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ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Vereadores divergem sobre falta de diálogo no PT de Salvador

Parte da ala petista reforça necessidade de mais diálogo, enquanto outros apontam que encontros já acontecem

Por Gabriela Araújo

27/03/2024 - 10:00 h | Atualizada em 27/03/2024 - 11:24
Bancada de vereadores do PT é composta por Marta Rodrigues, Tiago Ferreira, Arnando Lessa e Luiz Carlos Suíca
Bancada de vereadores do PT é composta por Marta Rodrigues, Tiago Ferreira, Arnando Lessa e Luiz Carlos Suíca -

Articulação política local e eleições municipais dentro do PT de Salvador parecem não andar de mãos dadas quando o assunto é a recondução dos vereadores para a Câmara Municipal (CMS). A situação foi escancarada pelo líder da sigla na Casa, Tiago Ferreira, que se diz ansioso para colocar os ‘pingos nos is’ em relação à corrida eleitoral.

“Eu acho que, talvez, a minha ansiedade em querer que as coisas aconteçam é porque o período eleitoral é curto e a gente precisa de agilidade para que isso aconteça. Eu acho que é necessário mantermos o diálogo e tenho buscado isso”, disse o vereador ao Portal A TARDE.

O edil ainda voltou a reforçar que aguarda para que “alguém do governo faça a articulação política em Salvador, assim como acontece em outros municípios para que a gente possa dar vazão aos desejos da base que nós representamos”, cobrou.

Outro petista que anseia uma reunião com os líderes do partido para ajustar as configurações eleitorais é o vereador Luiz Carlos Suíca. De forma sutil, o parlamentar afirmou que também deseja ‘contribuir’ para colocar nas ruas da capital baiana uma chapa forte para enfrentar o adversário, o prefeito Bruno Reis (União Brasil).

“Eu acho que o partido tanto municipal quanto estadual precisa nos ouvir [para saber] se há alguma insatisfação [...]. O partido precisa ouvir também as nossas agonias e angústias, o que é que a gente pode contribuir, nós precisamos contribuir”, afirmou o parlamentar.

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Além dos citados, também compõe a bancada da legenda na CMS os vereadores Marta Rodrigues e Arnando Lessa, que passou a ocupar a cadeira após a saída da vereadora Maria Marighella, atual presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), em Brasília.

Em conversa com o Portal A TARDE, por sua vez, Marta se mostrou contrária à ideia da falta de diálogo da sigla, a qual integra desde 1989, com os seus pares.

“[As conversas] têm acontecido. Na última quinta-feira, 21, o partido sentou com a gente e conversou, o nosso líder, que é Tiago, estava lá, eu também, Lessa. [...]. Está tendo toda essa construção [do programa de governo] de forma coletiva, respeitosa, como o PT sempre fez”, frisou a parlamentar, que é irmã do governador Jerônimo Rodrigues.

Ansiedade pré-eleitoral

A disputa para o PT continuar com maioria nas cadeiras da Câmara Municipal de Salvador promete ser acirrada. Isso porque a sigla faz parte da Federação Brasil da Esperança, junto com o PCdoB e PV. Juntas, as legendas estimam emplacar cerca de 30 mil votos por partido no quociente eleitoral para manter os assentos.

Atualmente, as legendas têm o seguinte número de cadeiras: PT, quatro; PCdoB, duas; e PV, uma. Inicialmente, a ideia das siglas é de ampliar as bancadas para conseguir uma boa governabilidade na Casa em 2025.

Nesse sentido, o PT tem o desejo de eleger de cinco a seis edis, o PCdoB, três, e o PV, não falou abertamente sobre projeções. Nestas eleições, cada legenda poderá lançar até 44 candidatos a vereador.

Diante deste cenário, os correligionários de Tiago interpretam a sua atitude como uma “ansiedade” para que não haja falhas na campanha da chapa proporcional.

“Eu sei que tem a ansiedade do período eleitoral, a disputa está muito acirrada, nós vamos concorrer dentro de uma federação com três partidos: o PT, PCdoB e o PV, e nós vimos que a nível estadual a federação perdeu quatro deputados. Então, tem essa ansiedade e essa expectativa”, pontuou Marta.

A mesma ideia foi expressada por Arnando Lessa, que vê com naturalidade a situação. Questionado sobre as insatisfações dentro da sigla, o parlamentar negou a existência delas.

“Há uma certa ansiedade não só dos vereadores de mandato, como dos pré-candidatos. É natural. As observações do colega Tiago, eu respeito, mas tenho sido ouvido [dentro do partido]”, disse.

O que diz o governador

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) se colocou à disposição para colocar às claras os incômodos dos seus correligionários sobre a disputa eleitoral da capital baiana. Sendo o comandante principal do processo de 417 municípios, o chefe do Palácio de Ondina reforça que, até o momento, não há ausência de conversa com nenhum dos parlamentares.

“Vocês conhecem o comportamento do nosso grupo, do [Jaques] Wagner, do Rui [Costa] e o meu. A gente não encabresta ninguém. Quem está lá tem liberdade e fala o que quiser, mas dentro de um tom. Então, nenhum vereador pode dizer que existe falta de diálogo com o vice-governador, que é o nosso pré-candidato, muito menos com o governador”, atestou ao Portal A TARDE, em coletiva de imprensa na última sexta-feira, 22.

O gestor estadual disse ainda que recebeu com estranheza as críticas proferidas por Tiago Ferreira e frisou que o seu grupo faz política "olhando nos olhos".

“Não ouvi da boca dele, vi nas manchetes. Se isso aconteceu, é ele vir e botar em minha mesa o que está acontecendo. Eu tenho dialogado com a oposição, imagine com um vereador da minha base. Se há algum descontentamento, eu preciso saber o que houve. Na política é assim, olhando nos olhos, não cabe a gente falar às escondidas ou para imprensa. A gente fala nos olhos. Quando não tem chance, tudo bem. Mas não é o caso da gente”, afirmou.

Encontros partidários

Com vistas para as arrumações partidárias, membros da Executiva Municipal do PT sentaram à mesa junto com o pré-candidato governista, Geraldo Jr. (MDB), para debaterem sobre o plano de governo, com as ideias apresentadas pelo PT para agregar na campanha eleitoral do emedebista.

Dentre os temas debatidos estiveram o debate sobre a cidade, possíveis nomes indicados para compor a candidatura à vice-prefeitura e o planejamento de campanha. Os presidentes do PT municipal e estadual, Cema Mossil e Éden Valadares, respectivamente, não estiveram no encontro.

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Tags:

articulação CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR chapa proporcional eleições PT vereadores

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