GRAVE
Após Capixaba, relembre jogadores do Bahia com problemas de saúde mental
Lateral-esquerdo desabafou sobre momentos difíceis vividos no Tricolor
Por João Grassi

O lateral-esquerdo Juninho Capixaba, ex-Bahia, revelou em um podcast que sofreu uma depressão durante sua segunda passagem pelo clube. O jogador, atualmente com 27 anos, detalhou ter chorado bastante em conversa com o então técnico Roger Machado.
Em entrevista ao 'Charla Podcast', Capixaba afirmou que o rebaixamento do Esquadrão na Série A de 2021 o afetou muito, pois ainda estava "saindo de uma depressão".
"No momento que a gente cai para Segunda Divisão, eu estava saindo de uma depressão. Depois de um jogo que perdemos, deitei no box e comecei a chorar. Eu já ia treinar sem gosto. Quem pode confirmar essa história é Roger Machado. Ele sentou do meu lado e tive uma hora de conversa. Eu desabei, eu chorava. Eu não queria demonstrar aquela fraqueza", desabafou.
O defensor foi revelado pelo Bahia em 2015 e ficou até 2017, passando depois por Corinthians e Grêmio. Em 2020, voltou ao Esquadrão de Aço e deu 11 assistências na temporada, permanecendo até o fim de 2021. Na sequência, jogou pelo Fortaleza e está atualmente no Red Bull Bragantino, onde é destaque.
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Jogadores ex-Bahia com casos de depressão
Apesar de muitas vezes gerar bom retorno financeiro, a carreira de atleta profissional também desperta grandes desafios. Pensando apenas no Bahia, outros casos de jogadores com depressão, além de Juninho Capixaba, chamaram atenção.
O ex-atacante Thiago Ribeiro, que passou pelo Esquadrão em 2016, já falou abertamente sobre o assunto. Em entrevista ao ge.globo, o ex-atleta afirmou ter lutado contra a depressão durante oito anos, após ser diagnosticado com a doença em 2014.

Perdi peso, massa muscular, percebi que a resistência que sempre tive foi afetada, a minha explosão. Perdi o raciocínio.
Outro jogador que atuou no Bahia e sofreu com depressão foi o lateral-direito Régis Souza. No caso dele, o vício em drogas e álcool comprometeu sua carreira e saúde mental, o impedindo de render em alto nível durante seu período no São Paulo, poucos meses após deixar o Esquadrão.
“Tudo aconteceu depois que saí do São Paulo. Eu tinha feito um campeonato extraordinário e tive propostas de inúmeros clubes grandes, mas o São Paulo era a minha prioridade. Foi muito frustrante a forma como saí, não foi por deficiência técnica, mas por erros causados por mim mesmo. Isso me causou uma depressão, tinha perdido a maior chance da minha vida", disse ao ge.globo.

Pelo Bahia, Régis disputou somente dois jogos e logo teve seu contrato rescindido. Na ocasião, o clube não citou nenhum caso extracampo como razão pela dispensa, mas o atleta já convivia com problemas relacionados ao uso de entorpecentes.
Saúde mental
Mais recentemente, entre 2023 e 2024, dois jogadores do Bahia tiveram problemas com questões de saúde de mental. Embora não tenham tido diagnósticos de depressão revelados publicamente, o volante Diego Rosa e o lateral-esquerdo Jhoanner Chávez demonstraram dificuldade em lidar com a pressão da torcida.

Após ser vaiado em uma derrota do Esquadrão para o Jequié, no Campeonato Baiano de 2024, Diego Rosa publicou, através das redes sociais, uma mensagem que dizia ter disputado sua última partida como profissional. "Venho informar que hoje foi meu último jogo como jogador".

A mensagem preocupou torcedores tricolores, ainda mais após o caso de Jhoanner Chávez no ano anterior. O equatoriano deixou o clube por demonstrar problemas com a saúde mental ao não conseguir se adaptar no Brasil, sua primeira experiência fora do seu país.

Alvo de fortes críticas e vaias nos jogos na Arena Fonte Nova, Chávez também publicou desabafos em seu Instagram. “Deus, esse processo dói tanto” e "Tudo passa", escreveu o equatoriano em duas postagens.
Em entrevista ao Portal Massa!, a psicoterapeuta sistêmica, Dra. Nicole Ornellas, explicou sobre a batalha contra a pressão externa que alguns jogadores de futebol enfrentam.
"As consequências começam com as frustrações. Cria-se expectativa sobre o processo, seja por entrar em um time novo, ou a pressão de ser um titular. E quando essas expectativas não são correspondidas, além de gerar uma insegurança exacerbada, crises de ansiedade que tiram o sono deixando muitos com insônia, geram outras consequências externas como a não classificação do time nos campeonatos", explicou a profissional.
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