ANÁLISE ESTATÍSTICA
Opostos se atraem? Veja os pontos fortes e fracos de Bahia e Botafogo
Os times se encontram nesta quarta-feira, 1, pela 26ª rodada do Brasileirão

Por Marina Branco

Quarenta pontos na tabela e o sonho do G-4 do Brasileirão - a mesma descrição se aplica a Bahia e Botafogo na 26ª rodada do campeonato, que coloca os dois clubes um em frente ao outro nesta quarta-feira, 1, às 21h30, no Estádio Nilton Santos. Até aqui, as duas equipes desenharam temporadas com estilos de jogo muito distintos, que prometem se encontrar dentro das quatro linhas.
De um lado, o Fogão aposta em solidez defensiva e objetividade ofensiva, enquanto do outro, o Esquadrão aposta em volume de jogo e posse de bola. Uma coisa é certa - ambas as estratégias funcionam, com ambos os times competitivos ao longo de todo o Brasileiro.
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Eficiência ou desperdício?
Em termos de ofensividade, o Botafogo leva uma pequena vantagem nos números brutos. O time carioca soma 35 gols em 25 partidas, com média de 1,4 por jogo, enquanto o Bahia marcou 32 vezes em 24 jogos, com 1,3 gol por partida.
O dado por si só não mostra grande distância - mas a forma como cada equipe chega ao gol é bem diferente. O alvinegro aposta em uma produção enxuta, com 4,9 chutes certos por jogo e a criação de duas grandes chances em média. O time não desperdiça tanto: erra 1,3 grandes oportunidades por partida, o que aponta para uma eficiência ofensiva mais apurada.
Já o Bahia aparece com 4,1 finalizações certas por jogo, número mais baixo, mas cria 2,4 grandes chances a cada partida, saindo na frente do rival. O problema é o aproveitamento, uma vez que o Tricolor aparece com 1,6 grandes chances perdidas por jogo, mostrando dificuldade em transformar volume em bola na rede.
Na prática, isso significa que o Botafogo costuma precisar de menos para decidir um jogo, enquanto o Bahia depende de converter melhor as boas oportunidades que gera. O desafio, então, não é criar, mas sim finalizar bem.

Posse + passe x verticalidade
Entre os dois times, um dos pontos de maior contraste é a forma de trabalhar a bola. O Esquadrão se garante - é o dono da posse. O time tem média de 54,7% por jogo, contra 51,8% do Botafogo.
Os dois se equilibram em passes certos, com o Bahia aparecendo com 403 e o Botafogo com 402,9, mas o Tricolor sai na frente em aproveitamento (86,0% contra 85,8%). Isso revela um time que valoriza a troca de passes, cadencia mais o jogo e procura controlar o ritmo.
Por outro lado, o Fogão se recusa a ficar para trás ao apostar na objetividade como grande trunfo. O dado de 22,4 bolas longas certas por jogo (58,0%) é bem superior às 16,5 do Bahia (53,4%). O estilo alvinegro acaba sendo mais direto, buscando atalhos para chegar rápido ao ataque e explorar transições.
A vontade de ambos, então, é oposta. O Bahia quer que o campo seja gigante, suficiente para rodar a bola até encontrar espaços. O Botafogo, por sua vez, quer a maior proximidade possível entre as quatro linhas, buscando acelerar o jogo o máximo que puder.

Muralha alvinegra
Os equilíbrios e vantagens tricolores, no entanto, terminam ao chegar na defesa. Até aqui, o Fogão sofreu apenas 20 gols em 25 partidas, com média de 0,8 por jogo, e soma 11 jogos sem ser vazado. Esses números colocam o time entre as defesas mais sólidas do Brasileirão inteiro.
Enquanto isso, o Esquadrão aparece com 28 gols sofridos em 24 partidas, média de 1,2 por jogo, e oito jogos sem sofrer gols. Não são dados tão ruins - mas, comparada à do Botafogo, é uma defesa mais vulnerável, que precisa se expor mais.
Quanto mais dados de defesa são analisados, mais o Botafogo sai por cima na situação. O Bahia realiza 24,5 cortes por jogo, contra 21,8 do Botafogo, o que mostra que o Tricolor precisa intervir mais vezes para conter ataques - reflexo de maior pressão sobre sua defesa.
O equilíbrio, no entanto, existe nos desarmes, com 16,5 cada, e números próximos em interceptações, com 8,2 do Botafogo contra 7,9 do Bahia. Nas defesas, os goleiros também vivem realidades parecidas: 2,7 por jogo do Botafogo e 2,9 do Bahia.
Enquanto o Botafogo defende com mais solidez e regularidade, o Bahia depende de um esforço coletivo maior para se proteger, compensando com volume defensivo por mais cortes e defesas.

Intensidade e disciplina: quem arrisca mais?
Outro ponto curioso do confronto está no jogo físico e disciplinar. Comparado ao Fogão, o Bahia é mais "limpo", cometendo 12,5 faltas por jogo e recebendo 2,1 amarelos, além de três vermelhos até aqui. O adversário, menos comportado, comete 14,1 faltas por jogo, com média de 2,2 amarelos e os mesmos três vermelhos na temporada.
Apesar do comportamento mais disciplinado, o Esquarão é quem se arrisca mais. O Bahia tenta mais desarmes totais (50,9 por jogo, contra 47,5 do Botafogo), embora o aproveitamento seja similar (49,7% contra 50%), pressionando mais alto e buscando recuperar a bola na frente.
O Botafogo, por sua vez, mesmo cometendo mais faltas, é um time que não compromete tanto em bolas paradas, tendo sofrido só um gol de pênalti, contra dois do Bahia. Assim, o Tricolor tende a ser mais proativo na marcação, enquanto o Botafogo é mais reativo, usando faltas táticas para quebrar o ritmo do adversário.

Opostos se atraem?
O Nilton Santos espera, então, um jogo de opostos que acabam se complementando. O Bahia, que gosta da posse, cria bastante e tenta se impor com volume. O Botafogo, que defende com solidez, é direto e costuma aproveitar melhor suas chances.
Se o Bahia conseguir transformar suas oportunidades em gols, pode equilibrar uma disputa em que o Botafogo tem a defesa como principal arma. Já o time carioca deve explorar transições rápidas e eficiência ofensiva para castigar um adversário que se expõe mais.
O duelo na Fonte Nova, portanto, promete ser uma batalha entre o time que insiste e o time que resiste - um deles, insistindo ou resistindo durante o caminho inteiro até o G-4 do Brasileirão.
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