Coletiva polêmica de Fabiano Soares repercute mal após derrota

Uma derrota em casa, para o time reserva do Botafogo-PB. A permanência na Zona de Rebaixamento para a Série D e um futebol nada convincente. Não bastassem os muitos problemas que o Vitória atravessa na temporada, uma entrevista desastrosa do técnico Fabiano Soares instaurou um clima de total incerteza na Toca do Leão. Sem conseguir dar respostas claras aos jornalistas, o treinador, mesmo se dizendo “o grande responsável” pelo revés, acusou atletas de sentirem o “peso da camisa” e afirmou que o ambiente do Rubro-Negro precisa de “faíscas”.

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As declarações foram a pauta de imprensa, torcedores e críticos no dia de ontem, tanto nos veículos de comunicação quanto nas redes sociais. “Eu sou o grande responsável. Praticamos um futebol muito ruim e eu sou o culpado. A torcida tem razão de reclamar. Precisamos tomar as medidas. O Vitória não pode apresentar um futebol desta maneira e nós vamos corrigir”, disse o técnico, respondendo que dentre as ações que tomará é colocar “11 homens para honrar a camisa” contra o Confiança, domingo, no Barradão.

Camisa pesada

Sem apontar nomes, Soares afirmou que alguns jogadores não têm condições de jogar no clube. “Pelo pouco tempo que estou aqui, eu percebi... A camisa do Vitória é muito pesada e é difícil alguns jogarem com essa camisa”. Ele disse também que, no lance tento do Botafogo-PB, “nenhuma equipe juvenil toma esse gol. Precisamos ter um time mais maduro. Esses gols são evitáveis e não podemos levá-los”.

A cada nova resposta, os repórteres tentavam tirar um pouco mais de precisão nos comentários do treinador, sem sucesso. Perguntado sobre a ausência do zagueiro Marco Antônio, titular nos três jogos anteriores, e a opção por Matheus Moraes, Soares disse que “Marco Antônio fez três bons jogos, mas acho que, hoje, ele fica um pouco ‘torto’ na esquerda. A gente precisava ter um futebol fluido. Ele é um grande jogador, que compete, mas foi uma estratudotégia que tivemos”.

E quando questionado se o clima do elenco era bom, veio a resposta mais confusa de toda a coletiva. Soares lamentou o bom ambiente. “A gente tem que aprender a competir. De repente, quiçá, era até bom a gente ter um pouco de conflito para sair um pouco de faísca. Infelizmente, as coisas estão em paz de relacionamento. Temos que ser mais agressivos.  Temos que aprender a competir. E assim vamos fazer. Por bem ou por mal, mas vamos aprender”, disse.

A reportagem de A TARDE apurou que, nos bastidores da Toca do Leão, a entrevista não caiu bem para a diretoria do clube, ainda que não haja qualquer movimentação no sentido de cobrança, punição ou até mesmo demissão do treinador. No elenco de jogadores, a repercussão também não foi boa, mas como o próprio Fabiano Soares esperava por “faíscas” para fazer seu time mais competitivo, é preciso esperar para ver o efeito de suas palavras. Na reapresentação de ontem, tudo parecia ‘normal’.

Despreparo

Para o comentarista da Rádio Sociedade da Bahia, Cáscio Cardoso, a coletiva de Soares foi “desastrosa”. “Ele não conseguiu concatenar ideias, gaguejou muito, não foi claro e, nas coisas que a gente conseguiu entender, ele foi muito infeliz. Disse que alguns atletas sentiram o peso da camisa do Vitória e colocou uma responsabilidade muito maior nos jogadores que ele comando, sendo que ele é quem tomou decisões evidentemente ruins. Na minha opinião, o peso da camisa está muito maior nele e ele está se mostrando um técnico despreparado para o que o clube precisa, percepção que ficou muito clara não somente na coletiva, mas também quando a bola rolou. A entrevista confirmou a sensação de que o Fabiano Soares não é uma boa liderança, nem técnica nem motivacional”.

Já o setorista Anderson Matos, da Itapoan FM, entende que as respostas de Soares poderiam ter deixado o torcedor “menos preocupado”. “Não é que ele enganaria a torcida, mas poderia dar esperanças ao menos. A respostas foram muito vazias. Enquanto setorista, não apenas pela coletiva, mas pelo que vejo acontecendo, entendo que o treinador está perdido. Tirou Marco Antônio depois de ele fazer três excelentes partidas. Ele continua insistindo em jogadores sem nenhuma necessidade. Infelizmente, fisicamente, não há no que se apegar. Resta ter fé de que algo ainda pode mudar, mas está não é a realidade”.

O Vitória volta hoje aos treinos para o jogo contra o Confiança, domingo, às 17h.

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