ENTREVISTAS
Presidente da Fieb: "Precisamos modernizar a indústria atual e criar uma nova"
Energia renovável, mineração e tecnologia: onde a Bahia pode crescer e onde ainda falha

Por Divo Araújo

A indústria brasileira voltou a ganhar protagonismo, e a Bahia pode se destacar nesse movimento. Em entrevista exclusiva ao A TARDE, opresidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Carlos Henrique Passos, explica como o setor industrial passou a ser visto como estratégico para o desenvolvimento do país.
“Com a pandemia da Covid, o mundo passou a entender que a indústria tem valores que vão além do que estava sendo percebido, e no Brasil não foi diferente”, afirmou o dirigente, reeleito recentemente para comandar a Fieb até 2030. Até lá, muitas mudanças devem ocorrer, e a indústria baiana precisa estar preparada para esse novo cenário.
Durante a conversa, Passos ressalta que os principais desafios da Bahia envolvem infraestrutura e qualificação profissional. “A infraestrutura de ferrovias, rodovias e energia, além da educação, são pilares extremamente importantes para o desenvolvimento econômico e industrial do estado”, destacou. Saiba mais na entrevista a seguir.
O senhor foi reeleito para a presidência da Fieb e seguirá no cargo até março de 2030. Vivemos um período de mudanças aceleradas — impulsionadas pela inteligência artificial e pela transição energética. Como o senhor enxerga o futuro da indústria nos próximos anos e de que forma a Fieb está se preparando?
A indústria saiu de um período em que predominava a ideia — no Brasil e no mundo — de que o desenvolvimento econômico levaria, naturalmente, à substituição do setor industrial pelo de serviços. E aí veio a pandemia da Covid e o mundo passou a entender que a indústria tem valores que vão além daquilo que estava sendo percebido. Valores associados à segurança nacional, por exemplo. A pandemia mostrou ao mundo que nós tínhamos problemas, por exemplo, de produção de máscaras, de aspiradores, de luvas, de medicamentos. A partir daí, a indústria passou a ser vista como um valor estratégico para um país. Hoje, estamos vendo esse conflito tarifário trazido pelo presidente americano, Donald Trump. Claro que ninguém valoriza a forma como ele está fazendo, mas, por trás desse tarifaço, há a busca por resgatar a importância da indústria nos Estados Unidos. Isso paulatinamente vai chegando a todos os países e para o Brasil também chegou.
Nós tivemos a recriação do Ministério da Indústria e Comércio. Hoje, nós temos a política da Nova Indústria Brasil, que visa resgatar o papel do setor dentro da economia brasileira. E de uma forma mais associada a esse papel estratégico que falei. Temos como missão, por exemplo, fortalecer o encadeamento produtivo da agroindústria, para que o Brasil possa, de fato, criar uma cadeia de valor no agro e não ficar exportando apenas commodities. Temos visto isso também na área de mineração. Hoje se busca não só a extração mineral, mas a industrialização de todo processo. Temos o complexo econômico da saúde, que também faz parte da missão da Nova Indústria Brasil. É outra indústria que precisa ser fortalecida. Não só a indústria dos fármacos, mas também a dos equipamentos, das próteses. E temos algumas questões transversais importantes, que são a transição energética e a transformação digital.
Precisamos digitalizar os processos industriais e, ao mesmo tempo, ancorar as indústrias dentro de uma matriz energética limpa que tire do setor a responsabilidade da emissão de carbono e suas consequências para o planeta. Esses desafios todos já constituem uma pauta bastante intensa e extensa para a indústria de uma forma geral e para a Federação das Indústrias da Bahia, junto com as entidades que fazem parte do sistema. Precisamos não só ajudar a criar essa nova indústria, mas também apoiar a indústria atual a se modernizar.
O senhor comentou sobre a transição energética. Considerando que a Bahia possui um dos maiores potenciais do país em energia solar e eólica, de que forma essa vantagem pode impulsionar a industrialização do estado?
Vejo dois desafios nessa questão da energia. Um é o de melhorar a eficiência energética das indústrias, substituindo a energia cinza por energia verde. O outro é propiciar que a indústria de energia não perca sua capacidade de investir e gerar negócios. A Bahia é uma grande fonte de energia renovável, seja eólica, solar, de biomassa, da energia hidráulica. Mas a Bahia sente essa situação antagônica que existe dentro do sistema elétrico brasileiro. De, ao mesmo tempo, ter uma energia com preço muito elevado e ser um grande gerador de energia. A Bahia é o maior gerador de energia eólica no Brasil. É o segundo em energia solar, com capacidade de chegar a primeiro. Mas tem recebido o recado que não deve crescer mais porque não tem como absorver essa produção.
Eu penso que a energia é, dentro dos instrumentos de política industrial, um dos mais importantes. Importante porque, de fato, ela tem capacidade de atrair novas indústrias. Mas temos aqui lacunas no nosso sistema de produção. Por exemplo, na área da mineração, seja na área de siderurgia, do alumínio, do cobre, do ouro. A industrialização da mineração na Bahia pode estar mais associada ao consumo de energia renovável. Nós temos também a questão dos data centers, que podem ser um grande consumidor de energia. Nós temos o hidrogênio verde, que saiu um pouco agora das discussões, porque ainda não se chegou à equação de preço para que possa ser absorvido dentro do sistema produtivo.
Mas vai chegar, e a Bahia tem capacidade de gerar hidrogênio verde a partir da água. Nós temos áreas novas com capacidade de criar o encadeamento produtivo, como no oeste da Bahia, como no extremo sul, que dependem muita de energia. Portanto, energia é um tema, que dentro do sistema Fieb, é muito importante. Nós temos clareza que o Brasil ainda consome pouca energia se comparada às nações mais desenvolvidas. Para superar isso, precisamos encontrar os caminhos para atrair indústrias de uso intensivo de energia. Tendo como diferencial oferecer energia renovável a essas indústrias.
O senhor sempre destaca que a atração de empresas depende de três pilares — infraestrutura, qualificação profissional e um mercado interno forte. Quais são hoje os principais desafios da Bahia nessas três frentes e o que precisa avançar para que o estado se torne mais competitivo?
Vou enfatizar os dois primeiros pilares e, depois, explico a razão. Primeiro, nós precisamos trazer para a Bahia a infraestrutura que ajude a economia a crescer. Falo da infraestrutura de forma bastante ampla. Nós temos, por exemplo, o sistema ferroviário, que é importante para a indústria porque é o transporte adequado para as médias e longas distâncias. E a Bahia é um estado grande. Ele se comunica com praticamente todo o Brasil, do Nordeste ao Sudeste, do Centro-Oeste ao Norte. Todo esse conjunto de regiões se comunica e passa muitas vezes por dentro da Bahia. Por isso, a Bahia precisa concretizar o resgate do sistema ferroviário no seu território.
Nós temos duas lutas muito claras. A primeira é a questão da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). Há um endereçamento atual correto, mas ele precisa se materializar em execução. A Fiol é a ferrovia que vai ligar o leste da Bahia, que é o litoral, basicamente em Ilhéus, ao Centro-Oeste brasileiro, já que agora foi definido pelo governo federal a interligação da Fiol com a Fico, que é a Ferrovia de Interligação Centro-Oeste. O que é preciso fazer para acontecer? Bom, precisamos resolver o problema da Fiol 1. A Fiol 1 é uma obra executada em grande parte com recursos federais. Foi feita uma concessão para a Bamin (empresa do setor mineral) explorar o trecho da ferrovia no modelo PPP (Parceria público-privada). Mas a Bamin não terminou a obra. Fez alguns investimentos, mas não concluiu e hoje é uma concessão inadimplente com o Estado brasileiro. Precisamos que o governo federal exerça o papel da rescisão contratual para buscar um novo parceiro ou voltar a tratar isso como obra pública federal.
Tem também a Fiol 2, que está sendo executada como obra pública federal, e liga a Fiol 1 até Barreiras. Vai ser preciso concluir esta obra. Mas se concluir a Fiol 2 sem solução da Fiol 1, infelizmente não vai dar a funcionalidade. E temos agora a Fiol 3, que é esse trecho que liga a Correntina, a Fico e a Norte- Sul. É um sistema extremamente importante, mas a Bahia precisa correr com isso. Porque os outros estados vão dando soluções para as cargas que poderiam ser objeto do transporte pela Fiol. Daqui a pouco encontra outras soluções para os portos do Maranhão, para os portos do Ceará, para os portos do São Paulo, do Paraná, do Espírito Santo. E aí, quem sabe, a Bahia chegue atrasado nessa questão concorrencial de ter essa ferrovia como um grande eixo da ligação Leste-Oeste do Brasil.
Leia Também:
Tem a questão ainda da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA)...
A Ferrovia Centro-Atlântica, que atravessa a Bahia no sentido norte-sul, ligava a Bahia ao estado de Pernambuco, liga a Bahia ao estado de Minas Gerais, e que depois de uma luta da sociedade baiana, nós conseguimos que o processo de renovação da concessão contemplasse os trechos da Bahia. A proposta inicial da operadora era excluir a Bahia dessa renovação. Mas esse processo ainda não foi concluído, está em análise da ANTT e do TCU para poder ter a renovação. É nós precisamos ter a clareza dos investimentos que serão necessários para melhorar a funcionalidade dessa ferrovia, que já foi uma das melhores ferrovias do Brasil. Mas precisa de atualização, precisa de renovação, precisa de retificação de curvas, de rampas, de traçados, para melhorar a sua segurança e a sua velocidade. Então, no sistema ferroviário da Bahia, esses dois eixos, norte-sul e leste-oeste, são extremamente importantes. Daí para frente, podemos discutir outros trechos adjacentes a esses dois trechos. Mas sem os dois eixos, nós não avançamos.
Nesta questão de infraestrutura temos muitos problemas também no sistema rodoviário...
Nós temos aí também uma pauta grande, porque nossas rodovias federais, infelizmente, não foram objeto de concessão, e por conta disso, sofrem com a qualidade. Temos aí a BR-324 e a BR-116, com um processo de concessão concluído, para ter um novo operador, para garantir os investimentos que liguem Salvador até Minas Gerais. Nós temos a BR-101, que precisa ter uma solução. Até aqui não foi apresentada uma solução que contemple essa rodovia muito importante. Temos a BR-242, que também tem um papel importante na integração do oeste baiano, principalmente pela ausência da ferrovia. Temos aí a hidrovia do São Francisco também nessa área de infraestrutura. Enfim, rodovia e ferrovia são nossos dois gargalos mais intensos. E o terceiro gargalo é a energia, que já conversamos. Nós precisamos melhorar o suprimento de energia em algumas regiões que têm crescimento além da média do Brasil, como o oeste e o extremo sul baiano. Nós temos a questão de água e esgoto. Precisamos ter uma solução que possa acompanhar o crescimento demográfico do Estado, oferecendo água e esgotamento sanitário. A infraestrutura é um pilar extremamente importante para o desenvolvimento econômico e industrial do estado.
E aí vem o segundo pilar que o senhor trata muito que é a qualificação das pessoas...
Precisamos tirar a Bahia do lugar que ela está nos diversos ranqueamentos de educação divulgados pelo governo federal e por entidades privadas. Precisamos de movimentos, como o próprio Jornal A TARDE vem fazendo, para fortalecer a educação. Nós estamos procurando valorizar a educação também dentro da Fieb. Criamos agora um movimento pela educação, focado na alfabetização da criança na idade certa. Nós precisamos desse movimento. Eu acredito que as forças internas da Bahia - sejam de pessoas, de recursos, de conhecimento - elas podem, sim, levar o estado para um nível de educação mais adequado. E lá na ponta vamos ter melhores qualificações profissionais, melhor desenvolvimento da ciência, da pesquisa e da inovação. E aí consigo atender o terceiro pilar, que é o mercado, que para mim é consequência. Se eu tiver infraestrutura adequada, se tiver pessoas com nível educacional adequado, nós vamos ter um mercado com capacidade de consumo muito maior do que temos hoje.
A Reforma Tributária tem gerado preocupação entre empresas instaladas no Nordeste, especialmente diante do fim programado dos incentivos fiscais e do risco de migração para o Sudeste. Como o senhor avalia esse cenário e que estratégias a Bahia deve adotar para manter — e atrair — investimentos?
Na verdade, o fim do benefício fiscal não foi estabelecido pela Reforma Tributária. Já havia sido estabelecido pelo Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária ) para que em 2032 isso fosse extinguido. A Reforma Tributária apenas materializa isso. Ela também traz um Fundo de Desenvolvimento Regional para que os estados tenham instrumentos de atração de investimento. Ou através de subvenções, ou de infraestrutura. Eu entendo que a indústria não pode depender somente do benefício tributário. A região Nordeste já goza de um diferencial de tributação federal e redução de imposto de renda, que outras regiões não têm. Como nós temos esse benefício constitucional que pode, sim, ser uma porta de entrada de investimentos. Mas precisamos mudar a nossa cabeça na atração de investimentos. Porque ao longo da existência da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), por exemplo, muitos investimentos chegaram e saíram depois que gozaram dos benefícios.
Nós temos que encontrar o caminho certo para atrair empresas pelas riquezas que podemos oferecer. Para fazer isso de forma perene, as melhores soluções, como já mencionei, estão no oferecimento de infraestrutura adequada e buscar um nível de qualificação de pessoas, que hoje é uma escassez também. Precisamos focar na educação, na capacitação profissional, na formação de quadros para o desenvolvimento de pesquisa e inovação. Nós temos dentro do sistema Fieb a Universidade Cimatec, que vem se consolidando como um grande centro de desenvolvimento de tecnologia. Ele já é um diferencial de atratividade. Mas precisamos fazer isso numa escala muito maior. Para que as pessoas, de fato, não só venham fazer pesquisa e desenvolvimento aqui, mas venham também instalar as unidades industriais por causa da tecnologia desenvolvida aqui. Essa é a solução.
O Brasil já acordou que a guerra fiscal entre os estados não é o caminho para atração dos investimentos. Agora, precisamos entender como nós podemos ser diferentes. Nós temos uma riqueza natural - água, energia, solo, nós temos um agro pujante. Temos que entender como fortalecer essas riquezas naturais para que os investimentos cheguem.
A Universidade Senai-Cimatec lançou o Instituto de Estudos Avançados, dedicado à pesquisa interdisciplinar sobre transformação digital e sustentabilidade, e a nova Business School. Como essas iniciativas reforçam a estratégia da Fieb para posicionar a Bahia na fronteira da inovação?
A Universidade Cimatec foi reconhecida pelo Ministério da Educação, no final de 2024. E ela foi reconhecida porque já existia, enquanto um centro universitário que contempla cursos de graduação em engenharia, e arquitetura, na área de informática, que faz cursos de mestrados, doutorados, que tem projetos de pesquisas aplicados à indústria. Hoje é o maior centro de desenvolvimento de pesquisa da indústria do Brasil, superando o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) de São Paulo. O conjunto do Senai-Cimatec, como formação profissional, como desenvolvimento de pesquisa e inovação, já estava bastante reconhecido, mas ele pode ser maior. Nós sabemos que uma das lacunas que temos é a formação de lideranças empresariais. Daí criou-se a escola de negócios, o Business School, que nada mais é do que a busca de desenvolver a área da governança aqui na Bahia, para apoiar a parte mais técnica, que já estava bem consolidada.
Temos uma expectativa muito grande com a abertura dessa escola de buscar ajudar ainda mais a economia da Bahia, não só na formação técnica de economia e administração, mas na formação de lideranças para que possamos contribuir no desenvolvimento de empresas, empresas também de baianos. Esse é um ponto importante. O presidente da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), Ricardo Alban, vem destacando a necessidade de fortalecermos o desenvolvimento de empresas da Bahia. Para que possam gerar mais valor naquilo que é produzido na Bahia, dentro da Bahia. A escola de negócios tem esse objetivo. Já o Instituto de Estudos Avançados é um modelo universitário voltado a desenvolver pesquisas sobre temas relevantes em cada período para o mundo acadêmico. Mas o que diferencia o Cimatec da maioria das universidades brasileiras é justamente essa abordagem: produzir conhecimento e, ao mesmo tempo, buscar sua aplicação prática no setor produtivo e na economia.
Quais os temas devem ser priorizados nesse início do Instituto de Estudos Avançados?
Neste primeiro ano vamos estudar a computação quântica, que é um novo viés do desenvolvimento da computação. É um ambiente muito mais complexo a todas essas demandas que a digitalização traz para a sociedade de uma forma geral. E quando vencido e concluído esse trabalho vamos prestar contas, mostrando o que esse estudo concluiu e o que devemos fazer para o aproveitá-lo. O Cimatec foi escolhido pelo governo federal para o desenvolvimento dessa competência. Nós temos lá um núcleo de pessoas que estudam e buscam conhecimento da computação quântica para aplicá-la em favor do governo, das empresas e especialmente das indústrias. Quando vencermos isso, vamos escolher outro tema que tem muito a ver com a nossa economia. E a cada ano esse instituto vai trazendo mais valor para todo mundo de nós.
A Bahia conta hoje com duas grandes empresas estratégicas: a BYD, que chegou mais recentemente e estuda instalar uma fábrica de baterias no estado, e a Acelem, que há mais tempo atua aqui e busca avançar na implantação de uma biorrefinaria de grande porte. Qual é o impacto dessas duas companhias e o potencial desses novos empreendimentos para o desenvolvimento da Bahia?
Você citou aí duas empresas que são importantes, porque tratam de dois temas igualmente importantes. Um deles é a questão da eletromobilidade. É o novo dentro da indústria automotiva. A questão da bateria, além do uso na indústria automotiva, tem também outros usos que nós estamos trabalhando lá dentro do Cimatec. Ele pode ser usado para o armazenamento de energia renovável para uso em períodos de não geração. Ou de equilibrar e buscar dar maior qualidade à energia elétrica da forma que é distribuída hoje. E o outro da Acelem, que é o biodiesel. É um projeto importante, no caso da Acelem, mas a Bahia já tem outros exemplos importantes na área de biocombustível. Nós estamos com uma fábrica em execução, que deve ser inaugurada agora em 2026 em Luís Eduardo, que é a Empasa, na produção de etanol, que também é biocombustível. Então, é outra área da energia que a Bahia vem se destacando, além da questão da energia elétrica renovável. A produção também de energia derivada do ambiente vegetal, que no futuro certamente vai ajudar muito na questão da emissão de carbono.
O senhor tem destacado que interiorizar a Fieb significa, na prática, interiorizar a própria indústria. De que forma essa expansão para o interior fortalece a formação profissional e estimula o desenvolvimento industrial no interior do estado?
Essa realmente é uma das ações estratégicas da Fieb, que é interiorizar os serviços do sistema Fieb na Bahia. Nós tivemos agora, quarta-feira, a assinatura de ordem de serviço para a construção da unidade integrada de Alagoinhas. É o nosso maior investimento neste momento para a implantação de uma escola do Sesi, do Senai, do IEL, do próprio Fieb em Alagoinhas, que é uma cidade com uma participação no PIB industrial da Bahia de relevância. Nós vamos inaugurar, em 2026, a unidade de Fieb em Jequié. Como vamos inaugurar agora, no início de dezembro, a escola de Candeias, aqui dentro da região metropolitana. Já estamos em obras na escola do Sesi de Guanambi.
Estamos ampliando as unidades do Sesi e do Senai de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e Vitória da Conquista. Estamos melhorando a nossa unidade de Teixeira de Freitas. E temos outros projetos. Por conta de estarmos ampliando essa participação, outros municípios também demandam a presença do sistema Fieb. Mas nós temos que fazer isso com responsabilidade, adequado ao orçamento, a nossa capacidade de investir, e principalmente na participação industrial em cada cidade. O objetivo é oferecer melhores serviços do sistema Fieb às indústrias dessas regiões. Com melhores serviços, com certeza nós vamos ajudar essas indústrias a ter uma melhor capacidade de conviver dentro de um mercado cada vez mais competitivo.
Para concluir, o tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros ainda é motivo de preocupação?
Hoje nós somos muito mais cobrados pela invasão de produtos importados, especialmente da China. Muitas vezes com preços que temos dificuldade de competir aqui, quer pelo custo do Brasil, quer por preços que muitas vezes não guardam relação nem com o custo de produção nosso, do que necessariamente pela questão do tarifaço americano. O tarifaço incomoda e certamente com a revogação das tarifas de alguns itens, a indústria do agro baiana será aliviada. Mas hoje a questão da competição com produtos, principalmente da China, principalmente na área da química e da petroquímica, nos preocupa muito mais do que a questão do Tarifaço. Então como resolver isso, dentro do papel do sistema Fieb, porque tem muitos outros itens que transcendem a nossa capacidade de ajudar? É oferecer a melhor forma possível de serviços com isso do sistema S que estão sob a confiança da Fieb, que é o Sesc e o Senai. Isso já é de uma ajuda muito grande.
Raio-X
Engenheiro e sócio-diretor da Gráfico Empreendimentos Ltda, Carlos Henrique Passos, 64 anos, assumiu a presidência da Fieb em 2023, após Ricardo Alban ser eleito presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI). O dirigente possui especializações em Finanças Empresariais (FGV), Administração de Negócios (Ucsal), Consultoria em Negócios (UnB) e Marketing (ESPM). Foi presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA) e 1º vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes