SINAL DE PAZ
Putin sinaliza acordo territorial para encerrar conflito com Ucrânia
Líder russo mantém exigências sobre neutralidade de Kiev e reconhecimento de ganhos estratégicos

Por Rodrigo Tardio

Em movimento que atraiu a atenção de diplomatas e analistas internacionais, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sinalizou pela primeira vez uma abertura para discutir a troca de territórios como parte de um eventual acordo de paz para encerrar a guerra na Ucrânia.
A fala ocorre em um momento de impasse no front e crescente pressão sobre as economias dos países envolvidos.
Leia Também:
Proposta
Durante pronunciamento, Putin indicou que Moscou poderia aceitar rearranjos geográficos, desde que os interesses de segurança da Rússia sejam preservados.
Na prática, isso sugere que o Kremlin estaria disposto a ceder o controle de certas áreas ocupadas em troca da consolidação definitiva da posse sobre regiões consideradas vitais, como a Crimeia e partes do Donbass.
Especialistas apontam, no entanto, que a "abertura" russa vem acompanhada de condições rígidas, como a renúncia formal de Kiev à entrada na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), continua sendo uma cláusula inegociável para Moscou.
Pediu ainda o reconhecimento internacional das áreas anexadas pela Rússia desde 2014 e 2022 e limites claros à capacidade bélica ucraniana.
Reação internacional
A resposta de Kiev foi imediata e cética. O governo de Volodymyr Zelensky mantém a postura de que qualquer acordo de paz deve passar pela restauração total das fronteiras ucranianas de 1991. Para as autoridades ucranianas, a fala de Putin pode ser uma estratégia de comunicação para reduzir o apoio ocidental ao envio de armas, pintando a Rússia como a parte "disposta a negociar".
No Ocidente, a sinalização é vista com cautela. Washington e Bruxelas reiteram que "nada será decidido sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", mas admitem, nos bastidores, que o cansaço com a guerra prolongada está forçando a busca por saídas diplomáticas antes ignoradas.
"A fala de Putin é um balão de ensaio. Ele testa a unidade do Ocidente e a resiliência de Kiev, ao mesmo tempo em que prepara sua própria opinião pública para um desfecho que pode não ser a vitória total imaginada no início da invasão", afirma Mikhail Petrov, analista de política externa.
Cenário de incerteza
Embora a menção a "troca de territórios" pareça um recuo, o controle russo sobre cerca de 18% do território ucraniano dá ao Kremlin uma moeda de troca significativa.
O desafio diplomático reside em encontrar um denominador comum onde ambos os lados possam declarar algum nível de vitória interna para suas populações.
Enquanto as palavras circulam nos corredores diplomáticos, no terreno a realidade permanece inalterada: os combates seguem intensos no leste, e a infraestrutura energética da região continua sendo alvo de ataques constantes, elevando o custo humano de um conflito que já ultrapassa mil dias.
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes



