OPINIÃO
Censura nunca mais
Opção de barrar à juventude o acesso às virtudes deve ser combatida com firmeza
Por Fernando Valverde
Serve o Poder Judiciário à cidadania, quando defende princípios civilizatórios, como se verifica no bonito exemplo da magistratura de Minas Gerais, ao determinar a retomada do livro “O Menino Marrom”, do saudoso autor Ziraldo.
Coube ao juiz da 1ª Vara Cível do município de Conselheiro Lafaiete, Espagner Walyssen, assinalar o ato vil da censura, por parte da Secretaria de Educação, violando, por tabela, a liberdade de cátedra dos docentes.
Não passarão jamais os celerados enquanto houver quem se posicione com tal firmeza, na trincheira dos direitos civis, como neste episódio, tomando por inadequada a insidiosa opção de barrar à juventude o acesso às virtudes.
No texto da decisão judicial, o argumento é o de mostrar-se “inadequada a suspensão que retrata o racismo de maneira pertinente, pois, ao assim proceder, a administração tolhe dos estudantes ensinamentos importantes”.
Rebrilha à luz do sol da verdade a redação vitoriosa, uma vez saber-se o conteúdo, publicado em 1986, contribuir para o desenvolvimento dos discentes “como cidadãos de uma sociedade diversa e plural”, visando o bom convívio.
Causa espanto o incômodo de fração resiliente do obscurantismo ao rejeitar o efeito moral das diferenças identificadas na história de dois meninos, o “marrom”, representando os pretos; e o cor-de-rosa, identificado com brancos.
Cabe agora aos lafaietenses recalcitrantes oferecerem retratação ao certificarem-se do total disparate, apropriado a seguidores de supremacistas raciais, cuja referência mundial abjeta é a seita Ku Klux Klan.
Identificaram os pais de alunos, em perspectiva ignara, fragmentos de alguma violência, referente a um suposto “pacto de sangue” entre os amigos movidos por sentimento agudo de igualdade, independentemente da epiderme.
O episódio emite o alerta de evitarem arriscar manobras deste jaez, os adultos subitamente apaixonados por extremismos, cuja semente do mal será queimada para não escaparem estes toscos seres das cavernas mentais onde se acoitam.
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