ATAQUE AO JUDICIÁRIO
Bolsonaro volta a dizer que pode descumprir decisões do STF
Presidente participou de formatura de sargentos no Rio e criticou cassação do deputado Fernando Francischini
Por Da Redação
Acompanhado pelo deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) no palco onde discursou nesta quarta-feira, 8, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a dizer que pode descumprir decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso “não é uma afronta”, argumentou o chefe do Executivo brasileiro.
O presidente amenizou o tom, se comparado àquele colérico adotado da terça-feira, 7, após a Segunda Turma do STF ter derrubado uma liminar de Kassio Nunes Marques que anulava a perda do mandato do deputado Fernando Francischini, aliado de Bolsonaro, acusado de divulgar fake news sobre as eleições de 2018.
“Decisão do Supremo se cumpre, não se questiona? Eu sou o capitão. O que eu faço? Não vou cumprir. Isso não é afronta. Nunca vi o Alexandre de Moraes comprar pão. Vivem perseguindo, prendendo deputado federal. Cassando mandato de deputado. O atual presidente do TSE foi o que tirou o Lula na cadeia. Fachin se reuniu com embaixadores. O que ele fez? Me acusou. Pediu pra reconhecer o resultado. Só faltou dizer algo, que o eleito será Lula. Todos queremos eleições limpas e transparentes”, reclamou.
As declarações de Bolsonaro aconteceram durante discurso em formatura de sargentos da Marinha no Rio de Janeiro e exaltou a atuação das Forças Armadas como "garantidoras da nossa democracia e da nossa liberdade", em afronta direta ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, que afirmou em maio que "quem trata de eleições são forças desarmadas".
“Forças Armadas, guardiãs da nossa Constituição. Forças Armadas, respeitadas e garantidoras da nossa democracia e da nossa liberdade. Vivemos momentos difíceis, mas não podemos e não devemos nos lamuriar por isso", disse Bolsonaro, após ter associado a "momentos difíceis" o enfrentamento da pandemia do coronavírus e a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Além dos ataques ao STF e ao TSE, Bolsonaro aproveitou para defender o seu governo de acusações de corrupção. “Temos um governo de 3 anos e meio sem corrupção. Se houver, eu vou investigar. Pode acontecer”, disse.
Falou também a respeito das críticas dos montantes gatos durante a sua gestão no cartão coorporativo da Presidência. “‘Gastou R$ 3 milhões no cartão corporativo’, gastei mesmo. Tenho gasto com seguranças. Poderia ter pedido aposentadoria na Câmara, não pedi para dar exemplo. Estou fazendo de tudo para ir para um bom lugar. O que devemos deixar para o Brasil? Um país melhor. Ontem me mandaram pagar R$ 100 mil reais à imprensa por ataque à imprensa. Então eles devem pagar R$ 1 milhão”, argumentou Bolsonaro.
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