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Editorial - A ancestral seca de vergonha

Segue o Brasil a indústria da seca, tradição originada nas revoltas nordestinas contra a Coroa Portuguesa

Publicado sexta-feira, 19 de agosto de 2022 às 05:00 h | Autor: Da Redação
A redução das agruras dos moradores da zona rural da Região Nordeste poderia ocorrer com investimentos
A redução das agruras dos moradores da zona rural da Região Nordeste poderia ocorrer com investimentos -

Uma hipotética seca de vergonha pelos gestores federais pode ilustrar o sobrepreço, inconsistência do trabalho e ausência de confiabilidade nas notas fiscais, detectados no programa “Força tarefa”, lançado na presença de Jair Bolsonaro, para construção de cisternas e equipamentos de alívio para a estiagem no Nordeste.

Poços lacrados, outros com a construção paralisada e a ausência de bombas para sucção, além de valores exorbitantes, fora da curva do R$ 1,2 bilhão previsto evidenciam a desfaçatez de quem insiste em locupletar-se sem receio de vir a pagar por suas diatribes muito em breve.

A redução das agruras dos moradores da zona rural da Região Nordeste poderia ocorrer com investimentos, mas além do escancarado desvio de verbas e de proposta não cumprida do plano, esta medida libertadora não seria um bom negócio para todos.

Os políticos, da esfera federal perderiam a estratégia de fazer das pessoas reféns para fins eleitorais, com benefícios trocados por apoio na urna eletrônica, doando sentido falso de boa vontade.

Já os maus empresários estabelecidos deixariam sua boa vida de glutões à custa da rapina do erário e do mau serviço prestado, sem importarem-se com a sede de milhões.

Segue o Brasil a ancestral indústria da seca,  tradição originada nas revoltas populares nordestinas contra a Coroa Portuguesa, e mesmo depois da independência, concentrando-se os investimentos no Sudeste.

Não se trata, portanto, de culpar a natureza, ou a inclemência do Sol, pois a estrela não delibera, apenas brilha, mas o homem tem a oportunidade de decidir onde e como aplicar recursos para aliviar danos às famílias.

Exemplos bem-sucedidos, mesmo com escassa tecnologia, remontam à revolução do Conselheiro, no final do século XIX, sufocada apenas oito anos depois do golpe de Deodoro da Fonseca.

Entende-se, assim, o esforço do presidente e seus seguidores em tentar desacreditar e asfixiar a imprensa, meio de fazer a sociedade – e os eleitores – conhecerem suas maquinações.

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