FORMANDO MURALHA
Sem dono e sem gols: como a zaga do Bahia sobrevive em meio às lesões
Sem titulares fixos, o setor defensivo do time tricolor tem sido muito efetivo apesar da quantidade e frequência de desfalques
Por Marina Branco

Nos três jogos após a parada do Brasileirão, foram apenas dois gols sofridos pelo Bahia - e diversos fatores podem tentar explicar o equilíbrio defensivo que a equipe tricolor vem vivendo. Entre formação, escolha de titulares e estratégias de treino, diversas mudanças podem explicar o retorno firme que o Bahia vem construindo, ponto fraco do clube na temporada anterior.
Enquanto em 2024 o Bahia jogou 38 partidas no Brasileirão e passou dez delas sem sofrer gols, em apenas 13 partidas do torneio em 2025 já foram quatro sem balançar a rede tricolor, chegando a quase metade dos jogos sem levar gol em muito menos da metade das partidas disputadas.
Os números continuam - enquanto em 2024 foram 49 gols marcados e 49 sofridos, 2025 contabiliza apenas 12 sofridos frente a 16 marcados até então, marcando uma boa fase tanto no ataque, quanto na defesa. A firmeza alegra a torcida do Esquadrão principalmente na volta do Brasileiro, que começa a despontar uma realidade melhor do que a do ano anterior.
Se em 2024 o Bahia passou a primeira metade do ano brigando dentro do G-4 e na volta caiu para a briga no G-8, terminando na última vaga que acessava a Libertadores, o Tricolor parece estar trilhando um caminho diferente neste ano. Desde que voltou das férias, o Bahia venceu o Atlético-MG por 2 a 1, além de conseguir um resultado positivo na Copa do Nordeste e um empate na Sul-Americana.
Leia Também:
A defesa tricolor
Mas o que motivou essa força defensiva do Bahia? Para Acevedo, volante tricolor, a boa fase não se deve necessariamente à defesa, mas sim ao time como um todo, especialmente na formação em campo.
"Eu acho que é mais um trabalho coletivo, como trabalha o Rogério (Ceni), posicionando bem esse 4-5-1. Acho que sofremos poucos gols. Estamos bem na área de campo, na parte defensiva. Eu acho que é um conjunto, todos comprometidos, todos correndo, todos lutando", afirmou.
E quando o atleta diz "todos", ele de fato se refere a praticamente todo o elenco do Bahia, que não vem tendo um costume de titularidade. O próprio treinador do time já chegou a dizer que não existem onze fixos, mas sim a rotação que seja melhor para o Bahia e abrace melhor o calendário exaustivo que equilibra Brasileirão, Copa do Brasil, Copa do Nordeste e Sul-Americana.
"Eu acho que todo mundo se sente importante. A maioria tem tido muitos minutos. Eu acho que é isso, quando troca, fazer da melhor maneira, aproveitar a oportunidade e estar sempre preparado", opinou Acevedo.
Lesões e mudanças
Prova disso é a mudança constante que a defesa tricolor vem vivendo. Se no ano passado a principal dupla de zaga era formada por Kanu e Gabriel Xavier, a realidade em campo neste ano é completamente diferente.
Muito relacionado ao calendário cheio de jogos, que neste ano chegou a incluir a tão sonhada volta à Libertadores, o departamento médico do Bahia vem recebendo muitos atletas com frequência e por longos períodos. Um deles é Kanu, que em abril sofreu lesão em três músculos da panturrilha e no tendão de Aquiles, precisou de cirurgia e desfalcou o Bahia a longo prazo.

Do outro lado da dupla, Gabriel Xavier também lesionou a panturrilha no mesmo mês, ficando de fora durante abril e retornando contra o Paysandu no final do mês. Ainda assim, não assumiu titularidade fixa desde então, rotacionando com outros zagueiros da equipe tricolor.

Com os dois zagueiros lesionados, a chance de ouro caiu no colo de Santiago Mingo e David Duarte, cada vez mais presentes na equipe tricolor. Formando a dupla de zaga mais utilizada, os dois são os únicos em totais condições, já que até o reserva geralmente convocado por Ceni se tornou desfalque no Esquadrão.

Quando precisava de reforço na zaga, o professor chavama Fredi Lippert, jovem da base do Bahia que estava começando a subir para o time principal. No entanto, há dois dias, sem jogar contra o América de Cali pela Sul-Americana, Fredi decidiu descer para ajudar a equipe sub-20 contra o Botafogo - e acabou tendo consequências maiores do que o esperado.

Na partida, Fredi se lesionou, pediu substituição e se tornou mais um desfalque na zaga do Bahia, que agora se complica ainda mais. Isso porque, na ausência de Fredi, a alternativa seria Kauã David, também vindo das categorias de base do clube. No entanto, apenas uma semana antes da lesão de Fredi, o zagueiro foi negociado para o Levadia, da Estônia, deixando o Bahia após disputar onze jogos com a equipe principal.
Próximos passos
As coisas não têm sido fáceis para a zaga do Esquadrão. No entanto, os números vem acompanhando um crescimento promissor do clube, que em meio a toda a confusão chegou a empatar na vice-liderança do Brasileirão, além de se manter vivo na semifinal da Copa do Nordeste e nas oitavas de final da Copa do Brasil.
Agora, a próxima missão do Esquadrão no Brasileiro é enfrentar o Fortaleza pela 15ª rodada, fora de casa, na Arena Castelão. Na penúltima prosição da tabela e ocupando a zona de rebaixamento, o Leão precisa vencer para respirar na competição, enquanto o Bahia mira cada vez mais alto no topo da tabela.
"Sabemos que eles vão vir forte, vão vir com tudo. Mudaram de técnico, sabem que tem que buscar os três pontos porque estão apretados na área. E nós estamos preparados, vamos fazer o nosso jogo, o que sabemos fazer, jogar, sair para controlar, ter a bola. Eu acho que vai ser um jogo lindo, disputado", opinou Acevedo.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes