HONRARIA
Adolfo propõe Comenda 2 de Julho ao presidente do Benin
Patrice Talon visitou a Bahia na última semana e recebeu título de Cidadão Soteropolitano
Por Lula Bonfim
O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), deputado estadual Adolfo Menezes (PSD), propôs, na última terça-feira, 21, a concessão da principal honraria da Casa, a Comenda 2 de Julho, ao presidente do Benin, Patrice Talon. O projeto de resolução ainda tramita nas comissões do parlamento baiano e não tem previsão para ir à votação no plenário.
Patrice Talon esteve em Salvador na última semana, quando se encontrou, em momentos diferentes, tanto com o governador Jerônimo Rodrigues (PT) quanto com o prefeito Bruno Reis (União Brasil).
Em sua visita à Bahia, Talon recebeu o título de Cidadão Soteropolitano e a Medalha Zumbi dos Palmares, ambas honrarias concedidas pela Câmara Municipal de Salvador, e defendeu uma maior integração entre o Brasil e o Benin.
“A melhor forma de você homenagear e saudar a história dos ancestrais que construíram o Brasil aqui é trabalhar e fazer esforços para construir um mundo melhor, um mundo de fraternidade, um mundo de desenvolvimento. E para isso a gente precisa se conhecer melhor. Os brasileiros precisam ir para o Benin, para conhecer o país, e os beninenses também precisam vir ao Brasil, para conhecer o país. Porque a natureza e a história fizeram com que sejamos o mesmo povo", declarou Talon em Salvador.
Hoje presidente de seu país, Talon nasceu pobre na cidade de Uidá, mas conseguiu se formar em uma universidade de Dakar, no Senegal, se tornando posteriormente um dos empresários mais bem sucedidos do Benin. Foi eleito ao mais alto posto do Poder Executivo beninense em 2016 e segue no posto até o momento.
Bahia e Benin
A relação entre a Bahia e o Benin é intensa desde o Século XVIII, quando o estado mantinha forte relação comercial com o antigo Reino de Daomé, antigo nome do país africano antes do processo de colonização realizado pela França.
Devido a essa relação comercial, os daometanos foram os que mais exportaram homens escravizados para Salvador no último ciclo de tráfico negreiro, com um foco especial nos iorubás (nagôs) oriundos do Império de Oió.
Ao mesmo tempo, diversos daometanos, das etnias fon (jeje) e iorubá, acabaram sendo escravizados na Bahia, o que provocou uma intensa transformação cultural no estado, especialmente em Salvador. Foi a partir disso que se estabeleceram tradições hoje consolidadas na cidade, como o candomblé e todo um cardápio de iguarias à base de azeite de dendê, como o acarajé.
Com o fim da escravidão, muitos baianos oriundos dos povos iorubá e fon retornaram ao Benin, fazendo um movimento contrário de transformação cultural. Esses brasileiros formaram uma nova etnia no país africano: os chamados “agudás” mantêm, na África, tradições da Bahia, como a Festa de Nosso Senhor do Bonfim.
Conhecidos como “os brasileiros do Benin”, os agudás celebram o Carnaval, brincam de boi-bumbá, comem cozido e ainda costumam se cumprimentar em português — apesar de desconhecerem hoje grande parte do idioma. Os sobrenomes também são conhecidos do Brasil, com "Almeida", “Silva” e “Souza” aos montes.
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