AMOROSA
Paula Toller sobre Salvador: "Voltar é como reencontrar velhos amigos"
Cantora vai celebrar 40 anos de hits em show na capital baiana
Por Maria Raquel Brito*

É difícil encontrar alguém que nunca tenha cantado junto os versos de Como eu quero ou Por que não eu?. Seja no rádio ou em vídeos nas redes sociais, as canções continuam sendo sucessos estrondosos. As canções e também a voz responsável por elas: a de Paula Toller, que há 40 anos marca gerações à frente do Kid Abelha e na sua carreira solo. Para celebrar as bodas de esmeralda com o público, uma comemoração igualmente especial chega agora à terra soteropolitana: a turnê Amorosa, amanhã, na Concha Acústica.
Como uma celebração de décadas de sucesso, o repertório é repleto de clássicos, que se encontram com lançamentos mais recentes de Paula e também com músicas de outros artistas que ela admira.
A escolha cuidadosa foi feita ao lado do produtor Liminha, responsável pela direção musical de Amorosa. Músicas que marcaram época ganham novos arranjos, preparados especialmente para a ocasião.
“Mantivemos os sucessos que fazem parte da vida das pessoas, mas com uma nova roupagem, respeitando a essência das canções. Tem homenagens, lados B em voz e violão, e também os lançamentos mais recentes. Criamos um repertório afetivo e potente para festejar”, detalha Paula.
No palco, ela será acompanhada por uma banda de peso: Liminha (violão), Gustavo Camardella (violão e vocal), Pedro Dias (baixo e vocal), Gê Fonseca (teclados e vocal) e Adal Fonseca (bateria).
A rica curadoria musical se une ao cenário delicado pensado pelo diretor artístico Gringo Cardia e transforma a apresentação num espetáculo completo.
Todos os shows da turnê têm um pedacinho da Bahia, com obras do pintor e tapeceiro baiano Genaro de Carvalho compondo a cenografia.
“[A concepção da turnê] foi muito natural. Chamei gente com quem tenho uma história longa, que fez parte daquele momento mágico do pop-rock brasileiro dos anos 80. O Liminha trouxe uma direção musical cheia de frescor, com violões que soam como guitarras e realçam a essência das canções. O Gringo cuidou da parte visual com obras do baiano Genaro de Carvalho, e juntos buscamos uma estética que traduzisse esse meu momento. Colorido, emocional e livre!”, conta a cantora.
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Na rua, na chuva, em Salvador
Solo e ao lado do Kid Abelha, Paula Toller se apresentou na capital baiana muitas vezes, inclusive na Concha, onde cantou pela última vez em março de 2024, já com um show da turnê Amorosa.
A recepção do público foi calorosa como sempre – agora, ela não vê a hora de repetir a dose e cantar mais uma vez para os fãs apaixonados do lado de cá.
“Salvador tem uma vibração que mistura festa e resistência cultural de um jeito único. A Concha é um símbolo disso, é um lugar onde a emoção transborda, e o público me recebe sempre com uma energia que me atravessa inteira”, diz.
E a energia é ainda maior quando o palco é um dos mais emblemáticos do estado. O show de março do ano passado foi um exemplo: no anfiteatro, os tradicionais balões vermelhos em formato de coração que a plateia segura em determinado momento do show ganham uma atmosfera ainda mais acolhedora. Segundo a cantora, a Concha Acústica tem um clima que mexe com qualquer artista.
“Eu me lembro de estar no palco e sentir aquele mar de gente cantando junto, em comunhão. Voltar lá é como reencontrar velhos amigos. A gente retoma a conversa do ponto exato em que parou, com mais vida, mais histórias”, diz Paula.

Caminhada longa
Apesar de ser uma celebração de 40 anos, a carreira de Paula é ainda mais longeva: remonta a 1981, quando foi fundado o Kid Abelha.
A banda, uma das mais notáveis do pop rock, surgiu enquanto a cantora cursava Desenho Industrial e Comunicação Visual na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Lá, conheceu Leoni, que já fazia parte de outra banda, e passou a acompanhar seus ensaios.
Não demorou muito até que entrasse na banda, que se tornou então Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens. O reconhecimento veio de cara, com a inclusão de duas faixas na coletânea Rock Voador, lançado pela Warner em 1982.
Algumas mudanças de formação e muitas músicas marcantes depois, a banda acabou oficialmente em 2016. Desde então, Paula Toller Amora, mais ‘amorosa’ que nunca, trilha com passos ainda mais decididos sua carreira solo, que iniciou em 1998. Nos últimos anos, vem apostando em singles e shows Brasil afora, em que mescla novidades e suas raízes com o grupo.
Hoje, quando olha para trás e pensa na própria trajetória, Paula enxerga integridade e fidelidade às escolhas que fez. Ao longo dessas quatro décadas, nunca deixou de colocar as canções e os palcos como prioridade, diz a cantora. “É bom saber que construí algo que ainda toca as pessoas e novas gerações continuam chegando. Tudo isso sem saudosismo, sem nostalgia, só muita alegria de viver e cantar”.
Para ela, enquanto uma artista dona de uma carreira duradoura e consolidada, alguns elementos são cruciais para continuar trazendo inovações para o público. “Eu sigo curiosa, apaixonada por música e por aquilo que ela pode provocar em mim e nos outros. Reinvenção, para mim, é consequência. A gente muda, a arte muda junto”, reflete.
Paula Toller: "Amorosa" /Amanhã, 18h / Concha Acústica do Teatro Castro Alves / R$ 200 e R$ 100 / Vendas: Bilheteria Digital, Balcão de Ingressos Bahia (Shopping Barra), bilheteria TCA / Classificação etária: 16 anos
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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