MUNDO
Vencedora do Nobel da Paz é presa novamente no Irã
Detenção ocorreu durante uma cerimônia em memória do advogado Khosrow Alikordi

Por Isabela Cardoso

Em um ato que intensifica a repressão do regime de Teerã contra a sociedade civil, a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2023, a proeminente ativista dos direitos das mulheres Narges Mohammadi, foi presa novamente nesta sexta-feira, 12.
A detenção ocorreu durante uma cerimônia em memória do advogado Khosrow Alikordi, cuja morte recente é alvo de denúncias de "assassinato de Estado" por ONGs.
A informação foi confirmada pelo perfil da fundação que leva o nome da ativista no X (antigo Twitter), e também por seu marido, Taghi Rahmani, que vive em Paris. Mohammadi foi detida na cidade de Mashhad, no leste do país, juntamente com outros ativistas, incluindo Sepideh Gholian.
Detida em meio a slogans antirregime
A prisão de Mohammadi, de 53 anos, ocorreu no sétimo dia tradicional após a morte do advogado Khosrow Alikordi, encontrado morto em circunstâncias nebulosas em seu escritório na semana passada. Alikordi defendia clientes em casos politicamente sensíveis, incluindo aqueles detidos durante os protestos que abalaram o Irã em 2022.
Imagens divulgadas pela agência Hrana (Notícias sobre Ativistas dos Direitos Humanos) mostraram Mohammadi sem o véu obrigatório (hijjab) no evento, onde ela e outros apoiadores gritaram slogans como “morte ao ditador”, “viva o Irã” e “lutamos, morremos, não aceitamos humilhação”. Outros vídeos mostram a ativista incentivando o público a entoar os slogans antes de ser detida.
Um histórico de repressão e condenações
Narges Mohammadi foi detida em 2021 e estava sob custódia na notória Prisão de Evin, em Teerã. Embora tivesse permissão para uma saída temporária da prisão em dezembro de 2024, seu histórico de resistência é extenso.
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Desde o final dos anos 1990, ela foi detida pelo menos 13 vezes e já foi condenada seis vezes a penas que somam mais de 30 anos de prisão, além de 154 chibatadas, entre outros castigos.
A ativista, que já sofreu vários problemas de saúde na prisão, incluindo ataques cardíacos e uma cirurgia de emergência, manteve uma postura desafiadora mesmo quando autorizada a se manifestar. Ela se recusou a usar o véu e continuou a denunciar violações de direitos humanos no Irã, como a pena de morte e a violência contra mulheres.
"Luta contra a opressão das mulheres"
Os dois filhos gêmeos de Mohammadi receberam o Prêmio Nobel da Paz em seu nome em 2023, em Oslo. Ela não os vê há 11 anos e, no mês passado, revelou ter sido permanentemente proibida de deixar o Irã.
O Comitê Norueguês do Nobel reconheceu Mohammadi “por sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela promoção dos direitos humanos e da liberdade para todos”. Sua nova detenção, em um ato público de luto e protesto, reforça seu papel como um símbolo global de resistência.
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