BAHIA
Tebet confirma pretensão da China de investir na Fiol e no Porto Sul
Governo Lula mantém conversa com chineses, que estudam possível investimento na Bahia
Por Lula Bonfim

A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), confirmou na última sexta-feira, 9, que o governo federal está estudando, junto à China, a possibilidade de incluir a Bahia nas rotas bioceânicas. A ideia é investir na conclusão da Ferrovia Integração Oeste-Leste (Fiol) e do Porto Sul, em Ilhéus, garantindo uma conexão com o Porto de Chancay, no Peru, através de outras ferrovias pelo Centro-Oeste e Norte do Brasil.
O plano original dos chineses seria chegar ao Porto de Chancay com uma ferrovia que atravessasse a Floresta Amazônica. Porém, colocados na mesa os problemas socioambientais decorrentes desse projeto, o grupo de trabalho passou a considerar investir em uma outra opção: a conclusão da Fiol e do Porto Sul, ligando à Ferrovia Integração do Centro-Oeste (Fico), para enfim chegar ao Peru.
“A ideia é fazer um traçado por baixo, pegando a região do Acre, descendo, podendo passar por Tocantins, para que essa ferrovia possa chegar até a Bahia, na Fiol. Aí é estudo. Vai levar um tempo. Podemos estar falando em cinco anos, em oito anos, para ver uma obra dessas concluída”, declarou Tebet, em entrevista ao podcast Poder em Pauta.
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“Será algo extraordinário, no sentido de desenvolvimento econômico para o interior do Brasil, para as regiões mais pobres. Eu não tenho dúvida nenhuma. Ecologicamente é mais sustentável, é mais seguro e é mais barato”, acrescentou a ministra do Planejamento.
Ainda de acordo com Tebet, o diálogo do Brasil com a China acerca da construção dessas rotas bioceânicas na América do Sul começou já nos primeiros meses de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2023. Na avaliação do governo federal, os chineses são o parceiro ideal para tocar esse projeto, já que só eles possuem o volume de recursos necessários para investir em ferrovias.
“Na primeira reunião que tivemos no Palácio da Alvorada com o próprio presidente Xi Jinping, eu tive a oportunidade de falar das rotas e percebi que eles estão muito interessados em ajudar a rasgar o Brasil com ferrovias. A gente sabe que, com exceção da China e talvez dos Estados Unidos, não existe dinheiro público suficiente para fazer ferrovia, porque é muito caro”, afirmou Tebet.
“Estou muito otimista. Eles pediram para colocar as rotas de integração sul-americana como um dos eixos de trabalho”, concluiu a emedebista.
Visita à Bahia
Uma delegação da China esteve em Ilhéus, no último dia 16 de abril, acompanhada de representantes dos governos Lula e Jerônimo Rodrigues (PT). A visita chinesa foi considerada uma declaração de interesse na inclusão da Bahia no projeto das rotas bioceânicas.
A expectativa é que os chineses elaborem e entreguem, nos próximos meses, um estudo de viabilidade desse novo corredor ferroviário, ligando a Bahia ao Peru, e dando fim à espera dos baianos em relação ao Porto Sul e à Fiol.

Esse investimento chinês, especulado em aproximadamente R$ 30 bilhões, estaria sendo motivado ainda mais pela guerra comercial empreendida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a China. Após os norte-americanos conseguirem fechar as portas do Canal do Panamá para os chineses, agora o governo da China foca na construção de alternativas.
O interesse de estatais chinesas em investir na Bahia também foi confirmado recentemente ao Portal A TARDE pelo secretário estadual da Casa Civil, Afonso Florence (PT), e pelo presidente da Bahia Mineração (Bamin), Eduardo Ledsham.
“Eles têm interesse geopolítico e é razoável supor que haja uma margenzinha de risco que eles corram, porque eles querem fazer uma parceria com o Brasil, que é no quintal dos Estados Unidos. Então, a geopolítica pode convir. É uma possibilidade real”, disse Florence.
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