SÉRIE A
Clubes pressionam CBF a barrar novos gramados sintéticos até 2026
Dirigentes da Série A pedem suspensão da homologação de campos artificiais até novo estudo e reunião prevista para o o primeiro trimestre

Por Redação

A discussão sobre a utilização de gramados sintéticos voltou ao centro das atenções no futebol brasileiro após o encontro do Conselho Técnico da Série A, realizado na última quinta-feira, 11, no Rio de Janeiro. A CBF sinalizou que o tema será retomado entre fevereiro e março, quando pretende reunir novamente os clubes para aprofundar o debate – que inclui também questões como o número de estrangeiros em campo e a possível redução dos rebaixamentos para a Série B.
A entidade entende que decisões estruturais precisam de mais subsídios técnicos e de um modelo de governança sólido, capaz de evitar mudanças frágeis ou repentinas. A discussão sobre gramados artificiais, por exemplo, não é inédita: no início da atual temporada, a CBF já havia encomendado um estudo comparando o número de lesões em campos naturais e sintéticos.
O levantamento, porém, não apontou discrepâncias significativas. Agora, além da saúde dos atletas, a confederação quer colocar na mesa questões como ritmo de jogo e possíveis vantagens competitivas para quem adota o piso artificial.
O tema ganhou ainda mais força após o Flamengo protocolar nesta semana uma proposta para que a CBF proíba gramados sintéticos, sugerindo um período de transição até 2027 na Série A e, para clubes da Série B, até 2028.
A iniciativa do clube carioca, influenciada também pela rivalidade recente com o Palmeiras — que utiliza o modelo no Allianz Parque desde 2020 — irritou as equipes que atuam em estádios com piso sintético. Athletico-PR, Atlético-MG, Botafogo, Chapecoense e Palmeiras protestaram oficialmente contra a movimentação rubro-negra.
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Esses cinco clubes representam uma minoria na discussão, mas defendem publicamente o uso do sintético. Em nota, argumentaram que “um gramado sintético de alta performance supera, em diversos aspectos, os campos naturais em más condições presentes em parte significativa dos estádios do país”.
A maior parte dos dirigentes da Série A, porém, é contrária ao uso desse tipo de superfície. Durante o Conselho Técnico, eles pediram que a CBF suspenda a homologação de novos gramados sintéticos até que um estudo mais completo seja finalizado e uma decisão definitiva seja tomada.
Como alternativa, sugeriram ainda que a entidade escute os jogadores para formar um diagnóstico mais abrangente — em fevereiro, nomes como Neymar, Thiago Silva, Gabigol e Philippe Coutinho já haviam se manifestado nas redes sociais contra o piso artificial.

Caso a proposta avance, uma eventual decisão poderá incluir veto ao uso dos gramados sintéticos e uma fase de transição obrigatória para que os clubes migrem para campos naturais. Por ora, não há qualquer indicação de que a CBF tomará essa medida, mas os dirigentes contrários ao piso pressionam por uma definição.
O debate deve se intensificar nos próximos meses. Em 2026, até 30% das partidas da Série A podem ser disputadas em estádios com gramado sintético, cenário que reforça a urgência da discussão. A confederação afirma que pretende encarar o tema sem novos adiamentos e promete também atacar outro ponto sensível do futebol nacional: a baixa qualidade de muitos gramados naturais.
Além do assunto do piso, o Conselho Técnico levantou outros dois tópicos que ainda serão discutidos: o limite de estrangeiros – que passou de cinco para nove entre 2023 e 2024, mas hoje encontra resistência entre os próprios clubes – e uma eventual redução do número de rebaixados para a Série B, o que exigirá diálogo com os representantes da segunda divisão.
A CBF não garantiu que qualquer uma dessas questões será solucionada no próximo encontro, mas reafirmou que todas retornarão à pauta. Entre elas, a discussão sobre os gramados promete ser a mais explosiva.
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