GUERRA COMERCIAL
Guerra Fria 2.0? Tarifa de Trump aquece cenário entre Brasil, EUA e China
Governo norte-americano impôs sobretaxa de 50% a produtos brasileiros exportados
Por Eduardo Dias

Apesar da nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente Donald Trump e com vigência a partir de 1º de agosto, o país norte-americano não é o maior parceiro comercial do Brasil.
Essa sobretaxa, justificada por Trump como retaliação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), adiciona uma camada de complexidade às relações comerciais bilaterais.
Mesmo com a medida protecionista de Trump, as relações do Brasil com China, Argentina e União Europeia continuam fortes, com a China se destacando como o principal parceiro comercial.
O governo brasileiro, inclusive, reagiu à medida dos EUA com a lei da reciprocidade, anunciada pelo presidente Lula (PT).
China e EUA, as duas maiores economias do mundo disputam as atenções comerciais dos países emergentes, gerando uma competitividade comercial nas indústrias dos países. Ambos fecham acordos e negociações comerciais com as indústrias brasileiras e ampliam o acesso das empresas aos mercados externos, aumentando a inserção da economia brasileira no cenário internacional.
Enquanto os EUA são um parceiro comercial vital, o Brasil e a China têm estreitado laços ano após ano, consolidando-se como grandes parceiros econômicos. A China atualmente supera os EUA em volume de comércio e valor das exportações brasileiras.
No ano passado, a relação comercial Brasil-China registrou um crescimento expressivo, tanto em exportação quanto em importação. No entanto, as relações comerciais com os Estados Unidos também se mantiveram muito importantes, com crescimento significativo em 2024.
Números Recentes das Exportações Brasileiras: Quem Cresceu Mais?
De acordo com a plataforma de Dados Consolidados da Balança Comercial Mensal brasileira, divulgada em junho pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/MDIC), o cenário das exportações em junho de 2025 e no primeiro semestre revela:
Desempenho em Junho
- Argentina: Aumento de 70,8%, totalizando US$ 1,62 bilhões.
- Estados Unidos: Crescimento de 2,4%, totalizando US$ 3,36 bilhões.
- China, Hong Kong e Macau: Aumento de 2,3%, totalizando US$ 9,94 bilhões.
- União Europeia: Decréscimo de -14,0%, totalizando US$ 3,46 bilhões.
Mesmo com um crescimento percentual menor em junho comparado aos EUA, a China manteve o maior volume em comércio, atingindo US$ 9,94 bilhões.
Consolidado de Janeiro a Junho de 2025
- Argentina: Crescimento de 55,4%, totalizando US$ 9,12 bilhões.
- Estados Unidos: Aumento de 4,4%, totalizando US$ 20,02 bilhões.
- China, Hong Kong e Macau: Decréscimo de -7,6%, totalizando US$ 48,39 bilhões.
- União Europeia: Aumento de 2,6%, totalizando US$ 23,90 bilhões.
Mesmo com a queda percentual no consolidado do primeiro semestre para a China, o país asiático mantém uma larga liderança em volume total exportado pelo Brasil.
O Brasil mantém relações comerciais com diversos países, mas a China e os Estados Unidos são os dois principais parceiros, com impactos significativos na economia brasileira.

Tarifa de 50%
Trump anunciou ontem uma tarifa de 50% sobre os produtos importados do Brasil. A medida surge como uma forma de retaliação ao país devido ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu na trama dos atos golpistas, no Supremo Tribunal Federal (STF).
“A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional”, inicia o texto de Trump.
A nova taxação foi anunciada por meio de uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A cobrança entra em vigor a partir do dia 1º de agosto.
“Cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta”, comunica o chefe da Casa Branca.
Na mensagem, Trump considera a relação comercial entre os país como desequilibrada e “longe de ser recíproco”. Nesse sentido, o presidente americano diz ser necessário o afastamento com o Brasil.
“Entenda que os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual”.
E termina a carta dizendo: “Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do relacionamento com seu país. O senhor nunca ficará decepcionado com os Estados Unidos da América”.
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