BRASIL
"Missão de fortalecer sistema antirracista", diz Yuri Silva
Baiano Yuri Silva assumiu desafio de chefiar secretaria mais importante do Ministério da Igualdade Racial
Por Fernando Valverde
Ex-secretário da Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo (SEPAR), o baiano Yuri Silva assumiu um novo desafio no Governo Federal e irá chefiar o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), secretaria mais importante do Ministério da Igualdade Racial.
Em conversa na tarde desta sexta-feira, 24, o jornalista e ativista, que inclusive já figurou entre o quadro de repórteres de A TARDE, afirmou que o desafio o coloca em uma posição central para a construção de um sistema antirracista no Brasil e a implementação de políticas públicas que busquem a igualdade racial no país.
"É um desafio que me coloca no coração do ministério. Estava em uma área de uma política que também era seminal e central para as políticas de promoção de igualdade racial, mas o Sinapir é responsável por articular todas as políticas do ministério e por fazer que essas políticas cheguem no território através dos estados e municípios", apontou.
"É um sistema que tem um caráter inter-federativo e de articular as políticas do governo, para além das políticas do próprio ministério, para que elas cheguem de forma racializada e com um olhar especial para a população negra na ponta. O desafio é colocar de pé e fortalecer esse sistema e apostar nessa organização para fazer com que essas políticas antirracistas cheguem nas pessoas", afirma o secretário.
Sinapir
Instituído no governo Dilma por meio do decreto nº 8.136/2013, o SINAPIR tem a adesão de quase a totalidade de estados brasileiros, com exceção de Sergipe e Roraima, e busca organizar a articulação para a implementação do conjunto de políticas e serviços destinados a superar as desigualdades raciais no Brasil.
No site voltado para a secretaria governamental, a missão do SINAPIR é descrita como "o propósito de garantir à população negra, cigana e indígena a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa de direitos e o combate à discriminação e as demais formas de intolerância".
Vinculado ao Ministério da Igualdade Racial, o Sinapir, e a própria estrutura ministerial, foram descontinuados durante os governos Temer e Jair Bolsonaro e recriados após a eleição de Lula e sua posse em 2023. Na ocasião, o presidente nomeou a professora e jornalista Anielle Franco, irmã da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro, para o papel de ministra da pasta.
Para Yuri, a recriação do ministério é uma vitória "do eleitorado" de Lula e do movimento negro e um reconhecimento do presidente de que a população que o elegeu está representado sobretudo "pela população negra, pelas mulheres e pelas pessoas mais vulneráveis".
"Foi um reconhecimento de que o Brasil é um país racista, de que o racismo precisa ser combatido e de que a população negra tem estado ao lado da defesa de princípios democráticos nos últimos anos", pontuou.
"Nesse um ano e meio, tivemos muita robustez. A gestão da ministra Anielle Franco tem resultados históricos para apresentar, com o lançamento de medidas de impacto como o Programa Federal de Ações Afirmativas (PFAA), que reserva vagas no serviço público para pessoas negras, a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola, a titulação de terras quilombolas em parceria com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), entre outros", relata.
"É uma liderança popular, conhecida, feita por uma ministra "pop", e isso ajuda que o conceito da igualdade racial atinja pessoas que, muitas vezes podem até ter um pensamento conservador, mas que não são racistas. Então, a condução que ela tem feito do ministério pode fazer com que essas políticas cheguem naquela pessoa que não é letrada racialmente, mas que não faz coro ao racismo. O Ministério está fortalecido e nós vislumbramos que esse governo se fortaleça ainda mais no próximo governo, conduzindo a política ainda mais perto das pessoas".
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