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Andrei Roman: "Segundo turno é menos provável"

Ao contrário dos levantamentos anteriores, somente o petista tem condições de liquidar a fatura

Publicado terça-feira, 27 de setembro de 2022 às 00:01 h | Atualizado em 27/09/2022, 00:53 | Autor: Alan Rodrigues
Andrei Roman, cientista político e executivo-chefe da AtlasIntel
Andrei Roman, cientista político e executivo-chefe da AtlasIntel -

A distância de Jerônimo para ACM Neto permite especular que a eleição seja decidida no próximo domingo. E, ao contrário dos levantamentos anteriores, agora somente o petista tem condições de liquidar a fatura sem a necessidade de um segundo turno.

A avaliação é de Andrei Roman, cientista político e executivo-chefe da AtlasIntel que, no entanto, adverte para a indefinição em caso da disputa se prolongar. 

“A pesquisa mostra uma continuidade, Jerônimo sobe mais um pouco, ACM sofre mas ainda mostra resiliência”, avalia Andrei, que sempre lembra o potencial de absorção de votos bolsonaristas pelo ex-prefeito.

Ele destaca que uma migração maciça dos eleitores de Roma para Neto elevaria o ex-prefeito de Salvador ao patamar de 50%, o que justifica o equilíbrio verificado nas projeções que envolvem Neto e Jerônimo num eventual segundo turno, que parece cada vez menos provável.

“Ainda não dá pra dizer que Jerônimo já ganhou, é preciso cautela”, prega Andrei. O analista destaca o acerto da campanha petista no combate ao desconhecimento que cercava a candidatura de Jerônimo, embora 34% dos eleitores ainda afirmem não conhecê-lo, e destaca a grande penetração entre os jovens.

“A campanha de Jerônimo conseguiu reverter a cristalização de ACM Neto entre os jovens com o uso das redes sociais”, constata Andrei, que considera o debate desta terça-feira (27) na TV Bahia como a última grande oportunidade para Jerônimo alcançar a vitória antecipada ou para Neto reverter a tendência de queda. 

“O debate é um risco para os dois. Um fato novo sempre pode alterar as intenções de voto. Não sei se é provável, mas possível, é”, alerta o executivo.

Influências

Em caso de segundo turno, o cientista considera a rejeição a Bolsonaro como um fator que pode decidir a eleição. Por outro lado, a aprovação do governador Rui Costa pesa a favor do candidato do PT.

No novo levantamento, Rui Costa aparece com 60,8% de aprovação, sendo 47,9% de avaliação ótima ou boa por parte dos eleitores. Em contrapartida, Bolsonaro é rejeitado por 73% dos respondentes à pesquisa, com 68,1% de avaliação ruim ou péssima.

A imagem positiva de Rui, somada à de Otto Alencar (49%), do próprio Jerônimo (46%) e de Jaques Wagner (43%) são considerados trunfos da campanha petista na reta final, enquanto Bruno Reis, sucessor de Neto na Prefeitura de Salvador, e Cacá Leão, candidato ao Senado na chapa do ex-prefeito, têm apenas 26 e 22 pontos percentuais de avaliação positiva, contrastando com os 53% do próprio Neto, que preferiu não tomar partido na eleição presidencial.

Ausência de grandes variações indica credibilidade 

A pesquisa AtlasIntel colheu as opiniões de 1,6 mil pessoas de 22 a 26 de setembro, através de recrutamento digital aleatório, com índice de 95% de confiança e margem de erro de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

A metodologia utilizada se baseia na resposta a links de convite direcionados de forma aleatória, a partir dos quais é gerado um link, único e exclusivo para cada eleitor pesquisado. Outro diferencial é a ausência de interação física com os entrevistados, o que garante uma coleta sem interferências. 

Para Andrei Roman, responsável pela pesquisa, a evolução das projeções, sem grandes saltos de uma rodada para outra assegura a credibilidade dos dados publicados. Segundo ele, grandes variações, como as detectadas em alguns institutos demonstram imprecisão.

“Pesquisas onde Jerônimo estava muito fraco e agora aparece com uma variação de 16, 20 pontos”, exemplifica Andrei, que sempre defendeu que uma candidatura apoiada no PT, com a força do governo de Rui Costa e da imagem do ex-presidente Lula, seria obrigatoriamente competitiva.

Sobre os institutos que, mesmo diante da sinalização de mudança do eleitorado, insistem em bancar uma vitória de ACM Neto no primeiro turno, ele sustenta sua convicção e acredita em reproduzir o retrato mais próximo da realidade no domingo, como já aconteceu em outras eleições no Brasil e em diversos países.

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