POLÍTICA
Ex-chefe da PRF nega ações para prejudicar eleitores de Lula em 2022
Silvinei Vasques negou que tenha ordenado a realização de blitzes no Nordeste para dificultar a ida dos eleitores do presidente as urnas
Por Redação

Silvinei Vasques, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) negou, nesta quinta-feira, 24, que tenha ordenado a realização de blitzes no Nordeste para dificultar a ida dos eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos locais de votação durante o segundo turno da eleição de 2022.
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Silvinei é um dos acusados no núcleo 2 da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado e prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com ele, não houve resistência às orientações do Ministério da Justiça, então sob comando de Anderson Torres, também réu no caso. Vasques justificou que as medidas realizadas pela PRF no dia da votação seguiram o padrão de outros anos eleitorais.
“Tudo o que recebemos de orientação, eu entendi que era preciso acatar, era uma questão hierárquica com o Ministério da Justiça. Eu trabalhei em diversas eleições. No meu entendimento, aquilo era o estrito cumprimento do dever legal. Eu não vi nenhuma ilegalidade na fala do ministro. Foi isso que levei para a PRF, fiscalização, atento com crime eleitoral, com acidente, garantir o direito de o cidadão chegar”, declarou.
Conforme apuração da CNN, o ex-diretor alegou ainda que o objetivo das operações era coibir infrações eleitorais, como o transporte irregular de eleitores e o bloqueio de estradas em todo o território nacional, e não especificamente no Nordeste, onde Lula obteve vantagem sobre Jair Bolsonaro.
Ele também argumentou que não seria viável tentar fraudar a eleição por meio da PRF, por conta da limitação de alcance da corporação diante do volume de eleitores.
“Abordamos 28 mil pessoas, no total, incluindo crianças e pessoas que talvez já tivessem votado. Não tinha como com esse número a gente interferir em uma eleição. É um crime que, mesmo se a gente quisesse, é impossível”, afirmou.
Tentativa de golpe
Vasques negou qualquer participação em reunião com golpista e disse ter tido a vida destruída pela acusação.“Eu me sinto vítima. Não falei com ninguém. Não participei de reunião nenhuma. Não troquei mensagem com ninguém. No final a gente foi se envolvendo com toda essa situação.”.
Conforme informações da Polícia Federal houve uso da estrutura da PRF para dificultar o deslocamento e a votação de eleitores, principalmente de nordestinos, no dia do segundo turno das eleições.
Interferência na eleição de 22
No início deste ano, a PF indiciou quatro ex-diretores e coordenadores da PRF por envolvimento na tentativa de dificultar o deslocamento de eleitores no Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022.
Os ex-diretores indiciados são: Luis Carlos Reischak Jr. – ex-diretor de Inteligência da PRF e ex-superintendente no Rio Grande do Sul; Rodrigo Cardozo Hoppe – ex-coordenador de Inteligência; Djairlon Henrique Moura – ex-diretor de Operações; e Adiel Pereira Alcântara – ex-coordenador de Inteligência.
Também foi indiciado Bruno Nonato dos Santos Pereira, ex-coordenador da ANTT. Eles são acusados de crimes como desobediência, prevaricação, restrição ao direito de voto e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito.
As investigações apontam que a cúpula da PRF, sob comando de Silvinei Vasques e subordinada ao então ministro da Justiça, Anderson Torres, ordenou operações ilegais para dificultar o transporte de eleitores de Lula, favorecendo Jair Bolsonaro. O efetivo da PRF no Nordeste foi maior do que em outras regiões, e o número de ônibus fiscalizados também foi acima da média.
Em agosto de 2024, a PF indiciou Torres e Vasques, além de quatro policiais federais – Alfredo Coelho Carrijo, Fernando Oliveira, Leo Meira e Marília Alencar – sob suspeita de uso de violência para restringir direitos políticos. As penas podem chegar a seis anos de prisão, além de multas.
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