Resenha Rubro-Negra: Ejaculação precoce

O Vitória se tornou um roteiro barato de filme pornográfico. Nem precisa ver o filme todo para saber o que vai acontecer no final. Na quarta-feira, 26, parecia que o roteiro seria diferente, de classificação livre, daquelas histórias românticas nível Sessão da Tarde, com um final feliz surpreendente. Contudo, levamos pau. E novamente do Vozão. A miséria parece ter um priapismo quando enfrenta os times baianos.

Em mais uma derrota broxante, de virada, até ex-atriz pornô fez participação especial. O Vitória exibiu ontem totens de torcedores que pagaram para que sua imagem fosse colocada na arquibancada. Um rubro-negro, talvez com o mesmo pensamento deste iludido colunista, PAGOU para que fosse colocada a imagem de Mia Khalifa, famosa nas mentes dos jovens dos anos 2014 e 2015. Ela teve uma carreira curta, assim como a libido do Vitória no embate de ontem, quando chegou a estar vencendo por 2 a 0.

Sem dúvida, o Leão fez a melhor preliminar dos últimos anos. O time parecia encaixado, assumindo o papel de protagonista. Marcação alta, estilo agressivo, buscando o resultado. Logo aos sete minutos, Léo Ceará fez o primeiro. Ao invés de recuar, o Leão continuou soberano e fez o segundo, seis minutos depois, em cobrança de pênalti de Carleto. Festa no Barradão, imaginei Mia pulando de alegria na arquibancada, abraçando os totens do lado. Pedi até no Twitter que pintassem a imagem dela no muro do estádio. Seria a nova musa do Leão.

Logo caímos na realidade e tudo não passou de ejaculação precoce. Os varões se tornariam vilões. Léo Ceará, em noite de gala, comeu pilha de Charles e acabou expulso. Foi o início do fim. Vico, de forma imprudente, meteu carrinho dentro da área. Foi expulso com duas advertências, ambas por reclamação. Ronaldo até defendeu o primeiro, mas não evitou uma segunda penalidade marcada a favor do Ceará, que diminuiu. A esta altura, o Vitória estava perdido em campo e o filme caminhava para o mesmo final costumeiro.

Sim, o juiz empenou nosso baba e ajudou na desestabilização emocional do time. Entretanto, a maior culpa foi do próprio time, que perdeu as estribeiras, cometeu pênaltis infantis e cavou suas expulsões. No intervalo, o gestor do clube resolveu mostrar sua fúria máscula, típica dos anos 90, querendo quebrar todo o motel, culpar o segurança do estabelecimento e seus problemas particulares pela broxada. Vai custar caro. O árbitro Paulo Roberto Alves Junior relatou na súmula todas as ameaças e xingamentos de Paulo Carneiro, tanto contra ele quanto contra o atleta Vinícius. Foram tantos palavrões que se encaixariam perfeitamente num filme adulto. Como o nosso. Talvez por isso alguns torcedores acharam bonita a atitude. Alias, não apenas PC pegará um gancho pela atitude. O juiz meteu a canetada, alegando ter sido xingado também por Léo Ceará, em duas ocasiões.

O segundo tempo foi um misto de frustração e falsas ilusões. Carleto, autor do segundo gol, fez outro, mas contra. Acabou substituído logo em seguida. O Ceará virou. Numa noite de loucuras, Caicedo igualou e o Vitória voltou a crescer. Nós, como mulheres de malandro, acreditamos numa noite de reviravolta romântica. O Vitória atacou, chegou perto do quarto gol. Entretanto, foi o Ceará quem fez o dele, ducha de água fria após uma noite frustrante. Entramos novamente na esfera do autoengano e fomos dormir pensando que a Série B é a coisa mais importante nas nossas vidas, nosso amor verdadeiro. Agora ela é o nosso único propósito. Sim, até concordo. Entretanto, estamos fartos de esperanças e falsas ilusões. Precisamos é de tesão.