Em depoimento, filho de Bolsonaro nega vínculo com o governo

Em depoimento que durou cerca três de horas, Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente da República, negou ter recebido vantagem indevida ou atuado no governo a favor de qualquer empresa. Ele esteve acompanhado por Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro.

Instaurado em março do ano passado a pedido do Ministério Público Federal (MPF), o inquérito investiga a prática dos crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro. A investigação foi aberta com base em uma denúncia apresentada por parlamentares de oposição ao governo.

"Eu me sinto revoltado com tudo isso que está acontecendo. Nunca recebi nenhum cargo, nenhum dinheiro, nunca fiz lavagem de dinheiro, e estão tentando me incriminar numa coisa que não fiz", declarou o "filho 04" de Bolsonaro, em entrevista ao SBT. "Não marquei nenhuma reunião com o governo. Nunca pedi nada ao governo, não faço parte do governo federal", completou.

A Polícia Federal apura se Jair Renan atuou, em novembro de 2020, para que a empresa Gramazini, do setor de mineração e construção, conseguisse duas reuniões no Ministério do Desenvolvimento Regional para tratar de um projeto de construção de casas populares. À época da abertura das investigações, a empresa do filho de Bolsonaro (Bolsonaro Jr Eventos e Mídia) publicou uma foto de duas peças de mármore que decoram o escritório e marcou a Gramazini.

Questionado sobre o assunto, Jair Renan respondeu: "Nunca pedi para ir na reunião nem nada, eu fui convidado. Só me convidaram, eu fui porque conhecia o pessoal lá. Entrei mudo e saí calado".

A festa de inauguração do escritório da Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, com cobertura de fotos e vídeos feita de graça por uma produtora que prestava serviços para o governo federal, contou com a participação de um dos sócios da Gramazini.

Além disso, um parceiro comercial de Jair Renan, Allan Lucena, disse que ganhou um carro elétrico da empresa Neon Motors, ligada à Gramazini.