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EM LIGAÇÃO

Milton Ribeiro diz a filha que Bolsonaro avisou sobre operação

Na gravação da PF, tanto Ribeiro quanto a filha demonstram preocupação de estarem sendo gravados pela PF

Por Da Redação

24/06/2022 - 17:39 h | Atualizada em 24/06/2022 - 17:55
Milton Ribeiro diz a filha em gravação que Bolsonaro disse ter tido um "pressentimento" sobre provável busca e apreensão na casa do ex-ministro da Educação
Milton Ribeiro diz a filha em gravação que Bolsonaro disse ter tido um "pressentimento" sobre provável busca e apreensão na casa do ex-ministro da Educação -

Em diálogo por telefone interceptado pela Polícia Federal com autorização judicial, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro conta à filha que recebeu do “presidente” informação sobre provável busca e apreensão. Na gravação, tanto Ribeiro quanto a filha demonstram preocupação de estarem sendo gravados pela PF em uma investigação, como a que levou à prisão do ex-ministro na quarta-feira, 22.

MPF aponta suposta interferência de Bolsonaro em caso Milton Ribeiro

Milton Ribeiro afirma que o presidente disse ter tido um "pressentimento" sobre o assunto. A conversa aconteceu em 9 de junho. Portanto, 13 dias antes da operação e, por isso, há suspeita de interferência nas investigações. Ouça o áudio.

Ouça o áudio

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"A única coisa meio... hoje o presidente me ligou... ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?", disse Ribeiro para a filha.

"Ele quer que você pare de mandar mensagens?", pergunta a filha.

"Não! Não é isso... ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... em casa... sabe... é... é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?", afirmou o ministro.

Por causa de suspeita de interferência de Bolsonaro, nesta sexta-feira (24), a Justiça Federal acatou pedido do Ministério Público Federal (MPF)e enviou para o Supremo Tribunal Federal (STF) o caso dos pastores que comandavam um gabinete paralelo no Ministério da Educação (MEC).

No pedido, o MPF apontou "indício de vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro nas investigações"

O juiz Ricardo Borelli, da 15ª Vara de Justiça Federal de Brasília, que estava com o caso e autorizou a operação desencadeada na quarta, atendeu ao pedido do MPF. No STF, a relatora será a ministra Cármen Lúcia.

O advogado de defesa do ex-ministro, Daniel Leon Bialski, alegou que o áudio foi captado enquanto Ribeiro tinha foro privilegiado e que o juiz responsável pelo caso atuou com “ativismo judicial”.

“Se assim o era, não haveria competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela autoridade policial, e, consequentemente, decretar a prisão preventiva”, disse a defesa, em nota à imprensa.

Bialski afirmou, ainda, que o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal de Brasília — que determinou a prisão de Ribeiro — age com viés ideológico.

“Todavia, se realmente esse fato se comprovar, atos e decisões tomadas são nulos por absoluta incompetência e somente reforça a avaliação de que estamos diante de ativismo judicial e, quiçá, abuso de autoridade, o que precisará também ser objeto de acurada análise”, argumentou.

Interferência na investigação

Além disso, na quinta-feira, 23, o delegado BrunonCalandrini, comandante da operação que resultou na prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse que não teve total autonomia para a realização do seu trabalho, bem como o aliado do presidente Jair Bolsonaro teve privilégios por parte da Polícia Federal.

Em carta com o objetivo de agradecer a equipe que participou da Operação Acesso Pago, Calandrini disse não ter 'autonomia investigativa e administrativa para conduzir o inquérito policial do caso com independência e segurança institucional', conforme publicou o jornal Folha de S. Paulo, na coluna Fausto Macedo.

A ordem de prisão preventiva de Ribeiro determinava que o ex-ministro fosse levado para a Superintendência da PF em Brasília tão logo o investigado fosse preso. Contudo, Ribeiro foi conduzido para a carceragem da corporação em São Paulo. De acordo com Calandrini, essa 'é demonstração de interferência na condução da investigação'.

Em resposta, a Polícia Federal disse ter aberto um procedimento apuratório sobre suposta 'interferência na execução' da operação. Em nota, a corporação citou 'boatos' sobre a 'possível interferência' e diz ter o objetivo de 'garantir a autonomia e a independência funcional do delegado da PF'.

Prisão

Milton Ribeiro foi preso na manhã de quarta-feira, 22, em uma investigação que apura o envolvimento dele nos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência em um suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Ministério da Educação.

Ele foi solto na tarde da quinta-feira, 23, após o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), revogar a prisão preventiva do ex-ministro e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

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Tags:

corrupção Jair Bolsonaro MEC Milton Ribeiro

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