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CRÔNICA

Parei de esperar por grandes momentos (e comecei a viver os pequenos)

Leia a crônica da Muito deste domingo, 6

Por Luisa Sá Lasserre*

06/07/2025 - 9:00 h
A rotina virou meu refúgio (e não mais meu castigo)
A rotina virou meu refúgio (e não mais meu castigo) -

Tomar café recém-passado na cafeteira italiana. Às vezes, com um pouquinho de leite de coco feito em casa. Sem açúcar, sempre.

Tomar café da manhã sem pressa. Ovo com gema mole na tapioca com manteiga. Iogurte caseiro. Fruta da estação.

Olhar o mar, ouvir as ondas, reparar no azul, no céu, no movimento das nuvens. Respirar e contemplar com calma.

Começar a ler um livro que você queria muito. Chegar àquele ponto da narrativa em que algo incrível acontece e você até fecha as páginas e para alguns minutinhos pra absorver o que acabou de ler. Terminar de ler um livro muito bom, que deixa saudade dos personagens.

Concluir a sua atividade física do dia, seja um treino de musculação, uma corrida, um esporte. Sentir aquela sensação da endorfina no corpo que te diz que, agora sim, você tá zerada pra fazer o que mais quiser no dia.

Tomar um banho frio no calor, um banho quente no frio, se sentir com aquele cheirinho de limpeza e a pele renovada. Vestir uma roupa confortável e não precisar sair de casa.

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Casa limpa, faxinada, piso sem poeira. Piso autolimpante seria incrível…

Acordar sem sono e bem disposta. Curtir as pequenas tarefas do dia. Se sentir produtiva, sem procrastinar. Hormônios e vitaminas em dia, eu diria.

Ouvir aquela música que você adora e faz tempo que não escutava.

Entregar um trabalho no prazo, mesmo que nos últimos minutos do prazo. Sentir alívio pelo trabalho concluído.

Banho de mar na ponta da praia de Piatã, durante a semana, sem muvuca. Boiar no mar. Mergulhar por ali mesmo, sem precisar pegar barco nem usar equipamento.

Comer uma moqueca deliciosa após a praia – ou sem praia mesmo. Tomar caldo de sururu com limão e pimenta.

Comer novas iguarias, experimentar muitas culinárias deliciosas. Viajar por aí e descobrir que a melhor culinária ainda é a baiana.

Assistir a um filme ótimo no cinema. Tomar um café depois e conversar sobre o que viu. Assistir a um filme ou a uma série que te prende no conforto do sofá de casa.

Bater um papo reto e sincero com quem você não precisa medir as palavras. Se sentir revigorada após um encontro com amigas.

Receber um convite inesperado para participar de um evento ou um projeto que você já queria. Participar de alguma coisa que você queira, não porque foi convidada, mas porque foi lá, tentou e conseguiu.

Receber elogio sincero, mão amiga e olhar terno do bem-amado.

Cultivar o amor aos seus, nos pequenos gestos, como quem rega a plantinha na varanda.

Abraço de filho. Acompanhar o crescimento dele. O olhar e a risada de um bebê, que nem precisa ser o seu. Dobrinhas, muitas dobrinhas.

Escrever por gosto. Ler o que terminou de escrever e gostar do que leu. Ganhar novos leitores. Receber o retorno de uma leitura e saber que uma palavra sua foi capaz de tocar alguém.

Deitar na cama, de noite, pra ler um pouco no conforto do melhor lugar do mundo, que é a própria cama.

Todas essas pequeninas alegrias cotidianas podem parecer pouco para quem busca grandes aventuras, para quem acredita que viver intensamente é ter experiências grandiosas. Não quero a coragem do absurdo, do impulso, do espetacular. Não faço conta dos holofotes para o outro ver.

Coragem mesmo é construir uma vida real e sincera, edificar em si as maiores virtudes de se saber pequeno, finito, imperfeito, mas cheio de possibilidades para crescer e ser melhor, dia a dia.

Não quero esperar pelas grandes alegrias que talvez um dia venham. Quero a graça desses instantes miúdos que fazem a vida grande.

*Luisa Sá Lasserre é jornalista, autora do livro de crônicas “Pensei, mas não disse” (Ed. Patuá)

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Tags:

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