MÚSICA
Armandinho, JJ Thames e grandes nomes fazem final épico no Capão in Blues
Multidão lotou a praça para evento

Por Isabela Cardoso

O Vale do Capão viveu, neste sábado, 22, uma daquelas noites que não se explicam, só se sente. No último dia do Festival Internacional do Capão in Blues 2025, a praça da vila, iluminada por luzes quentes e acolhida pelas montanhas da Chapada Diamantina, amanheceu comum, mas adormeceu mágica.
Famílias inteiras se acomodavam com calma, jovens formavam rodas que cresciam a cada abraço reencontrado, casais se aninhavam sob o frio suave da serra. Aos poucos, o público tomou cada centímetro disponível, da calçada ao coreto, transformando a praça em um grande anfiteatro a céu aberto.
“Enfrentamos uma chuva imensa na quinta-feira, mas como tem que ser, sexta-feira tudo floresceu, a gente fez um show, esse sábado foi maravilhoso, a gente aprendeu mais uma vez. O Capão ensina. Em 2026 vem a surpresa que nós já fechamos com patrocinadores, em outra, em breve divulgaremos. Estamos muito felizes com a curadoria, com as bandas, com o retorno do público. Foi difícil, foi trabalhoso, mas a gente também teve uma equipe nova toda montada. Imagine um time de futebol que remonta toda a sua equipe. A gente remontou, mas conseguimos vencer e isso é o que deixa a mim e o José, tranquilos”, comentou Ildázio Tavares Jr., um dos idealizadores do festival, ao lado de José Alves.
A noite também contou com a presença da cantora e Ministra da Cultura, Margareth Menezes, que acompanhou parte da programação de forma discreta entre o público.
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O primeiro acorde
A primeira fagulha da noite veio das mãos de Júlio Caldas, guitarrista que entende a música como quem entende uma estrada antiga. Entre blues, folk e rock, ele desenhou caminhos sonoros que pareciam atravessar o Vale inteiro. A plateia, já entregue, mergulhou com ele.
“O show foi em cima do repertório do disco que eu acabei de lançar, que é o blues do Delta do Paraguaçu. O disco Lie Obá é um disco que eu fiz os arranjos, a gente trabalhou o disco juntos, então o show foi uma mistura dos nossos repertórios, blues autoral, trazendo o blues para um ambiente da música brasileira, com o canto em português e com algumas intenções musicais também… São duas coisas maravilhosas, estar no Capão e tocar blues, que é o que eu mais gosto de tocar, que é o meu gênero preferido, duplamente satisfatório, muito massa”, disse Júlio.
Quando Lia Chaves entrou, trazendo na voz a força do seu “Lie Obá – A Mulher Blues”, o clima mudou de cor. Era como se cada nota carregasse um fragmento de história da música baiana.
“Estou maravilhada com o tamanho do projeto, a dimensão, a proporção que está tomando e essa oportunidade de dar para esse movimento do blues, muitos artistas podendo escoar sua arte. É mais um local de trabalho, de labor, onde a gente pode mostrar o nosso talento, nossa arte e também sustentar. O artista não vive só de brisa, precisa ter o retorno financeiro, e é mais um campo de trabalho que abre. O Capão é um lugar especial para mim, tem um lugarzinho bem quentinho no meu coração, porque eu vim para aqui antes de ter energia”, comentou Lia.
Assmar & Osmar

Depois, o festival ganhou outro contorno: Armandinho Macedo, patrimônio vivo da música brasileira, caminhou para o palco sob aplausos que pareciam vir das montanhas ao redor. Ao lado de Eric Assmar, curador do festival e guitarrista, os dois transformaram a segunda apresentação da noite em um espetáculo eletrizante, misturando blues, rock, frevo e uma energia quase impossível de descrever.
“Isso aqui é uma terra mágica, não só pelo clima do lugar, nessa natureza maravilhosa, mas pelas pessoas que absorvem essa energia. E eu estou tão feliz de estar aqui, dá uma sensação realmente de felicidade de estar participando de um festival maravilhoso, todo mundo que trabalha, que está envolvido com isso aqui, parece que a intenção de fazer o melhor e num astral muito bom. Eu em parceria com o grande Eric, esse bluesman baiano, que a gente vem desenvolvendo um trabalho, já fizemos DVD, já fizemos alguns shows, tem sido tão bom essa harmonia que a gente tem”, celebra Armandinho.
Do novo álbum “Assmar & Osmar” às improvisações que só acontecem quando o momento pede, o show correu como um rio forte, arrastando todo mundo junto.
“Eu estou muito feliz porque eu estou conseguindo trazer pro Capão in Blues um projeto que eu tenho já desde 2023, com um dos meus grandes ídolos, que hoje em dia é meu mestre, meu amigo, parceiro, que é o Armandinho Macedo. A gente lançou um álbum junto no último mês de agosto, que é esse trabalho que eu chamo de música de fusão. Tem essa espinha dorsal no blues, nos clássicos do rock, do mundo da guitarra, mas conversando com a música do Brasil, com a música do mundo, tem samba reggae, frevo ali em meio a esse caldeirão”, reforça Eric.
JJ Thames e o poder que atravessa o corpo

E então veio ela, de uma força vinda do Mississippi, lapidada pelo soul, pelo gospel, pelo R&B. A americana JJ Thames, elegante, arrebatadora, não entrou no palco, ela tomou o palco. Sua voz, que passeia entre o soul, o gospel e o R&B, parecia conversar diretamente com os corações espalhados pela praça.
Com presença solar e um timbre que atravessa qualquer distância, JJ fez da praça um templo. Cantava como se conversasse com cada pessoa ali, uma a uma, olhando nos olhos, entregando um pedaço de si em cada virada melódica.
E o público, completamente entregue, respondia coro, dançando, apontando celulares para o céu como se registrassem a própria emoção.
Cultura, território e futuro caminhando juntos
Com programação gratuita e integrada à paisagem da Chapada Diamantina, o Capão in Blues cresce 50% em relação ao primeiro ano, resultado do esforço de um festival que movimenta a economia criativa, fortalece fornecedores locais, incentiva o turismo sustentável e posiciona o Vale como um polo cultural em expansão.
A edição 2025 conta com apoio institucional da Dax Oil, que atua há 24 anos no Polo Industrial de Camaçari e desenvolve projetos em educação, tecnologia, gestão ambiental e inclusão social. A parceria reforça o compromisso do festival com práticas sustentáveis e impacto social positivo.
O festival tem organização e coordenação do Grupo A TARDE, A TARDE FM e Viramundo Produções, produção executiva da Trevo Produções, apoio da Prefeitura de Palmeiras e da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia e patrocínio da Dax Oil e do Governo do Estado da Bahia por meio do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.
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