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CINQUENTENÁRIO

51 anos do hip-hop: cultura resiste, transforma e busca reconhecimento

Movimentos lutam pelo tombamento do gênero e políticas públicas

Por Luana Leal

12/11/2024 - 18:35 h
Dia Mundial do Hip-Hop
Dia Mundial do Hip-Hop -

Neste 12 de novembro, Dia Mundial do Hip-Hop, é celebrada uma cultura que há 51 anos vem moldando gerações, promovendo transformações sociais e, mais recentemente, conquistando o reconhecimento de políticas públicas e espaço como setor cultural no Brasil.

Movido por seus cinco elementos — o DJ, o MC, o break, o grafite e o conhecimento —, o hip-hop tem crescido e se consolidado, especialmente em comunidades carentes, como um instrumento de transformação social, artística e econômica.

De acordo com Cláudia Maciel, uma das coordenadoras gerais do movimento Construção Nacional do Hip-Hop, o hip-hop é fundamental nas regiões onde a presença do Estado é escassa. "O hip-hop está em todos os lugares que o governo e nenhuma política pública chegam", afirmou Cláudia ao Portal A TARDE.

Dia Mundial do Hip-Hop
Dia Mundial do Hip-Hop | Foto: © José Cruz | Agência Brasil

>>> "40 anos do Axé é um funeral", diz Gerônimo sobre fase atual do gênero

Um dos marcos mais recentes para o hip-hop foi o decreto de valorização e fomento à cultura assinado pelo presidente Lula em agosto de 2023. Esse documento representou um avanço para as políticas de incentivo à cultura hip-hop, além de incluir editais estaduais e nacionais voltados aos fazedores de cultura hip-hop em diversas categorias. Elias Assis Rodrigues, o “Gold CBX”, representante da Bahia no movimento, comentou sobre a conquista:

Esse reconhecimento permite que a gente lute por políticas públicas que promovam a cultura hip-hop, e isso é essencial para dar visibilidade e apoio a essa cultura que há tanto tempo é marginalizada

>>> Carlos Prazeres: "A orquestra é um microcosmo da sociedade"

Outro ponto importante discutido pela comunidade é o tombamento do hip-hop. Para Elias, este é um passo fundamental para garantir o suporte necessário para expandir seu impacto.

Quando o hip-hop é reconhecido, conseguimos correr atrás de políticas públicas, e, com isso, podemos desenvolver atividades direcionadas ao nosso movimento com incentivo do próprio governo. Esse tombamento é essencial para tornar isso possível

Elias Assis Rodrigues, "Gold CBX”

>>> 14ª Jornada de Dança começa nesta quarta; veja programação

Ao Portal A TARDE, a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA) informou que ‘segue acompanhando o processo de registro especial da Cultura e Movimento Hip-Hop como Patrimônio Imaterial do Estado, que está em análise por técnicos do Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), unidade vinculada à Secretaria’.

Construção Nacional do Hip-Hop (Bahia) reunidos com o Secretário de Cultura do Estado, Bruno Monteiro, em 2023
Construção Nacional do Hip-Hop (Bahia) reunidos com o Secretário de Cultura do Estado, Bruno Monteiro, em 2023 | Foto: Arquivo | Construção Nacional do Hip-Hop

Muito mais que a arte

Além de seu papel cultural e artístico, o hip-hop também se mostra essencial para a segurança pública e a transformação social em comunidades vulneráveis. Elias explica que, ao engajar jovens em atividades culturais, o movimento ajuda a afastá-los da criminalidade.

O hip-hop tira as crianças da rua, das proximidades do crime, e as coloca em atividades culturais que, além de oferecerem uma perspectiva diferente, movimentam a economia criativa", disse. "A cultura hip-hop faz com que essas crianças percebam que podem viver de cultura, que cultura não é apenas um hobby

Elias Assis Rodrigues, "Gold CBX”

O movimento também colheu resultados importantes ao entregar um dossiê de mais de mil páginas ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com o inventário da cultura hip-hop no Brasil, incluindo informações de todos os estados. Esse documento é um passo importante no processo de reconhecimento do hip-hop como patrimônio imaterial brasileiro.

Honrando os 51 anos de história do movimento, os defensores da causa buscam garantir que ele continue crescendo e ajudando a construir um futuro mais inclusivo e consciente. Como afirmou Cláudia Maciel, a dança, o rap, o grafite e o DJing são ferramentas poderosas que permitem que os jovens e adultos das periferias brasileiras "se conectem consigo mesmos, com suas origens e com aquilo em que acreditam".

Integrantes do movimento Construção Nacional do Hip-hop
Integrantes do movimento Construção Nacional do Hip-hop | Foto: Filipe Araújo | MinC

Programação voltada à comemoração do cinquentenário

Ao Portal A TARDE, a Secult-BA informou que ‘como parte da comemoração do cinquentenário do Hip-Hop, os editais da PNAB Bahia contemplam modalidades de Premiação e Fomento a Execução Cultural do Hip Hop, com investimento de R$ 1 milhão'.

Além disso, a Fundação Cultural do Estado (Funceb), é parceira em encontros, festivais e eventos do Hip-Hop, atendendo com estrutura e assessoramento técnico às demandas sociais, a exemplo de formações específicas para o setor em elaboração de projeto, em apoio a encontros e fóruns estaduais e federais do Hip-Hop e Slam BR, previstos para o mês de dezembro de 2024.

Em comemoração à data, nesta terça-feira, 12, acontece a oficina de "Assessoria de Imprensa para Lançamentos Musicais", com Vinicius Cerqueira, às 19h, na Casa do Hip-Hop Bahia, localizada no Largo Quincas Berro D'Água. Durante a semana, o Hip-Hop também integra a programação do Novembro das Artes Negras, com show gratuito de Vandal com participação de Áurea Semiséria, Opanijé e Dnguni, no sábado, 16, às 20h, no Cine Teatro Solar Boa Vista.

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Tags:

Arte de rua. Break Grafite Hip Hop MC Rapper street art

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