POLÊMICA
Coordenador do IDAFRO comenta ação que cobra R$ 10 milhões a Claudia Leitte
Cantora pode pagar indenização em ação civil e também responder na esfera criminal
Por Redação
Como consequência de uma enúncia formalizada pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro, representada pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (IDAFRO) por meio do advogado Hédio Silva Jr, a cantora Claudia Leitte pode ter que pagar uma indenização de R$ 10 milhões após alterar a letra da canção "Caranguejo", substituindo o termo “Yemanjá” por “Yeshu’a”.
Uma audiência pública no Ministério Público da Bahia (MPBA) foi realizada na segunda-feira, 27, com o intuito de coletar provas sobre um caso de suposto racismo religioso cometido pela cantora Claudia Leitte.
O valor mínimo pedido no processo foi revelado ao Portal A TARDE pelo coordenador do IDAFRO, Hédio Silvam falou quais os objetivos legais visados pelo inquérito, apontando uma indenização milionária por parte da cantora
"O papel do inquérito é coligir provas com base nas quais o IDAF e o Ministério Público irão propor uma ação civil para que ela, ou cante a música com a composição original, ou não cante a música. E, com certeza, uma recomposição do dano por ser uma conduta reiterada, sendo impossível pensar em um valor abaixo de R$ 10 milhões", disse ao Portal A TARDE.
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Além disso, o advogado diz que a mudança da letra da música, registrada em 2014 sendo amplamente reproduzida e incorporada ao patrimônio cultural do país, é uma violação aos direitos culturas dos povos de religião afro-brasileiras.
"Não é apenas mudar uma letra de música, é desrespeitar um patrimônio cultural e espiritual, reforçando preconceitos,” disse Hédio, ainda apontando que a cantora confessou alterar a letra da música por motivos religiosos.
Além da indenização por conta da ação civil, Claudia Leitte também pode ser alvo de uma investigação criminal, segundo o advogado. Para Hédio, a cantora cometeu falsidade ideológica ao declarar alterações formais.
“Creio que nas próximas semanas os compositores serão ouvidos e, em um prazo estimado de 40 a 60 dias, já teremos o inquérito concluído,” explicou Dr. Hédio
A iyalorixá Jacira Ribeiro, que fez a denúncia por meio do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (IDAFRO) falou ao Portal A TARDE que vê o caso como "triste e doloroso".
"Para mim, quanto a mulher de Candomblé, a ativista da luta, eu acredito que é muito triste. Ainda mais por a gente estar na cidade mais negra fora da África, e ver os fundamentalistas tentando apagar a memória ancestral é muito doloroso."
Entenda o caso
Em dezembro, Claudia foi criticada por cantar a música "Caranguejo", mudando a palavra "Iemanjá" para "Yeshuá", que quer dizer "salvar" em hebraico e tem outras variações: Yeshuah, com H no final, que significa "salvação", e Yehoshua, que vem a ser "Deus salva".
Em vídeos que viralizaram nas redes sociais, a cantora aparece cantando “Eu canto meu Rei Yeshua” ao invés de “Saudando a rainha Yemanjá”, como já fez em outros shows.
Em função da decisão, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) disse que iria instaurar um inquérito para apurar um possível ato de racismo religioso cometido pela artista.
O Portal A TARDE entrou em contato com a assessoria da cantora, mas até o momento não obteve retorno.
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