Sorvete da Ribeira une tradição da Itália e sabores locais
Tão difícil quanto escolher entre os mais de 60 sabores da Sorveteria da Ribeira é descobrir qual o segredo do sorvete mais tradicional da cidade, que atrai gente do mundo inteiro.
"É fazer com amor e carinho", esconde o jogo Francisco Lemos, que assumiu há cinco anos o estabelecimento fundado por um italiano em 1931, que foi epois administrado por quatro décadas por um espanhol. Com um pouco mais de insistência ele começa a dar pistas: "O melhor sorvete do mundo é italiano. Chegou aqui e encontrou nossas frutas, aí deu tudo certo".
Segundo Lemos, o diferencial está na produção artesanal e na qualidade das frutas, que são despolpadas manualmente assim que amadurecem e, em seguida, congeladas. Isso garante a variedade de sabores o ano todo. "Frutas como pinha e jaca não podemos congelar, só temos mesmo na safra".
Outro aspecto destacado por ele é o uso de máquinas artesanais. "É só bater o sorvete no ponto para ficar cremoso".
Carros-chefes da casa, os sorvetes de frutas são feitos à base de água e não levam nada além de açúcar e emulsificante importado. Mas alguns truques fazem toda a diferença. "Banana caramelada e delícia de abacaxi são incrementados com doces caseiros", revela Patrícia Silveira, mestre sorveteira da casa há cinco anos.
Os favoritíssimos tapioca e coco (nas opções tradicional, verde ou queimado) têm como base o leite de coco. Já as receitas dos cremosos (chocolate, amarena, doce de leite e morango) levam leite ou iogurte.
Florisvaldo Sales Carvalho (o Forró), que trabalha na Sorveteria da Ribeira há 29 anos, garante que, com o passar do tempo, a receita não se perdeu. "A qualidade é a mesma, o sorvete só melhora". De segunda a sexta, ele integra o time de dez funcionários da produção e nos fins de semana vai para o balcão. "Os clientes fazem questão de cumprimentá-lo", diz Lemos.
Processo de fabricação do sorvete é artesanal (Foto: Eduardo Martins | Ag. A TARDE)
Como o favorito de uma pessoa pode ser considerado o mais exótico por outra, Forró diz gostar de todos, mas deixa escapar: "Tem gente que acha estranho jenipapo, cajarana, sapoti, biri-biri".
O operador de caixa Jeferson Passos identificou uma tendência na clientela. "As crianças pedem chocolate e os idosos milho verde ou ameixa. Os jovens preferem frutas (cajá e mangaba). Todo mundo toma coco e tapioca".
Lúcia Oliveira, 74 anos, confirma parcialmente a lógica do operador: "Morava aqui pertinho, a vida toda ameixa foi meu favorito. O sorvete não mudou, por isso venho do Cabula".