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Pessoas com alopecia podem ganhar cirurgia gratuita pelo SUS

Pacientes com a condição revelaram ao Portal A TARDE expectativas para a realização do procedimento

Publicado sábado, 20 de abril de 2024 às 06:00 h | Autor: Flávia Requião
Projeto tramita na Câmara dos Deputados em caráter conclusivo e será analisado por comissões
Projeto tramita na Câmara dos Deputados em caráter conclusivo e será analisado por comissões -

Pessoas com condições como alopecia, que se caracteriza pela perda de cabelos ou pelos do corpo, ou que foram vítimas de acidentes que resultaram em perda capilar, podem ser contempladas com cirurgia capilar gratuita através do Sistema Único de Saúde (SUS).

A medida pode se tornar possível caso o Projeto de Lei 1078/24, que tramita na Câmara dos Deputados, e que institui um programa de procedimentos focados nos pacientes que perderam o cabelo por doença ou foram vítimas de algum incidente seja aprovado na Casa e sancionado pela Presidência.

O Portal A TARDE conversou com pessoas que convivem com a alopecia e outros problemas capilares. Elas comentaram sobre a importância da proposta para o seu cotidiano e expectativa pela aprovação.

Publicitária, Larissa Miranda, de 26 anos, considera que a cirurgia seria bastante eficiente, ainda mais porque, segundo ela, o tratamento é bastante caro.

“Ajudaria principalmente nesse quesito e claro, melhorando a autoestima, já que para mulheres o cabelo é uma parte importantíssima no visual”, disse ela, acrescentando que faria o procedimento, caso não fosse tão invasivo.

O advogado Osvaldo Barreto, de 33 anos, que possui alopecia frontal fibrosante — que ocorre, principalmente, na borda anterior do couro cabeludo — também enxerga a intervenção como algo positivo por “facilitar e aumentar a possibilidade das pessoas alcançarem meio para recuperar a autoestima”.

Barreto ressaltou ainda que realizaria a cirurgia. “Acredito que iria aumentar minha autoestima, pois quando tenho períodos de queda de cabelo, fico com baixa autoestima.”

A proposta detalha que as cirurgias serão realizadas a partir de encaminhamento médico e avaliação da necessidade do procedimento.

A estudante de Design técnico, Amanda Leandro, de 22 anos, afirmou que acha o programa de cirurgias capilares extremamente necessário. “Pouco se fala sobre a alopecia, eu mesma só conheci no momento no qual se manifestou em mim. Inclusive, eu nem tinha conhecimento sobre uma cirurgia. Ver que um problema que é pouco conhecido, que afeta a autoestima e confiança de muitos sendo tratado com a seriedade e importância que merece, é muito reconfortante.”

“Só quem passa ou conhece alguém nessa situação sabe o quanto é desafiador você se sentir fora do padrão por causa da ausência capilar. Os olhares tortos, perguntas e chacotas. Isso 'detona' o dia a dia da pessoa, interferindo muitas vezes na vida profissional, amorosa e outras áreas do cotidiano”, desabafou ela.

Atualmente, a única forma de realizar a cirurgia no país é através de espaços particulares. No Brasil, os preços podem facilmente ultrapassar os R$ 30 mil, e o procedimento não é coberto pelo SUS.

Alguns pacientes optam por realizar o procedimento fora do país. Istambul, capital da Turquia, é um dos destinos mais procurados para a realização de transplantes capilares, com um investimento de R$ 10 mil a R$ 16 mil.

O Projeto de Lei foi apresentado pelo deputado federal Luciano Galego (MA), quando exerceu mandato após um período na suplência. Ele argumentou que o acesso a cirurgias capilares muitas vezes é limitado a quem tem recursos financeiros para arcar com os custos do procedimento em clínicas particulares, ficando desassistidos os que dependem do sistema público de saúde.

De acordo com o Ministério da Saúde, o SUS conta com estrutura e profissionais especializados para atender, de forma integral e gratuita, a alopecia.

O tratamento pode ser iniciado na atenção primária, mas o paciente pode ser encaminhado para a atenção especializada, com atendimento por dermatologista, se necessário.

O projeto tramita na Câmara em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Saúde; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de ir à plenário para votação.

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