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Presidente da Federação Francesa de Futebol anuncia renúncia

Noël Le Graët é acusado de assédio sexual e moral

Publicado terça-feira, 28 de fevereiro de 2023 às 18:14 h | Autor: AFP
Le Graët, de 81 anos, presidiu a FFF por 11 anos
Le Graët, de 81 anos, presidiu a FFF por 11 anos -

O presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), Noël Le Graët, anunciou nesta terça-feira sua renúncia ao cargo após meses de acusações de assédio sexual e moral, informou à AFP um membro da entidade.

Le Graët, de 81 anos, presidiu a FFF por 11 anos, período em que a seleção masculina da França foi campeã da Copa do Mundo de 2018 e finalista no Catar no ano passado.

Sua renúncia chega 13 dias depois da publicação de uma investigação governamental conduzida pela Inspeção Geral de Educação, Esporte e Investigação (IGESR), que concluía que o comportamento do dirigente era "incompatível com o exercício de suas funções e com a exigência de exemplaridade que está ligada a seu cargo".

"Ele tomou a decisão correta para a FFF e para si próprio", reagiu mas tarde a ministra dos Esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra.

Mas horas depois, o advogado de Le Graët, Thierry Marembert, anunciou ações legais contra Oudéa-Castéra por "difamação", acusando-a de ter "mentido" sobre o conteúdo da investigação da IGESR.

O relatório aponta as "opiniões públicas fora de lugar" e o "comportamento inapropriado em relação às mulheres", em especial através de "mensagens de texto ambíguas para alguns e com caráter claramente sexual para outros", e "convida as instâncias federais a examinar esta situação aplicando os dispositivos contidos nos estatutos".

Apesar de deixar a FFF, vários membros do Comitê Executivo da federação francesa confirmaram nesta terça-feira que Le Graët assumirá agora funções no escritório parisiense da Fifa, após ser nomeado membro do Conselho da entidade em 2019 por Gianni Infantino.

Cinco meses de turbulências

Em setembro de 2022, a revista So Foot publicou uma investigação com trechos de mensagens de texto de cunho sexual enviadas pelo dirigente a funcionárias da federação francesa.

Noël Le Graët negou o envio destas mensagens e a FFF denunciou a revista por difamação. Mas Oudéa-Castéra adotou uma posição hostil e convidou o presidente para uma reunião.

Após este encontro, o Ministério dos Esportes iniciou uma investigação na FFF, cuja encarregada foi a IGESR. Em outubro, a rede Radio France transmitiu depoimentos de ex-funcionárias da federação, que falavam de um comportamento "inapropriado" de Le Graët. Novamente, o dirigente negou "categoricamente" as denúncias, tachando-as de "falsas e mal-intencionadas".

Em 11 de janeiro, ele foi afastado da presidência pelo Comitê Executivo da FFF e, cinco dias depois, a Promotoria de Paris abriu uma investigação por assédio moral e sexual após o testemunho da agente de jogadores de futebol Sonia Souid, coletado pelos auditores da IGESR.

Philippe Diallo presidente interino

O relatório final da investigação, publicado em 15 de fevereiro, é devastador e conclui que o dirigente "já não tem a legitimidade necessária para administrar e representar o futebol francês".

Após a renúncia de Le Graët, a FFF lamentou "uma difamação desproporcional da instituição" como consequência da auditoria. Philippe Diallo, de 59 anos, e até agora vice-presidente, vai assumir o cargo interinamente até as eleições de junho.

O primeiro desafio de Diallo será resolver a situação da técnica da seleção feminina, Corinne Diacre, depois que várias jogadoras, incluindo a capitã Wendie Renard, anunciaram que não jogarão pela equipe em um gesto contra a treinadora.

Diallo prometeu nesta terça-feira que resolveria a situação "em um prazo muito curto".

"Eu quero que um grupo de membros do Comitê Executivo possa fazer uma auditoria com todas as partes e fazer algumas recomendações em um prazo muito curto, para preparar o melhor possível a Copa do Mundo", que será disputada de 20 de julho a 20 de agosto na Nova Zelândia e na Austrália, explicou Diallo, que espera as conclusões entre "oito e 15 dias".

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