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Novo hábito nas academias pode jogar seu treino fora; entenda

Rogério Moura, presidente do Conselho Regional de Educação Física da Bahia, debate assunto

Pedro Hijo

Por Pedro Hijo

07/09/2025 - 6:11 h
Número de academias na Bahia aumentou mais de 80%
Número de academias na Bahia aumentou mais de 80% -

Nos últimos cinco anos, o número de academias na Bahia aumentou mais de 80%, ultrapassando quatro mil unidades, segundo dados do Conselho Regional de Educação Física da Bahia (CREF13/BA). Esse crescimento acompanha a expansão das chamadas academias de rede, integradas a marcas com diversas filiais, que adotam um modelo no qual o cliente realiza os exercícios de maneira mais autônoma, sem a supervisão constante de um instrutor.

A estratégia reduz os custos operacionais e permite oferecer mensalidades mais acessíveis. Paralelamente, os profissionais de Educação Física buscam remuneração mais justa e conciliam o trabalho formal em academias com atendimentos autônomos como personal trainers.

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O presidente do conselho regional, Rogério Moura, reforça a importância da presença do profissional em todas as unidades e fala sobre um novo hábito que tem tomado conta das academias: o uso da inteligência artificial. "A supervisão profissional é essencial para garantir segurança e eficácia". Nesta entrevista, ele ainda fala sobre a popularização do uso de inteligência artificial como ferramenta para o desenvolvimento de treinos e sobre a fiscalização de academias irregulares no estado.

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Como o senhor avalia o impacto da chegada das academias de rede no mercado de trabalho dos profissionais de Educação Física no estado?

Quando há um aumento no número de academias, surgem duas vertentes importantes: a geração de vagas de emprego e um número maior de pessoas que passam a realizar exercícios regulares dentro de um ambiente controlado. Na Bahia, saímos de 2.200 estabelecimentos voltados para a prática de exercício físico em 2019 para 4.072, mesmo com a pandemia no período. Existe um cenário de trabalho individual, mas o que se destaca é o crescimento dos estabelecimentos voltados à prescrição de atividades físicas. A fiscalização do Conselho está presente em toda a Bahia. Assim, se houver denúncia ou se for identificada espontaneamente alguma prática irregular, o responsável não poderá continuar atuando e responderá a processo junto à vara criminal.

O crescimento do número de personal trainers autônomos pode estar relacionado às condições de trabalho oferecidas pelas academias?

O piso salarial dos profissionais de Educação Física é definido pelo sindicato. Cabe destacar que o Conselho não trata dessa questão, mas sim da supervisão do exercício profissional. Atualmente, o sindicato possui uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) em vigor, que estabelece o piso para a licenciatura. Somente em 2025 já foram realizados 357 registros de pessoas jurídicas no Conselho, sendo 52 deles de academias de rede. Isso representa um aumento da oferta de trabalho formal.

Muitos profissionais que trabalham em academias, mesmo em vínculos formais, também atendem em contratos privados em outros horários, mas, uma função não anula a outra. Isso acontece porque, muitas vezes, o aluno que participa de aulas coletivas opta por um atendimento personalizado, buscando acompanhamento individual. A lógica é semelhante ao ambiente escolar: pais contratam professores particulares para oferecer atenção diferenciada aos filhos. O crescimento do mercado de trabalho é evidente.

Rogério Moura, presidente do Conselho Regional de Educação Física da Bahia
Rogério Moura, presidente do Conselho Regional de Educação Física da Bahia | Foto: Freepik

Nos Estados Unidos há academias que funcionam apenas com equipamentos, sem a presença de instrutores. Esse modelo, que dispensa o acompanhamento profissional, pode se tornar uma tendência no Brasil e enfraquecer a importância do instrutor?

A forma de relação de trabalho muda constantemente. Há dez anos, quase não se falava em home office; foi apenas após a pandemia que esse modelo ganhou espaço. Comparando com os Estados Unidos, nota-se uma diferença importante: lá não existe supervisão em Educação Física como temos no Brasil. Aqui, para atuar na área de fitness ou esportes, fora do contexto escolar, é necessário cursar quatro anos de graduação, com 3.200 horas de carga horária, para se tornar um profissional habilitado. A contratação pode ocorrer em diferentes espaços. Hoje, cerca de 30 profissões no Brasil exigem registro em conselhos de classe. No caso da Educação Física, cabe ao CREF garantir a regulação e proteger a sociedade. Profissionais que atuam de forma inadequada respondem a processos éticos, enquanto aqueles sem formação que exercem ilegalmente a profissão podem ser denunciados e processados criminalmente, já que isso configura contravenção penal. Um espaço de treinamento pode existir, mas precisa seguir a legislação.

Assim como ocorre em áreas médicas, odontológicas ou de engenharia, é obrigatório ter registro no conselho e um responsável técnico. Isso está previsto na Lei nº 6.839/1980, que determina a exigência de responsável técnico em toda unidade de prestação de serviços dessa natureza. Portanto, academias, clínicas ou salas de treinamento só podem funcionar com registro no conselho e presença de profissional de Educação Física acompanhando o cliente.

O aluno que se exercita sem supervisão corre riscos, e estabelecimentos abertos sem responsável técnico são passíveis de fechamento. Essa pode ser uma tendência de mercado, mas, para ser válida, deve atender aos normativos legais: registro no conselho, responsável técnico e acompanhamento profissional.

Qual é o limite de alunos que um único instrutor consegue atender de forma adequada e segura?

Quando falamos de aulas em academias, há um termo de ajuste firmado em Salvador com o Ministério Público do Trabalho que estabelece uma regra clara: em atividades coletivas, os alunos precisam estar sempre no campo de visão do professor de Educação Física. Se houver salas separadas ou andares distintos, é necessário contar com mais de um profissional para garantir essa supervisão. Já no caso das aulas privadas, o formato é diferente. O atendimento pode ser individual ou com até duas pessoas. Passando disso, já se caracteriza como atividade em grupo ou coletiva. É possível, por exemplo, que familiares ou amigos se reúnam para contratar um professor de Educação Física. O ponto essencial é que a prescrição de exercícios deve ser feita exclusivamente por profissionais registrados no conselho.

Com a expansão das grandes redes, muitas academias de bairro têm perdido espaço, já que os empreendimentos maiores conseguem oferecer preços mais competitivos. O Conselho prevê algum tipo de apoio ou medida que ajude a fortalecer essas academias menores diante desse cenário?

O papel do Conselho é apenas fiscalizar, não tratar do negócio jurídico ou das questões de apoio, que são de competência do sindicato patronal. Mesmo com o cenário de grandes redes, há espaço para todos os tipos de academias. Existem clientes que apreciam academias boutique, com mensalidades superiores a R$ 3 mil, outros que preferem academias de bairro ou modelos com menor custo. Cada perfil de cliente encontra o serviço adequado.

Em 2019, percebendo uma distorção histórica, propusemos uma mudança na forma de cobrança das anuidades do CREF-13 na Bahia, que permanecia inalterada por mais de 15 anos. Durante esse período, o valor da anuidade era igual para todas as academias, independentemente do tamanho ou do capital social. Um estúdio pequeno pagava o mesmo que uma grande rede. A proposta apresentada ao plenário determinou que academias com capital social igual ou inferior a R$ 50 mil pagassem metade da anuidade.

Hoje, cerca de 72% das pessoas jurídicas registradas no Conselho na Bahia enquadram-se nesse critério, recebendo, portanto, 50% de desconto. Esse modelo de cobrança mostrou-se exitoso, a ponto de o Conselho Federal emitir uma resolução, determinando que todo o país siga o mesmo critério. Trata-se de uma questão de justiça tributária. É injusto que pequenas unidades paguem o mesmo que grandes estruturas, assim como seria injusto que uma moto de 100 cilindradas tivesse o mesmo IPVA de uma moto de 1.600 cilindradas.

Com a popularização dos treinos online e da inteligência artificial, o senhor acredita que a profissão de Educação Física corre o risco de se desvalorizar ou esses recursos podem ser aliados do trabalho do profissional?

Tenho sempre a visão de que tudo que é moda precisa de ajustes. A legislação existe, mas, assim como médicos, os profissionais de Educação Física são indispensáveis, pois a prescrição de exercícios exige acompanhamento. Você pode até criar um programa com a ferramenta de inteligência artificial ChatGPT, colocando sua altura, peso e nível de atividade, mas isso traz riscos. O sistema gera apenas um programa geral, sem percepção individual. Não há como avaliar a resposta do aluno em tempo real, ajustar a intensidade ou interromper o exercício se houver sinais de desconforto ou perigo.

Exercício pode matar ou causar lesões incapacitantes se não houver supervisão adequada. Além disso, o controle digital e eletrônico também é regulamentado pelo Conselho. Professores que utilizam plataformas online devem estar ao vivo com o aluno, informando seu número de registro no CREF. Exercício não é brincadeira e não pode ser tratado como receita de bolo. Não dá para sair copiando a partir de vídeos do YouTube. A supervisão profissional é essencial para garantir segurança e eficácia

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