A TARDE EM PORTUGAL
Veja como conhecer ‘Lado B’ de Lisboa em quatro dias sem gastar muito
Aprecie os lugares que fogem do óbvio na capital lusitana
Por Brenda Lua Ferreira *
Se você sonha com a sua próxima viagem à Europa, comece por Lisboa. Além de ser considerada um portal de entrada para o continente, especialmente para o turista brasileiro, também é uma cidade referência da cultura ocidental e muito familiarizada com o Brasil, não só pela língua portuguesa. A presença da cultura árabe também pode ser percebida no histórico-cultural e arquitetônico da capital. Outra marca que se pode considerar são as 365 formas de cozinhar bacalhau, disponível em restaurantes para todos os gostos e orçamentos.
A última reportagem da série especial de A TARDE em Portugal mostrou um pouco do gostinho brasileiro que permeia as ruas de Lisboa, capital lusitana. Nesta segunda matéria, o portal te leva diretamente para conhecer o “Lado B” da cidade e região metropolitana, em quatro dias, sem gastar muito no verão. Acredite: mesmo em euros, é possível.
O clima em Portugal no verão começa em 21 de junho e vai até 23 de setembro. Durante esses três meses você pode esperar muito calor e pouca (ou nenhuma) chuva. Confira o roteiro abaixo e se programe.
Dia 1
Comece o dia com uma visita ao Parque das Nações, que é uma área reconstruída no Rio Tejo, o principal da cidade. Entre espaços verdes com arte pública, você encontra construções contemporâneas e impressionantes como o Oceanário de Lisboa. Nos arredores, há restaurantes badalados à beira-rio e o Centro Vasco da Gama, com lojas e cinemas em um prédio com teto de vidro.
A Torre Vasco da Gama abriga um restaurante com vista panorâmica e um dos hotéis mais luxuosos da região, o Myriad. Não é necessário se hospedar lá, mas vale a pena conferir a vista no Babilónia, que também conta com serviço de bar no rooftop e realização de alguns eventos. O pôr do sol é imperdível, mas a qualquer hora do dia você encontra uma vista de tirar o fôlego. A torre funciona todos os dias, das 10h às 18h (Última subida: 30 minutos antes do fechamento).
À beira-rio existem restaurantes para todos os gostos e valores, é possível até encontrar fast food, mas a indicação, definitivamente, é o restaurante D’Bacalhau. A ementa do local é composta por um extenso leque de pratos de bacalhau, entre eles, o Misto de Bacalhau. Um prato único no mundo, servido numa travessa grande, com quatro pequenos pratos que contém: Bacalhau à Brás, Bacalhau à Lagareiro, Bacalhau com Natas, bem como o famoso Bacalhau à Chef Júlio, nome responsável pelos melhores pratos do local e dono de uma simpatia que recebeu a equipe de reportagem com muita hospitalidade.
“Uma das nossas maiores vantagens é a proximidade ao Oceanário de Lisboa, que tem ligação, através do teleférico, à zona de restaurantes”, disse o Chef, ao acrescentar que o D’Bacalhau é um dos locais mais visitados pelos turistas que pretendem conhecer a tão famosa gastronomia portuguesa.
Como explicou o Chef Júlio, a equipe também aproveitou para pegar o teleférico e visitar o oceanário, mas fez o caminho inverso. Após o almoço, a programação ideal é pegar o teleférico e desembarcar no Oceanário de Lisboa. Ótima opção de passeio para famílias. O teleférico ainda oferece a possibilidade de compra de um “combinado”, que define um valor único para o transporte e o museu.
Adultos pagam, ida e volta, 9,50€ e ida, 7,50€. Crianças de 3 a 12 anos, 6,50€ (ida e volta), e 5,50€ só ida. O bilhete combinado sai por 29,50€, adultos, 22,50€, adultos acima de 65 anos e 19,00€, crianças de 3 a 12 anos.
O Oceanário de Lisboa é um show à parte. Com uma variedade imensa de espécies de animais, é um ótimo atrativo para todas as idades. Após desembarcar do teleférico, a equipe do Portal A TARDE foi direto conhecer o museu que é considerado o melhor aquário do mundo pelo TripAdvisor em 2015, 2017 e 2018, o Oceanário de Lisboa promove a proximidade com o oceano e com as suas 8000 criaturas marinhas. Ingressos fora do combinado com o teleférico custam entre 15,00€ e 25,00€.
Dia 2
Este roteiro é uma boa oportunidade para esticar um pouco mais o passeio turístico e mergulhar mais a fundo na história e cultura de Lisboa. Neste dia você pode conhecer o Arco da Rua Augusta, Lisboa Story Centre (3€) um museu interativo, que dá a oportunidade dos visitantes imergirem em uma experiência auditiva e visual muito reais.
A vantagem de fazer o passeio na região da Rua Augusta, é poder ir andando para cada ponto. A dica do almoço neste dia, é o Café Martinho da Arcada. Tradição desde 1782, mais antigo da cidade, o restaurante possui marcas históricas ao longo desses séculos. Entre elas, a mesa que era ocupada por Fernando Pessoa, um dos mais importantes escritores portugueses do modernismo e um dos maiores poetas de língua portuguesa. O local segue bem conservado e com fotos emolduradas do escritor, penduradas na parede.
Entre as especialidades da casa, estão Bife à Martinho, Espetada à ribatejana, Sardinhas Assadas e Bacalhau à Martinho. Este último é a junção perfeita, sendo oferecida uma posta de bacalhau especial da Islândia, frito e regado com azeite e cebola e batata frita portuguesa.
Aproveite o pós-almoço para passear pelo centro de compras do Arco da Rua Augusta. Uma combinação entre construções de pedras coloridas e lojas que oferecem promoções, com roupas e acessórios custando a partir de 2€.
Dia 3
Após um passeio cultural, é bom conhecer mais ainda de perto, as delícias da região mais famosa de Portugal. Separe este dia e se prepare para comer bem e bastante. Começamos o roteiro pegando a ponte Vasco da Gama, a mais longa da Europa, com cerca de 18 km, para o Parque Natural da Arrábida, uma reserva situada na península de Setúbal, abrangendo os municípios de Palmela, Setúbal e Sesimbra. Fica a cerca de 40 minutos de Lisboa, de carro.
Esse trajeto é necessário para chegar ao Mercado do Livramento. Funciona como o que conhecemos no Brasil, como “mercado municipal”. Há uma variedade imensa de produtos, como frutos do mar e peixes frescos, além de frutas, doces típicos e artesanatos.
Não muito longe do mercado, a cerca de 10 minutos de carro, está a fábrica do famoso queijo de Azeitão. Um queijo de ovelha, considerado diversas vezes como o melhor a nível mundial.
O processo de fabricação do queijo foi acompanhado pela equipe do Portal A TARDE, na Queijaria Vitor Fernandes, tradicional familiar do concelho de Palmela, criada em 1988, e é a empresa mais antiga no mercado a produzir Queijo de Azeitão. Veja abaixo:
> Depois de receber o leite nas máquinas, é filtrado antes de entrar no tanque de refrigeração onde permanece a uma temperatura entre 0 e 5 graus;
> Passa-se o leite para as cubas aquecidas e adiciona-se o sal. Depois de algum tempo, entre 40 e 90 minutos, é hora de adicionar o cardo. A flor do cardo foi previamente moída e colocada num recipiente com água durante 8 horas, e vai ser a responsável pelo processo de coalhada, quando o leite passa a estar num estado sólido. Permanece nas cubas cerca de 20 a 30 minutos, consoante o desenvolver da massa. Quando estiver pronta para ser trabalhada, vai ser retirado o soro.
> São lavados e posteriormente transportados para uma câmara cuja temperatura é superior e a umidade mais baixa, fatores que vão permitir a formação da crosta. Neste processo, as cintas são trocadas e os queijos são lavados diversas vezes.
> Nesta fase, o queijo fica a maturando mais 10 dias nas câmaras e depois da última lavagem descansa mais três dias até ser embalado e estar pronto para ser comercializado. No total, necessita no mínimo de 22 dias de cura nas câmaras de maturação.
Os queijos são enformados e apertados de um lado e outro. Permanecem entre 4 e 5 horas nessas formas e depois são colocados na primeira câmara de maturação entre 6 e 10 dias. E está pronto para consumir.
De acordo com José Sousa, responsável pelo controle de convidados da queijaria, “para produzir o queijo de Azeitão, o leite tem que ser proveniente de três regiões: Sesimbra, Palmela e Setúbal. Além disso, é certificado, então, só é possível ver que é queijo de Azeitão, se tiver marcado por esses três locais. Porque tem quem produza o queijo de ovelha, mas não é certificado”.
Do queijo, ao vinho. Passeando de carro pela estrada que dá o privilégio de uma vista panorâmica da capital Lusitana, vale a pena fazer uma visita ao Palácio da Bacalhôa.
Bacalhôa, esposa do Bacalhau
Essa história curiosa está abrigada em paredes de pedra e uma Quinta mais que tradicional da região de Setúbal. A arquitetura, a decoração e os jardins do Palácio foram influenciados ao longo dos séculos pelos diferentes proprietários, inspirados pelas suas viagens através da Europa, da África e do Oriente.
Ao longo dos tempos, o Palácio foi sendo embelezado com azulejos portugueses do séc. XV e XVI evocando desenhos mouriscos e com uma casa do lago. Do interior ao exterior, é possível ver peças únicas da coleção de arte privada, passando pelos jardins e vinhas até a casa do lago onde dá para encontrar o primeiro azulejo datado em Portugal.
“O Palácio foi vendido posteriormente à família Albuquerque. Jerônimo Teles de Albuquerque, era conhecido como o ‘senhor Bacalhau’, por vender e exportar bacalhau na região. Quando ele falece e a sua viúva fica, portanto, as pessoas passaram a chamá-la de senhora Bacalhôa, que é literalmente a mulher do bacalhau”, revelou Sofia Caleira, responsável de loja e guia do Palácio.
Segundo Sofia, após a visita, é possível fazer uma degustação dos melhores vinhos da vinícola, com uma vista para a piscina antiga. Os valores são: 12,00€ só a visita, e 15,00€, se você optar pela degustação.
Depois, vale ainda a visita a Casa de Palmela, propriedade tombada em 1640. Também funciona como hotel, mas os turistas podem optar apenas pelo almoço com uma vista para a serra. O restaurante Zimbral, com uma cozinha de sabor de inspiração Portuguesa, Africana e Asiática, apresenta uma culinária inclusiva, que faz referência à história de Portugal e à presença do País nesses destinos. Aberto todos os dias das 7h30 às 22h30.
Dia 4
Para o quarto e último dia, aproveite a saída mais leve para uma visita ao museu de Mafra, localizado no Palácio Nacional da cidade. Tendo sido residência de Verão da família real, o Palácio possui várias coleções de origem portuguesa, italiana e francesa executadas por encomenda real, incluindo pintura e escultura barrocas.
É imprescindível visitar a Biblioteca em estilo rocaille, situada na ala nascente do Convento de Mafra. Instalada na sala mais nobre do monumento, e que com 83 metros de comprimento é a mais importante Livraria monástico-real do século XVIII, existente em Portugal. Foram os frades arrábidos que nos sécs XVIII-XIX organizaram os 40.000 volumes preciosos da forma sistemática que se mantém até aos nossos dias.
Todas as quintas pela manhã, é possível ver atores voluntários, que se fantasiam de personalidades da época, com muita simpatia e sempre disponível para fazer fotos e vídeos. O horário de funcionamento é de 09:30 às 17:30, com valores a partir de 8,00€.
Lisboa Card
O passe dá acesso a mais de 50 atrações da capital portuguesa. Além disso, você poderá usar todas as modalidades do transporte público de forma ilimitada. Abaixo, listamos como funciona o cartão:
O cartão é ativado ao ser retirado nos diferentes pontos de coleta e é válido pela duração selecionada: de 24 a 72 horas. Se, por exemplo, você ativar o cartão de 24 horas na segunda-feira, às 13:45 horas, ele será válido até a terça-feira, às 13:45 horas. O cartão permite um único acesso a cada atração ou monumento incluído.
Com o seu cartão você poderá visitar a Torre de Belém. Você deverá fazer uma reserva prévia na bilheteria do quiosque de informação turística Ask Me Lisboa Torre, situado no jardim da Torre de Belém.
Os horários para esta reserva são: das 10:00 às 12:00 horas e das 14:00 às 17:30 horas. Nos feriados (24 e 31 de dezembro e 1º de janeiro), estará fechada. A Torre de Belém também abre de terça a domingo, das 10:00 às 17:30 horas.
Você pode retirar o seu cartão Lisboa Card nos lugares:
Terminal de chegadas do Aeroporto de Lisboa: das 7:15 às 21:30 horas.
Posto de Turismo do Terreiro do Paço (Praça do Comércio): das 10:00 às 18:30 horas.
Centro Tejo (Estação Fluvial Sul e Sueste, Praça do Comércio): das 10:00 às 13:00 horas e, das 14:00 às 18:30 horas.
Centro Interpretativo da História do Bacalhau (Praça do Comércio): das 10:00 às 18:30 horas.
Posto de Turismo do Cais do Sodré: das 10:00 às 13:00 horas e das 14:00 às 18:30 horas.
Festival do Pão
O Festival do Pão ocorre anualmente, no mês de julho, no Jardim do Cerco, que promove o pão de Mafra, mas também a ligação entre os diversos agentes locais, reforçando a atratividade turística local. O evento reúne gastronomia, produtos locais, música, animação, jogos tradicionais, feira e um local de encontro com programação cultural diversificada, o Fórum do Pão. A entrada para a feira ao ar livre é gratuita.
Degustação de vinhos Adega da Murnalha
A Adega da Murnalha fica a 45 min de Lisboa, dedicada à produção, engarrafamento e comercialização de vinhos com indicação geográfica protegida (IGP) da Região de Lisboa.
Tendo iniciado a produção de vinho em setembro de 2016, aproveitando o potencial vinícola instalado nas propriedades de família dos sócios, os primeiros vinhos foram engarrafados em dezembro de 2017, aguardando mais de um ano para que estes pudessem expressar todas as suas potencialidades. É possível encontrar um espaço da adega no festival do pão.
Na próxima matéria, o portal A TARDE revela atrativos do litoral, que é pouco conhecido pelos próprios habitantes. Muitas opções de praias para todos os gostos, inclusive, para os amantes do surfe.
* A repórter viajou à convite da Associação Turismo de Lisboa.
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