PUNHAL VERDE E AMARELO
General confessa plano secreto para matar Lula, Alckmin e Moraes
"Pensamento meu, que foi digitalizado", disse o militar
Por Gabriela Araújo

O general Mario Fernandes, ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL), confessou ter idealizado o plano de assassinato do presidente Lula (PT), vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A confissão aconteceu nesta quinta-feira, 24, durante interrogatório na Primeira Turma do STF. No julgamento, o militar afirmou que a iniciativa surgiu de forma individual, e por isso, resolveu tirar do papel.
“O arquivo nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado, um compilar de dados, um estudo de situação meu, de pensamento, uma análise de riscos que eu fiz e por um costume próprio, de decidi, inadvertidamente, digitalizá-lo. Não foi apresentado a ninguém esse pensamento digitalizado. Não foi compartilhado com ninguém”, disse Mario sobre o plano “Punhal Verde e Amarelo”.
Leia Também:
O militar ainda revelou aos juízes que fez a impressão do arquivo, mas nega que tenha compartilhado com a cúpula do ex-presidente. O general diz que "se arrepende" de ter elaborado o documento.
"Me arrependo de ter digitalizado isso. Não passa de um compilamento de dados. Eu imprimi por um costume pessoal, de evitar ler o documento na tela. Eu imprimir para mim, e, logo, depois rasguei", disse.
Ele também nega que tenha participado de uma reunião com o grupo de Bolsonaro para debater a execução do plano de 'homicídio'.
Mario Fernandes é réu do núcleo 2 no processo que apura o plano de golpe.
Assista audiência
Plano golpista
Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal na sexta-feira, 18. Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na residência do ex-mandatário, localizada no Jardim Botânico, em Brasília, e na sede nacional do Partido Liberal.
As medidas foram autorizadas pelo ministro Moraes, relator do inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado. Além das buscas, o ex-presidente também foi alvo de medidas restritivas determinadas pelo magistrado, como o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de uso de redes sociais e o impedimento de contato com o filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Ainda na última semana, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação do ex-presidente e de outros sete réus por organizar uma tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro foi apontando com principal articulador do plano golpista, que também incluía o assassinato do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do STF, Alexandre de Moraes. Conforme o documento produzido pela Polícia Federal, o político “planejou, atuou e teve domínio de forma direta e efetiva" na trama.
A PF ainda aponta o ex-mandatário como o “líder” do grupo que pretendia realizar os atos na tentativa de abolir o Estado democrático de direito, "fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à vontade de Bolsonaro", segundo o documento.
Somadas, as penas previstas em lei podem ultrapassar 40 anos de prisão, em regime inicial fechado. Contudo, há atenuantes ou agravantes que podem ser levadas em conta.
Quem é Mario Fernandes?
Mario Fernandes, general da reserva e ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, foi preso no dia 19 de novembro pela Polícia Federal (PF), após a Operação Contragolpe.
Ele foi comandante das Forças Especiais do Exército. Os integrantes dessa unidade de elite são chamados de “kids pretos”, e Fernandes contou com alguns deles para a tentativa de golpe de estado.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes