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Rival de Maduro, González Urrutia, chega à Espanha após pedir asilo

Opositor venezuelano passou um mês escondido na Venezuela antes de partir

Por AFP

08/09/2024 - 13:52 h
Primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, chamou González Urrutia de "herói que a Espanha não vai abandonar"
Primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, chamou González Urrutia de "herói que a Espanha não vai abandonar" -

O opositor Edmundo González Urrutia, rival de Nicolás Maduro nas questionadas eleições de 28 de julho, chegou neste domingo,8, à Espanha, onde receberá asilo político, após deixar a Venezuela, onde passou mais de um mês escondido.

O avião da Força Aérea Espanhola que transportava González, que viajou com a esposa, pousou na base Torrejón de Ardoz, perto de Madri, pouco depois das 16H00 locais (11H00 de Brasília), informou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado.

A líder da oposição, María Corina Machado, afirmou que a saída da Venezuela do candidato foi necessária para "preservar sua liberdade e sua vida", em meio a uma "brutal onda de repressão".

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"Sua vida corria perigo, e as crescentes ameaças, citações, mandados de prisão e, inclusive, tentativas de chantagem e coação de que foi objeto demonstram que o regime não tem escrúpulos nem limites em sua obsessão em silenciá-lo e tentar subjugá-lo", escreveu Machado na rede social X.

"Ante esta realidade brutal, é necessário para nossa causa preservar sua liberdade, sua integridade e sua vida", completou.

Algumas horas antes, o chefe da diplomacia espanhola, José Manuel Albares, havia confirmado que González estava a caminho do país, onde receberia asilo político.

Gonzáles Urrutia "também solicitou ser beneficiado pelo direito de asilo, que certamente o governo espanhol vai processar e conceder", disse o ministro em Omã, durante uma escala de sua viagem oficial à China.

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No sábado, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, chamou González Urrutia de "herói que a Espanha não vai abandonar", durante uma reunião do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) em Madri.

Dia triste

A saída da Venezuela de González Urrutia, um diplomata de 75 anos, acontece em meio a uma crise iniciada com as eleições presidenciais nas quais Maduro foi oficialmente reeleito para um terceiro mandato de seis anos, apesar das denúncias de fraude apresentadas pela oposição.

"Hoje é um dia triste para a democracia na Venezuela", afirmou o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, em um comunicado no qual destaca que "na democracia, nenhum líder político deveria ser forçado a buscar asilo em outro país".

"A UE insiste que as autoridades venezuelanas acabem com a repressão, as detenções arbitrárias e o assédio contra membros da oposição e da sociedade civil, assim como libertem todos os presos políticos", acrescenta a nota.

González, que estava escondido desde 30 de julho, passou um período na embaixada da Holanda em Caracas antes de seguir para a embaixada da Espanha em 5 de setembro, explicou Borrell.

O candidato opositor reivindica a vitória nas eleições que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), terminaram com a reeleição de Maduro.

O CNE não divulgou as atas de votação de cada seção eleitoral, com a lei exige, alegando que seu sistema foi alvo de um ataque de hackers.

Salvo-condutos

A viagem de González foi antecipada no sábado pela vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, que afirmou que o governo concedeu os salvo-condutos apropriados em nome da tranquilidade e da paz política do país".

"No dia de hoje, 7 de setembro, saiu do país o cidadão opositor Edmundo González Urrutia, que, depois de se refugiar voluntariamente na embaixada do Reino de Espanha em Caracas há vários dias, solicitou a este governo a tramitação do asilo político", anunciou Delcy Rodríguez nas redes sociais.

O horizonte jurídico de González ficou muito complicado nos últimos dias. A justiça venezuelana, acusada de servir o chavismo, investiga o candidato pela divulgação de cópias das atas de votação em um site que atribui ao opositor a vitória na eleição presidencial.

Um tribunal com jurisdição para casos de terrorismo ordenou sua detenção em 2 de setembro, por investigações de crimes que incluem "desobediência às leis", "conspiração", "usurpação de funções" e “sabotagem", depois que Urrutia não compareceu a três citações judiciais.

Controvérsia

A oposição liderada por María Corina Machado afirma que o site no qual digitalizaram as cópias das atas de votação obtidas por testemunhas nas seções eleitorais comprova a vitória de González Urrutia com mais de 60% dos votos.

O governo afirma que o material é fraudulento e repleto de inconsistências.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou que fará "declarações importantes" em uma entrevista coletiva neste domingo.

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Estados Unidos, União Europeia e vários países da América Latina rejeitaram o resultado anunciado pelo CNE e pediram uma verificação dos votos.

A proclamação da vitória de Maduro, com 52% dos votos, desencadeou protestos em todo o país que deixaram 27 mortos, 192 feridos e 2.400 detidos.

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Tags:

asilo político Edmundo González Urrutia. eleições de 28 de julho espanha Nicolás Maduro opositor rival venezuela

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