EM ALTA
Ouro tem maior alta em 46 anos e renova recorde histórico em 2025
Metal revive euforia de 1979, impulsionado por tensões comerciais no governo Trump

Por Rodrigo Tardio

O ouro reafirmou em 2025 a posição como o "porto seguro" supremo do mercado financeiro global. Caminhando para o fechamento do ano, o metal precioso acumula uma alta de quase 71% nos contratos futuros negociados em Nova York — o melhor desempenho anual registrado desde 1979.
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Na última quarta-feira, 24, o ativo atingiu a marca histórica de US$ 4,5 mil por onça-troy, superando com folga o rendimento de índices acionários tradicionais como o S&P 500, que avançou 18% no período.
Paralelos históricos
O atual rali do metal evoca memórias de 46 anos atrás. Em 1979, sob a gestão de Jimmy Carter, os EUA enfrentavam inflação alta e crise energética, enquanto o mundo assistia à Revolução Iraniana. Quase meio século depois, o motor da alta é novamente a incerteza geopolítica. As tarifas impostas pelo governo de Donald Trump contra parceiros comerciais, especialmente a China, reacenderam o temor de uma guerra comercial de proporções globais.
O cenário é agravado pela longevidade da guerra entre Rússia e Ucrânia e pela escalada das tensões entre EUA e Venezuela, além dos recentes confrontos diretos entre Israel e Irã.
Fator monetário
Além do medo, a economia matemática favorece o metal. O Federal Reserve (Fed) iniciou um ciclo de afrouxamento monetário, reduzindo os juros pela terceira vez consecutiva em dezembro para o patamar de 3,5% a 3,75%. Como o ouro é um ativo que não paga dividendos ou juros, ele se torna mais competitivo quando as taxas das aplicações de renda fixa caem.
Soma-se a isso o "comércio da desvalorização": uma fuga das moedas fiduciárias tradicionais em direção a ativos escassos, como ouro, prata e criptomoedas.
Corrida dos Bancos Centrais
Um dos pilares da sustentação dos preços tem sido a atuação dos bancos centrais, com destaque para o Banco do Povo da China (PBoC). Desde a invasão da Ucrânia em 2022 e o subsequente congelamento de reservas russas pelo Ocidente, governos têm buscado diversificar suas reservas para longe do dólar e dos títulos do Tesouro americano.
De acordo com o Conselho Mundial do Ouro, as autoridades monetárias globais compraram mais de mil toneladas de ouro anualmente nos últimos três anos — o dobro da média registrada na década anterior.
Perspectivas
O otimismo não parece ter atingido o teto. Instituições como o JPMorgan já projetam que a cotação ultrapasse os US$ 5 mil por onça-troy em 2026. O movimento de alta contaminou todo o setor de metais preciosos: em 2025, a prata disparou 146%, a platina subiu 150% e o paládio acumulou ganhos de 100%.
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