O CÉU DE CENI
Ceni deu cara ao Bahia, mas ainda não fez clube levantar troféu
Treinador tem um ano de trabalho no Tricolor
Por Patrick Levi
Há um ano, Rogério Ceni desembarcou em terras baianas. Na época, o objetivo do treinador no clube era muito claro: apagar um incêndio intenso, com chamas tão fortes que o ‘professor’ anterior não mais tinha chances de conter. No fim da temporada passada, a luta para escapar do rebaixamento foi vencida, mas, acostumado a sonhar alto desde que começou sua trajetória no futebol, nada menos do que alcançar os céus parecia pouco para os desejos do recém-chegado técnico — e da torcida.
No entanto, assim como na vida, no futebol há um abismo bem grande entre o que é desejado e o que necessariamente se torna realidade. A trajetória de Ceni no Tricolor Baiano é, até o presente momento, marcada por um claro potencial de ser grandiosa, mas concretamente não foi efetiva naquilo que faz os torcedores mais passionais se contentarem: a conquista de títulos.
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Em entrevista ao canal do YouTube Desimpedidos, o treinador já revelou que sua inspiração na profissão é Pep Guardiola, para muitos o atual melhor técnico do mundo. Guardadas as devidas proporções, por algumas vezes nesse período de um ano o futebol demonstrado pelo time de Ceni empolgou os baianos tal qual a torcida azul de Manchester já se animou com o ‘tiki-taka’ de Guardiola. Não por acaso, o Esquadrão chegou a vencer (e convencer) em partidas contra o Botafogo, Grêmio e Fluminense, na Série A, por exemplo.
A grande diferença se dá pelo fato do City ser dominante na Inglaterra desde a chegada do técnico espanhol, e isso pode ser constatado factualmente ao se observar a galeria de troféus recentes dos ‘Citizens’. Na Bahia, por outro lado, embora os comandados por Rogério Ceni já tenham encantado os olhos dos amantes da bola, a equipe ainda não gritou “é campeão!” — no Campeonato Baiano viu o título escapar e ir direto para o maior rival na final; e no Nordestão, mesmo com o favoritismo pleno no torneio, foi eliminado precocemente pelo CRB na semifinal da competição.
Superar o limite
A Copa do Brasil é justamente o meio que sobrou para Ceni alcançar as estrelas ainda esse ano com o Bahia. Entretanto, levantar esse troféu que inédito tanto para o treinador quanto para o clube baiano desafia limites.
Quando os torneios chegam em sua fase de mata-mata dão luz ao ‘calcanhar de Aquiles’ do comando de Rogério no Tricolor, já que foi quando o time baiano disse adeus às competições esse ano. Mas, outro limite precisa ser superado: nunca desde que trocou as luvas pela prancheta, em 2017, o técnico conseguiu vencer o Flamengo, adversário das quartas da eliminatória.
A derrota por 1 a 0 do Bahia em Salvador, pela partida de ida, aumentou o jejum de Ceni contra o ex-clube: já são 13 derrotas consecutivas diante do Mengão. O Tricolor também tem péssimos números recentes diante dos cariocas: nove derrotas em sequência.
Débito com a torcida?
Independentemente de tabu e favoritismo do adversário, em entrevista concedida ontem, o treinador do Bahia admitiu se incomodar com o fato de não ter sido campeão ainda pelo Esquadrão, mas pontuou melhora da equipe e esperança para terminar a temporada com créditos com a massa azul, vermelha e branca.
“Sei que estamos em dívida com o torcedor, que poderia ser um título no estadual ou na Copa do Nordeste. Pelo menos um desses títulos. É uma dívida que eu tenho. [...] É uma pena não ter um título estadual para o torcedor comemorar. A gente espera devolver em coisas positivas até o final do ano”, comentou o técnico.
Talvez o que tenha até aqui deixa do a relação das arquibancadas com o treinador seja a equipe no Campeonato Brasileiro ter estado brigando desde começo na parte de cima da tabela, algo que Ceni também comentou ontem.
“Não é fácil se manter na ponta da tabela. Mas eu tenho foco e objetivo naquilo que eu quero, o grupo também, o Grupo City no que foi desejado no começo do ano. E eu vou tentar até o último segundo entregar o que planejei com o grupo que nós temos para trabalhar. Para que, no ano que vem, a gente tenha calendário completo e, se possível, a principal competição internacional que seria o nosso objetivo. Vamos lutar até o final. E eu conto sempre com aquela atmosfera em casa”, acrescentou.
Pelo Tricolor de Aço, o aproveitamento de Ceni de 59,8%, visto que em 68 partidas, ficou com o resultado positivo em 37 jogos, empatou em 11 e foi superado em 20 ocasiões.
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