RESISTÊNCIA E CELEBRAÇÃO
46 anos de legado: Olodum faz do som a história
Grupo festejou aniversário com show na Praça das Artes neste domingo, 27
Por Luana Leal

46 anos definitivamente não são 46 dias. Muita história foi vivida pelo Olodum, e essa trajetória de resistência e celebração foi exaltada na tarde deste domingo, 27, durante o tradicional Ensaio de Aniversário, na Praça das Artes, no Pelourinho, em Salvador. Com a força dos tambores e a energia de sua banda, o Olodum celebrou quase meio século de música, identidade negra e transformação social.
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O grupo surgiu em 25 de abril de 1979, em meio à ditadura militar, quando sete amigos se reuniram no Maciel-Pelourinho para criar um bloco afro que permitisse à comunidade negra não apenas trabalhar no Carnaval, mas também brincar e se expressar. O que começou como um gesto simples de resistência se transformou em um dos maiores movimentos culturais do Brasil, levando a batida do samba-reggae para o mundo.
Desde os anos 80, o grupo baiano marcou presença em parcerias históricas, como a gravação do clipe ‘They Don’t Care About Us’, de Michael Jackson, nas ladeiras do Pelourinho. A internacionalização do grupo foi acompanhada de projetos socioculturais pioneiros, como a Escola Olodum, criada em 1983, voltada para a educação de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.

No palco da Praça das Artes, entre batuques e coreografias, o sentimento era de renovação. “O Olodum me acolheu quando eu era criança e mudou minha vida. Hoje, ver nossos filhos e netos dando continuidade a essa história é motivo de muita felicidade”, afirmou Lucas Di Fiori, um dos vocalistas, durante a apresentação.
Narcizinho, outro nome importante da banda, destacou o impacto social do grupo:
O Olodum não é só música, é formação de cidadãos. Através da música e da dança, capacitamos jovens e transformamos vidas.
A festa dos 46 anos também lembrou a trajetória de resistência contra o racismo estrutural e o preconceito religioso. Ao longo de sua história, o Olodum enfrentou dificuldades, falta de apoio e discriminação, mas seguiu rompendo barreiras. “A existência do Olodum é resistência pura. Muitas coisas mudaram graças a essa entidade negra”, declarou Lazinho, reforçando o papel do grupo na luta por igualdade.
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