MUNDO
Trump não vê 'margem' para evitar tarifas no México e Canadá
Presidente americano diz que não há espaço para negociação com os países vizinhos
Por AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 3, que “não há margem” de manobra para que México e Canadá evitem tarifas de até 25% sobre suas exportações, quando faltam poucas horas para sua entrada em vigor, e acrescentou mais 10% às aplicadas sobre a China.
"Não há margem para México ou Canadá", declarou Trump aos jornalistas da Casa Branca. “As tarifas, já sabem, estão prontas. Entre em vigor amanhã [terça-feira]”, acrescentou.
Em declarações à Fox News no fim de semana, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, deixou a porta aberta para possíveis mudanças: "Exatamente em que consistem, vamos deixar isso para que o presidente e sua equipe negociem."
Logo depois da meia-noite local (2h de terça-feira em Brasília) expira a pausa de um mês concedido por Trump em 3 de fevereiro com a intenção declarada de se chegar a um acordo.
Caso não mude de opinião, o presidente americano vai importar tarifas de até 25% para exportações do México e Canadá, até que, segundo ele, "se impeça ou limite" a entrada de drogas nos Estados Unidos, mesmo com os dois países sendo seus parceiros no tratado de livre comércio T-MEC.
Trump também aplicou nesta segunda uma tarifa geral adicional de 10% sobre as importações provenientes da China, que se somam aos 10% iniciais que entraram em vigor no início de fevereiro. Ou seja, 20% no total.
Após esses anúncios, Wall Street fechou com forte queda, de 1,48% no Dow Jones e de 2,64% no índice Nasdaq.
A Casa Branca critica o país asiático por sua “incapacidade” de “combater a avalanche de fentanil”, um opioide sintético que mata milhares de pessoas de overdose por ano nos Estados Unidos.
O presidente americano também acusa seus vizinhos Canadá e México de não impedirem a circulação de fentanil, além de não fazerem o suficiente para impedir uma migração irregular.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, pede “coragem, serenidade e paciência”, mas alerta que seu país está preparado. “Qualquer que seja a decisão, temos um plano”, disse a mandatária nesta segunda-feira, em sua habitual coletiva de imprensa matinal.
O México entregou aos Estados Unidos alguns dos narcotraficantes mais conhecidos na semana passada e invejosos milhares de militares para a fronteira nas últimas semanas, entre outras medidas, em uma tentativa de evitar a imposição das tarifas.
'Ameaça existencial'
Para o Canadá, as tarifas aduaneiras são uma "ameaça existencial", nas palavras da chanceler Mélanie Joly. "Milhares de empregos estão em jogo", anuncia.
O governo canadense garante que menos de 1% do fentanil e dos imigrantes que entram irregularmente nos Estados Unidos o fazem através de sua fronteira, mas ainda assim vem tentando agradar Trump, com um plano para melhorar a segurança fronteiriça e a indicação de um nome forte para coordenar a luta contra o fentanil.
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Provavelmente, as tarifas aduaneiras terão implicações nas cadeias de fornecimento de setores-chave como o automotivo e a construção.
Para Ryan Majerus, ex-funcionário americano da área comercial, a administração republicana tenta resolver problemas com os quais o país sofre há tempos, como o fentanil e a imigração, e melhorar as condições para as empresas americanas.
Essas tarifas deram “uma vantagem, como vimos com a reposta de Canadá e México até agora”, declarou ele à AFP.
Mas a forma de fazer, por decisão presidencial, é inédita "e ainda não se sabe como tudo isso se desenvolverá em possíveis ações judiciais", alertou Majerus, sócio do escritório de advogados King & Spalding.
'Produtos agrícolas'
Uma série de anúncios de tarifas não parou por aí. Nesta segunda-feira, Trump disse que pretende taxar os “produtos agrícolas” que entram nos Estados Unidos a partir de 2 de abril.
Os consumidores poderiam sentir o efeito nos preços, complicando, desta forma, as promessas de campanha de Trump de reduzir a inflação. A indústria já começa a notar os efeitos.
“Os aumentos de preços se aceleraram por causa das tarifas, o que causou atrasos em novos pedidos, descontos nos fornecedores e impactos nos estoques”, declarou Timothy Fiore, encarregado da pesquisa sobre o índice ISM, que mede a atividade do setor manufatureiro.
Até o momento, as tarifas impactaram, principalmente, fabricantes dos setores químico, de transporte, máquinas, eletrodomésticos e alimentos.
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