ECONOMIA
Seis em cada 10 brasileiros são únicos responsáveis pelas contas domésticas
Despesas essenciais como energia elétrica, água e celular absorvem a maior parte do orçamento familiar
Por Daniel Araújo*
Uma pesquisa realizada pelo Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box revela que pouco mais da metade dos brasileiros são os únicos responsáveis pelo pagamento das contas em suas residências. O estudo mostra que despesas essenciais, como energia, água e celular, absorvem a maior parte do orçamento familiar. Para a realização do estudo foram ouvidas 3.386 pessoas entre os dias 16 e 27 de maio de 2024.
As principais contas são pagas por um único membro em 63% dos lares e ainda de acordo com a pesquisa, a responsabilidade pelas despesas essenciais é dividida em apenas 37%. A consultora financeira Carine Oliveira explica os possíveis riscos dessa responsabilidade individual. “A concentração das obrigações em uma única pessoa gera fragilidade no planejamento financeiro a longo prazo, há maior vulnerabilidade a crises econômicas pessoais, como a perda de emprego ou uma doença grave, o que pode desestruturar todo o planejamento familiar”.
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O servidor público federal Marcos Pinto faz parte dessa estatística, pagando as despesas de sua casa, onde mora com sua esposa e filha. “Hoje além de minha esposa e filha dou apoio financeiro para minha mãe idosa. O custo de vida hoje é muito alto, no momento apenas as contas básicas levam quase 90% do salário. Assim o lazer é limitado, faz falta outra pessoa ajudando nas contas”, comenta.
O impacto desses gastos é ainda maior nas famílias de baixa renda. “As classes menos favorecidas, que recebem menos, vão sofrer mais com qualquer mudança na faixa de renda. Então, se há uma inflação maior nos alimentos ou no transporte, ou como agora aconteceu no aumento da energia com a questão da bandeira, pesa mais no orçamento”, afirma o economista Edval Landulfo
Equilíbrio
Essas despesas altas têm impacto significativo na qualidade de vida e no equilíbrio financeiro das famílias brasileiras, além de contribuírem com o crescimento de dívidas. “Com despesas altas, as necessidades básicas são afetadas. Esse estresse financeiro pode impactar negativamente na saúde mental da família, afetando até a sua produtividade e também gerando a contração de dívidas, com altas taxas de juros, para cobrir as despesas imediatas, o que dificulta a construção de um futuro financeiro sólido”, afirma Carine.
A influenciadora digital Dionísia Paiva vive apenas com seu filho João Benício, de 1 ano e 7 meses, e é responsável por todas as despesas dos dois e da casa. “Vivemos no limite da renda. Tudo que ganho é para as necessidades básicas. Sendo mãe de um bebê é preciso produzir mais e ter mais contratos para proporcionar conforto e lazer para ele”, relata a influenciadora que tem como maior despesa seu aluguel.
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Para Edval Landulfo, a participação de todos os membros da família ou moradores da casa no planejamento financeiro é muito importante para uma organização melhor dos recursos. “O que precisa acontecer é que o planejamento familiar seja elaborado com a participação de todos, mesmo que não tenham renda”, defende o economista, que complementa. “Então, esse planejamento é muito importante para que as famílias não caiam no endividamento ou pratiquem algo que vá causar o comprometimento da renda familiar”.
Outra estratégia importante é estar atento ao uso consciente de luz e água, que são duas das principais despesas segundo a pesquisa. “Existem algumas táticas interessantes como trocar lâmpadas convencionais para LEDs, desligar aparelhos eletrônicos quando não estiverem em uso, fazer manutenção hidráulica e elétrica para evitar fugas e desperdícios e analisar planos celulares e as reais necessidades de obter serviços que não utiliza com frequência”, aconselha Carine Oliveira.
Analisar a necessidade de certos gastos é o que aconselha também Edval, para diferenciar um gasto útil de outro supérfluo. “O ideal sempre é entender dentro de um domicílio o que é uma necessidade e o que é um desejo, essa mudança de concepção precisa ser entendida para que as pessoas não gastem dinheiro de forma desnecessária e adotem sempre posturas que venham a reduzir ao máximo o que não está sendo utilizado para gastar em algo que realmente vai valer a pena”, afirma o economista.
* Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló
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