FAB: militares vão prestar continência a quem vencer as eleições

O comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos de Almeida Baptista Junior, afirmou, nesta segunda-feira, 31, que a Força irá prestar continência ao vencedor das eleições deste ano, independente de quem seja.

"Lógico. Nós prestaremos continência a qualquer comandante supremo das Forças Armadas, sempre", disse, em conversa com o jornal Folha de S. Paulo.

Apontado como um defensor dos ideais bolsonarista, Baptista Junior disse que tem opiniões pessoais para além da impessoalidade da FAB. "Como comandante da FAB, sempre ratifiquei a posição apartidária da Força. Uma coisa é falar de política, outra é de política partidária", diz.

Para as eleições deste ano, o militar avalia mal um cenário polarizado entre o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Eu receio que nossa sociedade esteja muito dividida, muito polarizada e radical. Isso é ruim para o futuro, estamos chegando a um nível de incapacidade de compreender uma visão diferente, e isso se reflete na disputa política.", afirma.

"A FAB, e as Forças, tenho certeza, se manterão dentro de sua destinação constitucional. Não tomarão partido, a política não entrará nos nossos quartéis. Não há qualquer indução por parte do comando da FAB. Como cidadão, vejo com preocupação como estamos radicalizados, isso não é bom.", avalia.

Questionado sobre o fato de que a FAB permite que militares não vacinados contra Covid-19 trabalhem, desde que assinem termos, ele diz os protocolos de saúde são rígidos. Até dezembro, 93% dos 66 mil militares da Força haviam tomado ao menos uma dose, e 65%, as duas.

O comandante também falou sobre a carta na qual anunciou o corte de parte da encomenda da aviões de transporte KC-390 da Embraer, primeira rusga pública da Força com a empresa que foi dela de 1969 a 1994. "A partir de hoje, eu sou o cliente", afirma.