Comunidade de Itaparica clama por melhorias em escolas após denúncia do MP-BA

Uma inspeção do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), em algumas escolas do município de Itaparica, Região Metropolitana de Salvador, revelou inconformidades na infraestrutura das unidades. Elas estão entre as 20 escolas que foram inspecionadas, em um único dia, por membros do órgão.

Uma das unidades escolares visitadas pelo MP-BA, foi a de Manguinhos, comunidade de pescadores do município de Itaparica, onde pelo menos 70 alunos, com idades entre 7 e 11 anos, assistem aulas de forma adaptada em duas salas de uma casa, que funciona há 60 anos como escola no bairro.

A denúncia traz à tona uma demanda unânime de pais de estudantes, como falta de espaço de uma área de lazer para atividades, que impossibilita a realização das aulas de Educação Física.

As demandas dos pais de alunos foram ouvidas pela equipe de reportagem do portal A TARDE, que esteve na Ilha de Itaparica, na quinta-feira, 24, para acompanhar a denúncia de perto.

"A escola aqui de Manguinhos precisa de muito coisa, além de não ter um espaço para festas e para aulas de Educação Física. Precisa fazer uma requalificação total neste sentido", disse uma mãe de aluno que não quis se identificar.

A preocupação dos pais passa ainda pela segurança dos estudantes, sem um piso adequado para atividades lúdicas.

"Não tem um espaço de local adequado, um parque, um espaço seguro, sem cimento duro e encascalhado como estão. Se uma criança corre e cai, se machuca todo nesse tipo de solo", disse outro pai de estudante, também sem se identificar.

Importância do espaço adequado

A diversão na escola é imprescindível para o desenvolvimento das crianças, o que proporciona momentos de lazer, interação social e aprendizagem por meio do brincar. Sem diversão, a aprendizagem dos alunos pode ser impactada.

A ludicidade é usada como ferramenta pedagógica para o aprendizado significativo e o desenvolvimento integral da criança, na Educação Infantil, o que abrange aspectos, motores, cognitivos e criativos.

Para o professor de Educação Física Escolar, André Villar, o lúdico também inclui o usar do brincar para desenvolver o aprendizado do aluno.

"O aluno adquire os conhecimentos que o professor quer, desenvolvendo as habilidades motoras de maneira prazeirosa brincando. Além disso, aprende a se relacionar com colegas de forma organizada. Além disso o lúdico propicia o aprendizado a quem tem dificuldades ou quem esteja sem a vontade do aprender", disse.

André Villar ressalta ainda que no processo de ensino envolvendo o lúdico, é preciso ter um bom planejamento.

"Não adianta realizar uma atividade, a qual no fim não se atinja o aprendizado esperado e que respeite a individualidade de cada aluno. O professor precisa estimular a participação do aluno, para que eles sejam criativos", reiterou.

Escola sem aula

A reportagem visitou ainda a Escola Perolina Gonçalves da Cruz, também em Itaparica, onde no último mês de abril, o teto da unidade desabou, deixando 13 alunos feridos. Outros quatro adultos também se feriram no acidente. A turma estava em aula no momento do acidente.

O espaço está há três meses sem funcionar após o desabamento. Nossa equipe esteve em um espaço anexo a unidade, mas fomos informados por funcionários, que o local não tem atividades escolares.

Em nota, a Prefeitura de Itaparica diz que o projeto para a construção de uma nova escola no bairro de Manguinhos, a qual vai reunir todos os estudantes da atual unidade em um único prédio. Diz ainda que a proposta é licitar as obras ainda no segundo semestre deste ano, com início previsto logo após a conclusão desse processo.

Sendo assim, não vão ser realizadas intervenções na escola atual, uma vez que o projeto contempla a transferência definitiva dos alunos para o novo espaço. A unidade escolar atual deve ser destinada, futuramente, à Casa do Pescador, conforme estabelecido no projeto.

Em relação à Escola Municipal Criança Feliz Perolina Gonçalves da Cruz, que sofreu um desabamento parcial do teto de uma das salas de aula no mês de abril, a Prefeitura informa que os alunos foram imediatamente realocados para um prédio alugado e aguarda o laudo técnico da perícia realizada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, para dar início à licitação para recuperação da sala atingida e, se necessário, executar outros reparos na unidade.