ECONOMIA
Tradicional rede de pizzarias fecha 90 lojas e declara falência
Rede de pizzas personalizadas pede recuperação judicial

Por Iarla Queiroz

A Pieology, rede norte-americana de pizzarias especializada em pizzas personalizadas, entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos após fechar aproximadamente 90 lojas. Fundada em 2011, na Califórnia, a marca já chegou a operar cerca de 130 unidades e se destacou ao adotar um modelo inspirado no fast-casual, que rendeu o apelido de “Chipotle da pizza”.
Em 2025, porém, a realidade é bem diferente: restam cerca de 40 restaurantes em funcionamento, em meio a um processo de reestruturação marcado por dívidas elevadas e retração da operação.
Como funcionava o modelo da “pizza sob medida”
O principal atrativo da Pieology sempre foi a personalização. O cliente escolhia todos os elementos da pizza — massa, molhos, queijos, proteínas e vegetais — diretamente no balcão, com preparo rápido em fornos de alta temperatura.
A proposta posicionou a marca no segmento fast-casual, combinando rapidez com a sensação de uma refeição feita sob medida. O cardápio incluía opções sem glúten, alternativas veganas e uma ampla variedade de ingredientes, com preços médios entre US$ 9 e US$ 20 por pizza.
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Dívidas, fechamento de lojas e o Capítulo 11
O pedido de recuperação judicial foi protocolado pela controladora The Little Brown Box Pizza, em um tribunal da Califórnia, sob o Capítulo 11 da lei de falências dos EUA. O mecanismo permite que a empresa siga operando enquanto tenta renegociar dívidas.
De acordo com os documentos do processo, os passivos variam entre US$ 1 milhão e US$ 10 milhões, enquanto os ativos declarados ficam entre US$ 100 mil e US$ 500 mil. A empresa também lista mais de 200 credores.
A maior concentração das unidades restantes está na Califórnia, com algumas lojas ainda abertas em estados como Texas, Flórida, Havaí e em Porto Rico.
Mudanças na gestão e investimento que não segurou a crise
O ex-CEO Shawn Thompson, contratado em 2022 com a missão de impulsionar a expansão da rede, deixou o cargo em 2024. Atualmente, nenhum dos sócios possui mais de 10% de participação na empresa, o que dificulta medir o impacto direto de investimentos externos, incluindo o aporte associado ao jogador Kevin Durant.
Mesmo com visibilidade e capital, a rede não conseguiu sustentar o crescimento diante do cenário adverso.
O que a queda da Pieology revela sobre o fast-casual
A crise da Pieology reflete desafios enfrentados por diversas redes fast-casual nos Estados Unidos. A alta nos custos de insumos, o aumento dos salários e a dificuldade de manter equipes operando em ritmo acelerado pressionaram o modelo.
Ao mesmo tempo, consumidores passaram a reduzir gastos fora de casa, buscando alternativas mais baratas, delivery econômico ou refeições preparadas no próprio lar. Esse contexto tornou modelos dependentes de atendimento intensivo e operação em balcão ainda mais vulneráveis.
O futuro da marca após a recuperação judicial
Com o processo em andamento, a Pieology pode seguir diferentes caminhos: renegociação de dívidas, venda de ativos, novo fechamento de lojas ou reformulação do modelo de negócio. Entre as possibilidades estão maior uso de tecnologia, programas de fidelidade e ajustes no cardápio para atrair consumidores sensíveis a preço e custo-benefício.
O caso da Pieology serve como alerta para o setor: crescer rápido não garante sustentabilidade em um mercado cada vez mais competitivo e volátil.
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