TECEU CRÍTICAS
Secretário critica racismo na axé music e web lembra de Claudia Leitte
Pedro Tourinho falou sobre artistas que retiram nomes de Orixás das músicas
Por Redação
O secretário municipal de Cultura (Secult) de Salvador, Pedro Tourinho, fez uma publicação em seu Instagram nesta terça-feira, 17, sobre a celebração dos 40 Anos do Axé-Music. O gestor aproveitou para criticar artistas do gênero que retiram nomes de Orixás das músicas e classificou a atitude como racismo.
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Tourinho iniciou pontuando que axé é uma palavra de origem yorubá, “que tem um significado e um valor insubstituível na cultura e nos cultos de matriz africana” e que “deste mesmo lugar, e com essa mesma importância, vêm também os toques de percussão que sustentam, dão identidade e ritmo à chamada Axé Music”.
“Sempre há tempo para refletir, entender, mudar e reparar, mesmo após os 40 anos. O papel da cultura negra no axé music, o protagonismo dos cantores brancos, com negros na composição e na "cozinha", são fatos que não podem ser contornados. Não é para se fazer caça às bruxas, mas sim fazer justiça e colocar tudo no seu devido lugar”, escreveu o secretário.
Segundo Pedro Tourinho, as homenagens ao Axé Music em 2025 têm de ser também afirmativas, “trazendo os tambores para frente e os compositores para o alto”. “Têm de remunerar também de forma equivalente todas as cores. Têm de trazer a informação da origem daquela batida, falar de Dodô tanto quanto de Osmar. Celebrar aquele momento trazendo luz a tudo e todos”, ressaltou.
Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo, e é surreal e explícito reforço do que houve de errado naquele tempo.
O secretário finalizou afirmando que se é para celebrar os 40 anos do Axé Music, que seja para celebrar com respeito, fortalecendo seu fundamento, ajustando desequilíbrios, valorizando sua verdade, avançar caminhando para frente. “Não podemos admitir desrespeito, apropriação e retrocesso, novamente”, finalizou.
Nos comentários da publicação de Tourinho, artistas aprovaram o posicionamento do gestor. “Sim!”, escreveu Ivete Sangalo. A cantora e compositora Teresa Cristina também enalteceu a fala do secretário.
Polêmica com Claudia Leitte
Internautas sugeriram que a declaração de Tourinho tenha sido motivada por uma atitude da cantora Claudia Leitte. Em um vídeo que circula na internet, a artista, que é evangélica e frequenta a Igreja Família da Graça, substitui um trecho da música Caranguejo.
Originalmente, a canção dizia “Joga flores no mar. Saudando a rainha Iemanjá”, mas alterou por “Joga flores. Eu canto meu rei Yeshua”.
Após a interpretação da web, o secretário chegou a atualizar a legenda da publicação, afirmando que a questão levantada "é muito mais sobre o todo do que sobre a parte".
"E maior e mais endêmica do que qualquer caso isolado. Sei que perde-se controle, mas a intenção não é alimentar hate contra ninguém, e sim puxar a discussão como um todo sobre a necessidade de saber o que é axé e reconhecer toda a história. Fechei comentários porque a discussão estava indo na direção errada", completou Pedro Tourinho.
Veja a publicação de Pedro Tourinho:
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