FUTEBOL
Vice-presidente do Corinthians é alvo por desvio e venda de materiais
Documento aponta que irregularidades prejudicaram, por exemplo, as categorias de base do clube

Por Yuri Abreu

O vice-presidente do Corinthians, Armando Mendonça, foi citado em um relatório de uma auditoria interna realizada pelo clube que apontou desvio e venda ilegal de materiais do alvinegro paulista.
O documento, de 94 páginas, apontou que as irregularidades acabaram prejudicando as categorias de base da equipe, que ficaram sem receber uniformes ou estavam utilizando roupas em mau estado de conservação — isso apesar de o Corinthians ter excedido em quase 300% a cota anual de itens solicitados à Nike.
Comercialização ilegal
A auditoria apontou a retirada irregular de 131 itens registrados em nome de Mendonça e a comercialização ilegal de camisas oficiais do clube por um funcionário, que recebeu pagamento via Pix de R$ 300 em sua conta pessoal pela venda de três peças originais do estoque.
O processo classificou Mendonça como responsável pela administração dos materiais Nike e apontou o vice como principal suspeito por desvios processuais e retiradas indevidas de camisas.
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Falhas críticas
O relatório, segundo o Estadão, teve como objetivo avaliar o sistema de controle de estoque implantado em maio de 2025 e identificar fragilidades na gestão de materiais. A investigação revelou 33 apontamentos, incluindo falhas consideradas críticas nos almoxarifados do Parque São Jorge e do CT Joaquim Grava.
O documento mostra que não há inventário formal desde setembro de 2021, há mais de quatro anos, permitindo o acúmulo de materiais desde 2014 sem conferência.
Mesmo com o recebimento de 41.963 itens da Nike em 2025, número aproximadamente 24% a mais que no ano anterior, atletas da base permaneceram com uniformes deteriorados, antigos ou de marcas concorrentes.
Riscos fiscais e contábeis
Além do desvio de materiais, o relatório aponta riscos fiscais e contábeis. Entre 2024 e 2025, R$ 6,4 milhões em notas fiscais não foram lançados no sistema do Corinthians, incluindo R$ 5,1 milhões destinados ao CT apenas em 2024.
A auditoria também identificou que o valor acumulado de materiais recebidos da Nike em 2024 e 2025 (R$ 23,7 milhões) ultrapassou o limite contratual em R$ 15,7 milhões, um excedente de 297%.
Em paralelo, o clube gastou R$ 776 mil na compra de 13.503 itens licenciados, mesmo tendo direito a fornecimento sem custo adicional por contrato.
O que diz Armando Mendonça
Em sua defesa, Mendonça afirmou, também ao Estadão, ser “falsa” a informação de que é o responsável pelas diretrizes de distribuição dos materiais da Nike no Corinthians e administração dos almoxarifados.
Ele citou que a gestão anterior, de Augusto Melo — que sofreu impeachment — não fazia o controle necessário e resolveu ajudar pessoalmente no sistema de cadeia de aprovações de retirada de material para dar maior transparência e controle à destinação do patrimônio do clube e evitar prejuízos e malfeitos.
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