganhou apelo popular, seja nas redes sociais ou nas ruas. Isso porque existe um entendimento de que é esta parcela da população que paga menos impostos em comparação com os pobres.
A compreensão é confirmada pela Oxfam Brasil, organização britânica que atua no combate à desigualdade, por meio do estudo “Arqueologia da Regressividade Tributária no Brasil”. A publicação revela que os mais pobres pagam três vezes mais tributos do que os super-ricos.
“Em média, 70% da renda de uma pessoa mais pobre está envolvida no consumo de bens e serviços. Então, proporcionalmente, essa pessoa vai pagar mais impostos do que os mais ricos”, explica a diretora executiva da organização, Viviana Santiago.
E completa: “Essa é uma das questões mais importantes porque a carga tributária que incide sobre a população no Brasil não é a mesma”.
Nesse sentido, o estudo revela que 0,1% mais ricos no Brasil destinam 10% da renda a tributos. Já os 10% mais pobres comprometem 32% do que recebem.
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A pesquisa, que também foi acessada pelo Portal A TARDE, foi apresentada à Câmara dos Deputados nesta quinta-feira, 10, na Frente Parlamentar Mista pelo Combate às Desigualdades.
Desigualdades
O estudo aponta que as mudanças no sistema tributário é um dos pontos cruciais para o combate à desigualdade racial e social no país. Um dos motivos elucidados pela organização leva em conta a concentração financeira dessas pessoas.
Os super-ricos, de acordo com o levantamento, representam 0,15% da população brasileira que concentra R$ 1,1 trilhão da renda bruta do país, o equivalente a 14,1% de toda a renda nacional.
O valor, por sua vez, supera a soma dos rendimentos da metade mais pobre da população, que detém menos de 12% do total, segundo os dados expostos pela Oxfam Brasil.
Perfil dos super-ricos x dos mais pobres
A maioria das pessoas que compõem o grupo dos super-ricos são homens brancos. Em percentual, o número chega a 81%.
Enquanto o público mais pobre, em sua maioria, é formado por 19% mulheres e apenas 20% pessoas negras ou pardas. Sendo as mulheres negras que lideram a chefia dos lares.
O que é a taxação de super-ricos?
O governo Lula tem adotado uma postura consistente e de tom progressista em relação à taxação dos super-ricos no Brasil, com foco em justiça fiscal e combate à desigualdade.
No plano doméstico, o Ministério da Fazenda, liderado por Fernando Haddad, apresentou medidas que incluem a criação de um imposto de renda mínimo para indivíduos com renda acima de R$ 600 mil/ano, chegando a até 10% para os que ganham mais de R$ 1,2 milhão, além da taxação de 10% sobre dividendos distribuídos a grandes investidores.

Essas mudanças visam gerar receitas para compensar a expansão da faixa de isenção do IR para trabalhadores de baixa renda, promovendo equilíbrio fiscal sem aumentar a carga sobre a classe média.
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