"IMEXÍVEL"
Evento sobre ciência vira ato em defesa da ministra Nísia Trindade
Titular da Saúde participou do seminário “O 2 de Julho das mulheres: Liderança feminina na ciência”
A defesa pela permanência da ministra Nísia Trindade no comando da pasta da Saúde do Governo Federal deu o tom da agenda na qual ela participou na manhã deste sábado, 1º, em Salvador. Recebida calorosamente por um público formado por políticos, secretários estaduais, pesquisadores, dirigentes de entidades ligadas às áreas da ciência e da saúde, foram unânimes em dar o recado de que Trindade é “imexível”.
“Imexível”, aliás foi a palavra adotada pelo reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), professor Paulo Miguez, ao se referir à ministra durante o seu discurso, quando, momentos antes, ao ironizar o emprego do prefixo “i” na língua portuguesa, fez referência à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos por abuso de poder, sendo acompanhado pelo coro de “inelegível” pela plateia.
A defesa de Nísia no cargo esteve presente na fala de todos os pronunciamentos feitos pelos presentes na mesa do seminário “O 2 de Julho das mulheres: Liderança feminina na ciência”, que abriu os trabalhos do evento “Dois de Julho pela Ciência”, promovido pela Academia de Ciências da Bahia e que celebra o Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia, de 1º a 4 de julho.
O tema da mesa de abertura também se fez relevante justamente pelo fato de Nísia Trindade ser a primeira mulher como ministra da Saúde e passar por um processo de especulação em torno da sua saída do cargo para atender uma das exigências dos partidos do “Centrão” na Câmara dos Deputados como moeda de troca para que o Governo Federal tenha apoio em suas pautas com os parlamentares da Casa Baixa.
Vale ressaltar que a pasta comandada por Trindade tem um orçamento de R$ 162 bilhões previstos para 2023, além de estar na disputa temas de proeminência no momento como a saúde digital e a transição tecnológica do Sistema Único de Saúde (SUS), que são de relevância para o desenvolvimento da Saúde no Brasil e o futuro de como o próprio SUS tratará os usuários do sistema nos próximos anos.
A ministra, em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE, no entanto, logo após o evento, disse não se sentir pressionada ou ameaçada a deixar o cargo.
“Não estou sob ameaça, nesse sentido. Isso circula na imprensa. Não quer dizer que as pessoas não possam querer o ministério. Até o senador Jaques Wagner falou: é uma questão de desejo, mas é o presidente Lula quem define”, destacou.
A preocupação maior dela, segundo Nísia, é a implantação do projeto defendido pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de que as pessoas se sintam representadas e que o SUS seja fortalecido.
“Eu acho que é um aspecto importante: um é as pessoas se sentirem representadas não só pelo Ministério da Saúde, mas pelo governo do presidente Lula. E o outro ponto é também ser um espaço para se colocar a questão: que saúde queremos? Que SUS queremos? Então eu valorizo mais o movimento do que a minha pessoa neste momento, ainda que eu receba muito feliz o carinho de todos”, argumentou a ministra.
“Mulheres na ciência”
Também presente no evento, a secretária estadual da Saúde, Roberta Santana, se emocionou em alguns momentos do evento, sobretudo nas situações nas quais o público aplaudiu de pé a ministra ou gritou para que ela não seja tirada no cargo, disse ao Portal A TARDE, que tanto ela quanto grupos que representam a saúde no estado dão o apoio total a titular da Saúde do Governo Federal.
"Precisamos reforçar o nosso compromisso com a ministra Nísia, que tem feito um trabalho maravilhoso, na defesa da saúde pública e da reconstrução nacional do SUS. A Bahia, junto com o Médicos Pela Democracia, e nossos profissionais de saúde, estão junto com ela. Mulheres na ciência, nossa ministra nos representa", pontuou Santana.
Na mesma linha, a deputada federal Lídice da Mata (PSB), adiantou ao Portal A TARDE de que é preciso medir se vale à pena entregar uma pasta de tamanha relevância para os partidos do Centrão e se posicionou contrária a essa ideia.
“Considero que seria um erro a saída de Nísia, porque ela representa muito esse compromisso que o governo Lula fez com o povo brasileiro na área de Saúde. Não sou contra a necessidade de trazer o Centrão pro governo. Acho bom, acho necessário, mas precisamos medir o preço que vamos pagar”, analisou a parlamentar.
Além disso, Lídice resultou o trabalho que a ministra tem feito na Saúde e que acredita que a base do presidente Lula não tem desacordo nesse quesito.
“Eu sou uma defensora da ministra da Saúde, que tem desde o início demonstrado seu compromisso com o Sistema Único de Saúde, com o seu fortalecimento; a sua preocupação com a vacinação no Brasil, que é um elemento fundamental para um ministro da Saúde hoje no nosso país; a sua atitude permanente de presença na Câmara dos Deputados, se submetendo a um processo de debate democrático. Eu não creio que haja nenhuma insatisfação do governo ou de sua base com a ministra”, ponderou a deputada.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro