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Após Finlândia, Suécia inicia debate para entrada na Otan

País tem receio de ser o único do Mar Báltico, com exceção da Rússia, fora da aliança liderada pelos EUA

Publicado domingo, 15 de maio de 2022 às 11:36 h | Atualizado em 15/05/2022, 11:56 | Autor: AFP
Primeira-ministra Magdalena Andersson e autoridades se reúnem neste domingo para decidir questão
Primeira-ministra Magdalena Andersson e autoridades se reúnem neste domingo para decidir questão -

Após o governo da Finlândia anunciar, neste domingo, 15, a intenção de entrar para a Otan, a Suécia também iniciou um debate sobre a possibilidade de entrada na aliança. O partido governante realiza uma reunião decisiva sobre um possível pedido de adesão conjunto à Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Menos de três meses após início da invasão da Ucrânia pela Rússia, o anúncio da Finlândia estabelece uma mudança contundente na política de não alinhamento do país, que tem mais de 75 anos. Sendo assim, a Suécia pode encerrar uma postura que começou no século XIX.

O presidente, Sauli Niinistö, anunciou em uma entrevista coletiva conjunta com a primeira-ministra, Sanna Marin, que vai decidir junto com um Comitê de Política Externa, o pedido de adesão à Otan pela Finlândia.

"É um dia histórico. Começa uma nova era", declarou o presidente da Finlândia.

O Parlamento da Finlândia deve examinar nesta segunda-feira, 16, o projeto de adesão, porém analistas acreditam que maior parte dos congressistas apoia a iniciativa. 

Apesar de algumas objeções expressadas pela Turquia, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, se declarou confiante em alcançar um acordo com Ancara para a entrada de Finlândia e Suécia na aliança. 

Após romper a neutralidade política nos anos 1990, com o fim da Guerra Fria, quando se tornaram membros da União Europeia, os dois países nórdicos se aproximam ainda mais do bloco ocidental após uma mudança na opinião provocada pela guerra na Ucrânia.

A Finlândia, que tem 1.300 quilômetros de fronteira com a Rússia, foi a primeira a tomar a iniciativa. A Suécia pretende seguir o movimento, com receio de virar o único país do Mar Báltico (com exceção da Rússia) fora da aliança liderada pelos Estados Unidos.

De acordo com as pesquisas recentes, mais de 75% dos finlandeses desejam a adesão à Otan, índice três vezes superior ao registrado antes da guerra na Ucrânia.

Na Suécia, o apoio subiu para quase 50%, contra 20% de pessoas contrárias. 

O Partido Social-Democrata da primeira-ministra Magdalena Andersson se reúne neste domingo, a fim de decidir se a formação abandona a histórica postura contrária à adesão. Dentro do partido, algumas vozes criticam uma decisão precipitada. Analistas, no entanto, consideram improvável que o partido seja contrário à adesão.

Um obstáculo imprevisto apareceu no caminho dos dois países, o que demonstra as dificuldades de um processo de vários meses que precisa do apoio unânime dos 30 membros da Aliança. 

A Turquia expressou oposição à entrada dos dois países escandinavos, que acusa de negligência em relação aos membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que está em guerra contra Ancara e aparece na lista de organizações de terroristas da União Europeia.

O ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, se declarou disposto a discutir com os dois países e com os demais membros da aliança.

O chanceler finlandês, Pekka Haavisto, se mostrou confiante em alcançar um acordo com a Turquia.

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